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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela110O mesmo governador, no ano seguinte, e referindo-se aos moradores emgeral, taxa-os de preguiçosos, vivendo dos palmares e guerreando-se entresi por causa do negócio do marfim trazido até à costa, agora em totaldecadência. Decadência depois que chegaram a esta terra «os naturaisde Goa e os vadios desse reino, juntos com alguns filhos da terra, e todosviciosos, insolentes...» (209) .Pereira do Lago especifica que aos poucos portugueses com estabelecimentoe crédito faziam concorrência «imensos peralvilhos, naturais de Goa,os vadios desse reino», contraindo dívidas que jamais pagariam, ociosos,abandonando os ofícios e vivendo na preguiça, vícios e latrocínio (210) . Eraa qualidade da gente que dominava o comércio, como vimos, odiada dosportugueses e por isso tratada com exageros, certamente.Logo a partir do início da segunda metade do século XVIII, toda a vidado continente fronteiro à Ilha de Moçambique foi perturbada pelo factode os capitães-mores das terras firmes se terem dado à rapina de escravos.Assim, o grande régulo dos Macuas, Murimuno, impedia os Yao do interiorde atravessarem o seu território com escravos e víveres em direcção à costa,pelo que, em 1753, estava a ser guerreado pelo primeiro capitão-general deMoçambique, Mello e Castro. E não só este como outros chefes tradicionaismantiveram guerras com os portugueses até finais do século. Chegaram aatacar o Mossuril, mesmo defronte da capital, com milhares de homens (211) .Um viajante inglês que esteve na costa oriental da África nos anos de1809-<strong>1810</strong>, assistiu a uma feira onde estavam os Yao, vindos de 45 dias dejornada com uma cáfila de escravos. Especialmente mulheres que vendiamouro e dentes de elefante. Para a permuta estavam à venda bagatelas: sal,conchas, rosários de contas, tabaco, lenços pintados e panos grossos deSurat, «circunstância que prova bem a artificiosa política que os portugueseshão sempre tido neste género de negócio; porque de outra maneirahaveria sido impossível ter por tanto tempo conservado estes selvagensem uma ignorância tão proveitosa para os interesses coloniais». O mesmo209 A. H. U., Avulsos de Moçambique, Caixa 12, Pereira do Lago a Mendonça Furtado, 15/Agosto/1766.210 In Andrade, ob. cit., págs. 185-188.211 Jerónimo de Alcântara Guerreiro, EPISÓDIOS INÉDITOS DAS LUTAS CONTRA OS MACUAS NOREINA<strong>DO</strong> <strong>DE</strong> D. MARIA I, separata do Boletim da Sociedade de Estudos da Colónia de Moçambique,n.º 52, 1947.2007

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