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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>como dantes. O Xeque da Quitangonha queixava-se de que tinha recebidoordens para cortar madeiras para o serviço do Rei; tendo-o feito, a pagafora roubarem-lhe os escravos que tinha mandado para venda; e quandose queixou disto, como recompensa, mandaram os soldados arrasar-lhea povoação (273) .Em Portugal, tal negócio era mais do que tolerado; segundo o parecerdo Conselheiro Procurador da Fazenda no Conselho Ultramarino, a propósitodo apresamento de um navio com escravos, todos consentiam oudisfarçavam o comércio da escravatura, porque nas paragens de África atodos era necessário, por não haver outro melhor. E como a proibição donegócio era devida tão somente a tratados que Portugal e o Brasil foramcoagidos a subscrever, por esta simples razão, e mesmo que não houvessegrandes interesses, como havia, de facto, governadores e governados, todosse haviam sem escrúpulos na sua execução (274) .O governador Marinho, na amargura da sua demissão forçada por influênciados negreiros, dizia que «por fatalidade jamais as autoridades portuguesasforam tão venais, e corruptíveis a este respeito, como depois que oGoverno que se chama constitucional: parece que os apelidados de constitucionaisportugueses, para adquirirem ouro e nobreza e não trabalharem,querem beber todo o sangue d’África». E considerava estupidez e traiçãoenriquecer o Brasil e Havana à custa das nossas possessões africanas (275) .De facto, também de Moçambique se traficava directamente paraHavana. Nos finais de 37 ali estava a galera «Amellia», pronta para partir,com 658 escravos a bordo (276) . Isto, portanto, no ano imediatamente seguinteao célebre decreto de Sá da Bandeira destinado a acabar com o tráfico.O mesmo governador também diria que, por mais do que uma vez, osnegreiros de Moçambique e do Rio, tal como acontecera a outros governadores,tinham-lhe proposto a que lhes deixasse fazer o contrabandode escravos durante um ano que, depois, aí por uns dez, não precisariammais dele (277) .131273 A. H. U., Avs. de Moç., Maço 26.274 Informação do Secretário do Conselho Ultramarino, 26/Março/1830, A. H. U., Avs. de Moç. Maço 13.275 Pereira Marinho, ob. cit., pág. VII.276 Ajudante de ordens Octaviano a Gov.-Geral, 28/ Dez./1837, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 30.277 Pereira Marinho, ob. cit., pág. 97.E-BOOK CEAUP

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