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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capelatem ido deste país para o Brasil ou para a Ásia e nada para Portugal» (242) .O governador devia estar a referir-se ao assunto que lhe fora posto pelocônsul de Portugal no Rio de Janeiro. Este escrevera-lhe dizendo que emboraestivessem interrompidas as relações diplomáticas entre o ImpérioBrasileiro e Portugal, as relações comerciais se manteriam. E pedia-lheinformasse «francamente» se os navios portugueses com passaporte real,ainda que não autorizados a fazer comércio de escravos, poderiam ou nãocomerciar nos portos de Moçambique o comércio lícito de escravos, vistoque a abolição no Brasil incidia apenas sobre os barcos brasileiras, e que«ainda quando não sejam admitidos a despacho na Alfândega, contudo,uma vez desembarcados em terra, não serão julgados pelo governadorcomo de contrabando». Era, claramente, o convite à colaboração no tráfico,ilícito a mais do que um título (243) .O governador de Quelimane, Cirne, dois anos mais tarde, em 1832,voltaria a acusar os canarins da Zambézia de estarem a conluiar a entregada capitania dos Rios de Sena ao Brasil. As atitudes sediciosas tinhamcomeçado em 1830, com a chegada da «Revolução de França, em Julhodo mesmo ano, e o já referido periódico «Brasil Imparcial» começou a serdivulgado, enviado do Rio por goeses que para lá tinham ido, e distribuídona Zambézia por outro, António Mariano da Cunha (244) . No mesmo ano,estavam a ser emitidas pelo governador-geral ordens e portarias que de-122242 129 Govern. Geral a Conde de Basto, 20/Junho/1830. A. H. U., Avs. de Moç., Maço 18.243 Cônsul de Portugal no Rio de Janeiro a Govern. Geral, 12/Fev./1830, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 25.O cônsul português, João Baptista Moreira, fornecia a bandeira e documentos portugueses aos negreirosbrasileiros e o encarregado de negócios britânico acusava-o de estar peitado pelos traficantesdo Rio de Janeiro, o que, de facto, parece ser por demais evidente. In Leslie Bethell, THE ABOLITIONOF THE BRAZILIAN SLAVE TRA<strong>DE</strong>, Cambridge University Press, 1970, pág. 145.244 Vasconcelos e Cirne a Govern. Geral, 3/Jan./1832, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 28. São muitos osdocumentos a comprovar o carácter racista e anti-liberal de Vasconcelos e Cirne. Em carta de 29 deAgosto de 1831, para o governador-geral, pedindo para ser dada baixa ao tenente Joaquim Afonsodiz ele: «O comandante que ao presente é da vila de Sena, José Dinis Afonso, da desprezível castados canarins da Ásia, tem um filho, o qual houve de uma negra maganja sua cativa, a cujo filho nuncareconheceu e a cuja mãe nunca forrou; o qual filho bem se colige ser um negro, pois basta ser de umanegra e de um negro canarim». O dito seu pai, aproveitando-se dos calamitosos tempos em que ummalvado sistema de Liberdade e Igualdade fez tantos males à Nação Portuguesa, e em que os canarinsexistentes nesta capitania se fundaram para, por meio de subornos, se introduzirem em todosos lugares públicos civis e até militares, e deles expulsarem a todos os honrados e fiéis portugueses,como expulsaram (para realizarem o seu traidor e pérfido projecto de entregarem esta colónia aoBrasil), pela grande protecção (aurífera) com que os beneficiava o antecedente governador...» A. H.U., Avs. de Moç., Maço 25.2007

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