José Capela120enriquecer rapidamente (235) . O governador dos Rios de Sena, José FranciscoAlves Barbosa, fora considerado como de «parcial ao Brasil» (236) . Em 1825,porém, o governador-geral de Moçambique diz já não existir a «facçãobrasileira», engrossada com os naturais de Goa ali estabelecidos, e comoutra dos Rios de Sena. A união com o Brasil, que preconizavam, era fomentadapor cinco ou seis brasileiros estabelecidos em Moçambique, «unsaventureiros, outros degredados, mas então influentes por empregos queexerciam, a qual trabalhava naquela união». Uns tinham morrido, entretanto,e outros regressado ao Brasil. Por outro lado, os barcos provenientesdo Brasil, todos com capitães e marinheiros de Portugal, não lhes davamqualquer apoio. No entanto, era verdade que em Sena houvera não apenasprojectos, mas também «passos mui positivos» até, para a união como Brasil (237) . Dois anos depois, estava o governador-geral a pedir a Lisboainstruções sobre o cônsul do Brasil e encarregado de negócios, que sehaviam intrometido em assuntos da administração de Moçambique (238) .Em 1830, continuavam a ir a Moçambique barcos brasileiros, mas combandeira portuguesa. E estava a dar-se a fuga dos praseiros-negreiros deSena para o Rio de Janeiro, para onde iam com as suas fortunas (239) . Nãohavia comunicações directas com Portugal e a navegação de Moçambiquepassava pelo Rio de Janeiro. Um dos que partira, antigo governador deQuelimane, pretextou isso mesmo para poder sair, a fixar-se na capitalbrasileira com a sua fortuna (240) . Era ele um dos portugueses que, a partirde notícia num periódico do Rio, o gover nador-geral acusava de má condutana capital brasileira, «foco dos inimigos de Sua Magestade». Além docônsul português no Rio, e do antigo governador de Quelimane, outros,que haviam residido «nesta capitania de Moçambique onde enriquecerampor diversos modos, onde foram condecorados com postos de milícias edonde foram carregados de riquezas para o Rio de Janeiro, que é a directadescarga, de todos estes cavalheiros de indústria, que segundo lhes convémse fazem ora portugueses, ora brasileiros». O cônsul propunha ao próprio235 Informação de Xavier Botelho, 22/Março/1832. Avs. de Moç., Maço 1.236 Conde de Subserra a Xavier Botelho, s/d, A. H. U., Moç., Maço 9.237 Xavier Botelho a Conde de Subserra, 25/Dez./1825, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 24.238 Xavier Botelho a António Manuel Noronha, 27/Agosto/1827, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 2.239 Govern. Geral a Vasconcelos e Cirne, 16/Junho/ /1830, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 11.240 Govern. de Quel. a Govern. Geral, 18/Julho/1830, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 19.2007
As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>governador «especulações criminosas», o Bonifácio enriquecera no tráficode escravos, outro fora comissário volante que ia a Quelimane negociarescravos e a quem fora dada a patente de tenente-coronel de milícias (241) .O que acontecia é que estes portuguesas estavam a apoiar a regência estabelecidana Ilha Terceira, com o fornecimento de um barco e toda asua carga. No que eram apoiados pelo jornal «Brasil Imparcial». Tambémpor isso eram tomadas em Moçambique especiais medidas policiais sobreliteratura e reuniões sediciosas que pudessem surgir.A verdade é que se Moçambique era colónia, era-o muito mais do Brasildo que de Portugal. O que se ficara a dever ao tráfico transoceânico da escravatura.O governador Brito, em Junho de 1830, comunicava para Lisboater chegado ao seu conhecimento estarem alguns negociantes do Rio deJaneiro dispostos a continuar com o tráfico da escravatura de Moçambique,fazendo navegar os seus navios ao abrigo da bandeira portuguesa e comose fossem portugueses. O que seria ilícito tanto pela convenção adicionalao tratado de Viena como pelos acordos anglo-brasileiros. Sugere que,tendo em conta «a independência do Brasil e as circunstâncias políticasactuais de Portugal», talvez não fosse de considerar em vigor a convençãoreferida. O governador chegava a afirmar que o comércio dos escravoseliminava a dependência recíproca entre Moçambique e a Metrópole. Ese algumas vantagens trazia ao país, por outro lado era uma das causasdo atraso em que se encontrava a agricultura, a indústria e o comérciointerno, nomeadamente em Rios de Sena: «Remetem-se carregações deescravos daqui para o Brasil; o produto da sua venda vem empregadopara aqui em géneros do Brasil; alguns portugueses que têm enriquecidomuito em Moçambique têm saído daqui para se estabelecerem no Brasile têm levado grandes somas de cabedais e grande quantidade de escravos,muitos dos quais eram oficiais de ofícios mecânicos; por conseguintelevaram também estes colaboradores da indústria que havia no país, doque tem resultado ter ido esta cada vez a menos; estes portugueses têmaqui deixado, é verdade, os seus bens de raiz; porém mandam depoisvendê-los, e lá vai o dinheiro para o Brasil; em uma palavra, até agora tudo121241 Govern. Geral a Conde de Basto, 13/Set./1830, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 16.E-BOOK CEAUP
- Page 1:
EDIÇÕESELECTRÓNICASCEAUPAS BURGU
- Page 5 and 6:
AS BURGUESIAS PORTUGUESASE A ABOLI
- Page 7:
ÍNDICEPREFÁCIO 9INTRODUÇÃO 111.
