19.08.2015 Views

DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>e a quantidade deles favorecia os métodos de violência adoptados. Peranteos quais, a perspectiva dos grandes lucros fáceis e a qualidade inerente àextracção social dos negreiros não punham qualquer entrave.À mentalidade decorrente de tal situação é fácil de imaginar, para aclasse esclavagista. Dela nos falam abundantemente os autores citados.E unanimemente. Mentalidade que subsistiria e da qual são conhecidasas sequelas que se projectaram até ao fim da época colonial. Por isso mesmo,«a abolição do tráfico da escravatura ocasionou um grave paroxismomercantil, como devia esperar-se em praças de comércio cujos moradoresquase que não sabiam dar outro emprego aos seus capitais: aterrados comeste golpe - para o qual aliás deviam estar preparados - uns retiraram-se daterra, levando consigo as suas grandes riquezas, - enquanto outros quiseramainda teimar na antiga carreira, arrostando os bloqueios e as severaspenas que a legislação novíssima impõe aos contrabandistas negreiros» (164) .Não sem que antes tivessem reagido de forma violenta contra a abolição,reacção que se prolongou no espaço e no tempo, como já referimos.Que a classe dominante prevaleceu com mentalidade e práticas esclavagistas,muito para depois da extinção do tráfico para as colóniasamericanas, testemunham-no muitos e variados factos. Em 14 de Julhode 1860, publicava-se em Luanda o seguinte anúncio: «Pela Secretariado Governo Geral se faz público que existem capturados nas localidadesabaixo mencionadas, os seguintes pretos: Cazengo-Mugisga, Rosa comcria, Calombe» (165) , etc. Em fins de 1861, era preso, em Moçâmedes, JoséCorreia da Corunjamba, por tráfico de escravos (166) . Mas isso não só nãosignificava que se estivesse a acabar com o tráfico como, ao contrário,quer dizer que prosseguia. Em 1864, era um relatório do Ministério doUltramar a queixar-se de que o tráfico de escravos persistia a enriqueceralguns negociantes «por mal do comércio lícito e das artes agrícolas» (167) .Em sessão de 17 de Maio de 1865, a Junta Geral de Angola votou contraa abolição da escravatura, tendo o seu presidente alegado que «esta89164 Lopes de Lima, cit. in Andrade Corvo, I, pág. 149.165 BOLETIM OFICIAL <strong>DE</strong> ANGOLA cit., in Gastão Sousa Dias, RELAÇÕES <strong>DE</strong> ANGOLA, Coimbra, 1934,pág. 83.166 Raul José Candeias da Silva, SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO <strong>DO</strong> DISTRITO <strong>DE</strong>MOÇAME<strong>DE</strong>S DURANTE O SÉCULO XIX, Lisboa, 1973, pág. 51.167 Andrade Corvo, ob. cit., vol. II, pág. 361.E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!