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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>defesa dos macuas. Apesar de Salt ter visitado a colónia quando a sua devastaçãopelo tráfico da escravatura não tinha ainda atingido o auge, já nos falados abusos que eram tolerados, e dos quais resultavam «infinitas injustiças ea fraqueza da colónia. Tirante o governador-geral e o seu Estado-maior, osdemais eram quase todos desterrados do Reino. Ninguém queria para ali vir,por causa da péssima salubridade. Os que vinham tratavam de se meter emespeculações com os mercadores indígenas, cujo principal comércio era o deescravatura. Os escrúpulos na aquisição de riqueza desapareciam. Já entãose faziam sentir os efeitos do tráfico transoceânico. Os cultivadores faziam-se«viciosos, indolentes e pouco cuidadosos de aumentar a sua propriedade».Dividia a população nas «duas distintas classes»: portugueses europeus ecultivadores indígenas, descendentes dos antigos proprietários, computadosem quinhentas famílias. Além desses, havia ainda os descendentes dos antigosproprietários, árabes e baneanes, os primeiros ocupando-se das fainasdo mar e os últimos, «pequenos comerciantes ou medianos artífices». Unse outros perfariam uns oitocentos. A restante população era composta depretos livres e soldados do país. No total mil e quinhentos indivíduos. Oseuropeus não trabalhavam. Apenas chegavam, logo se entregavam a todosos vícios. Entre eles, a taxa de mortalidade era altíssima. O comércio deMoçambique fazia-se para a Índia e para o Brasil. O primeiro era ainda muitolucrativo, com o marfim, ouro e escravos levados para Goa, Damão e Diu,de onde, anualmente, vinham quatro a cinco navios carregados de panosde algodão, chá e outros produtos orientais. O comércio com o Ocidenteresumia-se aos escravos para as possessões espanholas e portuguesas, atroco de dinheiro. Computava a exportação anual de escravos em 4 000.Cada escravo pagava de direitos 16 cruzados e meio (6 800 réis).Que a degradação social, económica, política e moral era profunda egeral, em Moçambique, veio a tornar-se especialmente flagrante quandoas autoridades começaram a perceber que se tornava necessário dar outrorumo às possessões da costa oriental de África. Percepção fácil de adquirirperante os relatórios unânimes, as brigas constantes, as reclamaçõespermanentes. De vários lados surgiam os avisos de que o tráfico da escravaturamais tarde ou mais cedo acabaria, uma vez que a Inglaterra não sónão estava disposta a tolerá-lo como já estava a tomar medidas concretaspara acabar com ele.137E-BOOK CEAUP

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