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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>cidades europeias. Fonseca embarcou logo para Benguela ou Luanda e «otema que absorvia todas as suas conversações durante a nossa subsequenteviagem, era unicamente a riqueza; e ele se deleitava contando-nos algumasanedotas, comprovando o pouco apreço que faziam no Congo do ouro; e afacilidade com que ele se podia adquirir ali». Por isso, mal desembarcadoem Angola, logo se engajou no tráfico da escravatura.Na costa de Benguela, era a desolação. E «dentro da cidade havia duasgrandes praças quadradas, com desoladora aparência e pouca claridade,por serem cercadas por aqueles muros, tendo apenas mui poucas casas deeuropeus. Neste sítio, via-se uma falta total de animação, apenas vivificadapelo tinir das cadeias dos condenados, pela voz do seu comandante, e pelamonótona reverberação das suas cavadelas nos trabalhos forçados. Estescondenados andavam, pela maior parte, encadeados em porções de cincoou seis, e iam parando aqui e ali, aplanando o caminho com enxadas, earrancando a vegetação nociva, dirigidos nestes trabalhos por um soldadoarmado de sabre. Só aos infelizes escravos, legítimos senhores do terreno,lhes é negado repouso pelos seus cruéis possuidores europeus, naquele tempo,em que a natureza mesmo o parece ter determinado. Naquele mórbidosilêncio do meio dia, se ouviam ignominiosamente tinir as cadeias dos queiam passando pelo seu penoso caminho, acarretando água do distante rioCatumbela, ou fazendas da costa do mar. Estes míseros entes, presos aosoito-dez e até aos quinze à mesma cadeia, apresentavam um quadro damais lastimosa miséria. ( ... ) Alguns pareciam já acostumados à sua actualcondição, não sendo ainda provavelmente aquela em que eles teriam depermanecer; porque os seus avarentos possuidores tão depressa os compravamcomo procuravam dispor deles por um preço mais subido. Outros, quedesde longo tempo tinham vivido na escravidão, pareciam resignados coma sua sorte desnatural; mas os seus corpos apresentavam provas evidentesdo bárbaro tratamento que haviam sofrido; e meio mortos de fome, ouquase reduzidos a esqueletos, traziam muitas vezes nas costas nuas os sinaispositivos da tirania dos seus possuidores. Entremos, porém, nos pátiosdeles que a pintura se tornará ainda mais medonha. Estes pátios, que eramgeralmente de sessenta pés quadrados, frequentemente continham centoe cinquenta e duzentos negros. No meio desta massa de seres humanos, amiúdo se encontravam porcos e cabras, e para protecção destes animais83E-BOOK CEAUP

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