- Page 12 and 13:
José Capela12Estudar, pois, a abol
- Page 15 and 16:
As Burguesias Portuguesas e a Aboli
- Page 17 and 18:
As Burguesias Portuguesas e a Aboli
- Page 19 and 20:
As Burguesias Portuguesas e a Aboli
- Page 22 and 23:
José Capela22da tal ordem senhoria
- Page 24 and 25:
José CapelaCom a extinção das co
- Page 26 and 27:
José Capela26defrontavam em Portug
- Page 28 and 29:
José Capelaexpansão que dela se p
- Page 30 and 31:
José CapelaOra, a primeira de toda
- Page 32 and 33:
José Capela32retirada dos monopól
- Page 34 and 35:
José CapelaSe pode aceitar-se como
- Page 36 and 37:
José Capelada consideração sober
- Page 38 and 39:
José Capela38«Tolos eram os portu
- Page 40 and 41:
José Capelapronto, e que era miste
- Page 42 and 43:
José Capela42comércio legítimo n
- Page 44 and 45:
José Capelaem que este comércio d
- Page 46 and 47:
José Capela46Porto do que em Lisbo
- Page 48 and 49:
José Capela48metrópole» (81) . M
- Page 50 and 51:
José Capela50momentâneo bem da ag
- Page 52 and 53:
José Capelado tráfico da escravat
- Page 54 and 55:
José Capela54que o tráfico da esc
- Page 56 and 57:
José Capela56Mas os brasileiros ta
- Page 58 and 59:
José Capela58a sair em navios port
- Page 60 and 61:
José Capelaprojecto para proibiç
- Page 62 and 63:
José Capelaefeitos da convulsão p
- Page 64 and 65:
José Capelaexactamente porque não
- Page 66 and 67:
José Capela66milícia, no comérci
- Page 68 and 69:
José Capela68extremamente diversif
- Page 70 and 71: José Capela70da proibição que im
- Page 72 and 73: José Capela72desenganar aos comiss
- Page 74 and 75: José Capela74que puderam reduzir a
- Page 76 and 77: José Capela76As posições políti
- Page 78 and 79: José CapelaFoi sugerido que uma da
- Page 80 and 81: José Capela80O próprio Sá da Ban
- Page 82 and 83: José Capela82limitando a observaç
- Page 84 and 85: José Capela84se viam pequenos cobe
- Page 86 and 87: José Capela86netos, e a sua fortun
- Page 88 and 89: José Capela88de 150 a 200 pessoas,
- Page 90 and 91: José Capela90medida havia de traze
- Page 92 and 93: José CapelaOutro índice significa
- Page 94 and 95: José Capela94senhores. Conquista q
- Page 96 and 97: José Capela96Como a transmissão d
- Page 98 and 99: José Capela98com que se divertiam
- Page 100 and 101: José Capela100de escravos em grand
- Page 102 and 103: José Capela102populações dominad
- Page 104 and 105: José Capela104militarmente aqueles
- Page 106 and 107: José Capela106economicamente. A au
- Page 108 and 109: José Capela108capitão-general Dav
- Page 110 and 111: José Capela110O mesmo governador,
- Page 112 and 113: José Capela112eram dos mais ricos
- Page 114 and 115: José Capela114Estamos portanto dia
- Page 116 and 117: José Capela116O que aproveitava, s
- Page 118 and 119: José Capela118todos os navios da m
- Page 122 and 123: José Capelatem ido deste país par
- Page 124 and 125: José Capela124Não há dúvida que
- Page 126 and 127: José Capela126disso o mesmo govern
- Page 128 and 129: José Capela128para fazer o contrab
- Page 130 and 131: José Capela130Ocidental apenas um
- Page 132 and 133: José Capela132Esta narrativa deixa
- Page 134 and 135: José Capela134de que Cirne o acusa
- Page 136 and 137: José Capela136sindicância, porque
- Page 138 and 139: José Capela138Foi assim que o mini
- Page 140 and 141: José Capela140atribui às pressõe
- Page 142 and 143: José Capela142ocaso do capitão Al
- Page 144 and 145: José Capela144porque em Moçambiqu
- Page 146 and 147: José Capela146no tráfico da escra
- Page 148 and 149: José Capela148fronteiro à Ilha de
- Page 150 and 151: José Capela150artigos adicionais s
- Page 152 and 153: José Capela152vitória. E quando f
- Page 154 and 155: José Capela154Os ingleses, que já
- Page 156 and 157: José Capela156intervir no tráfico
- Page 158 and 159: José Capela158domínios portuguese
- Page 160 and 161: José Capela160Inglaterra disposta
- Page 162 and 163: José Capela162da Bandeira recusou
- Page 164 and 165: José Capela164negócio nada aprove
- Page 166 and 167: José Capela166de D. João VI inter
- Page 168 and 169: José Capelacomércio britânico, a
- Page 170 and 171:
José Capela170nesta verba débitos
- Page 172 and 173:
José Capelaeconómico dos dois pa
- Page 174 and 175:
José Capela174Os projectos, tímid
- Page 176 and 177:
José Capela176em nova era. O que a
- Page 178 and 179:
José Capelaesclavagistas e dadas a
- Page 180 and 181:
José Capela180algodão, para o qua
- Page 182 and 183:
José CapelaANEXOSCOMPRA DE UM ESCR
- Page 184 and 185:
José Capela184CIRNE, Manuel Joaqui
- Page 186 and 187:
José CapelaRESULTADO DOS TRABALHOS
- Page 188 and 189:
José Capela188AZEVEDO, Julião Soa
- Page 190 and 191:
José Capela190GOMES, Marques - LUC
- Page 192:
José Capela192SANCEAU, Elaine - D.