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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>sempre foram, e são, e nunca deixarão de ser uns miseráveis e desprezíveisnegros…» (170) . E ele, que repete sistematicamente tais conceitos, é o mesmoque condenava as extorsões dos comerciantes do sertão.É verdade que se conhecem levantamentos dos povos de Angola e a reacçãosob o fenómeno clássico do banditismo. Assim como as debandadasde populações. Do que não temos notícia é de revoltas dos escravos, umavez feitos tais, e em Angola. O que é de fácil compreensão. A escravaturaera, aqui, predominantemente, uma mercadoria em trânsito. Uma vezcapturado ou passado o negro à mão do primeiro elo na longa cadeia dostraficantes, logo era ele metido no libambo, «corrente de ferro de meiapolegada de grosso, na qual se vão prendendo os escravos, que se vão permutando.Há libambo que traz cem escravos; porém os ordinários são detrinta escravos» (171) . A ferros, guardados por homens armados, assim eramconduzidos até à costa. Aí ou em qualquer outro lugar onde permanecessem,eram presos nos armazéns ou trabalhavam agrilhoados, sempre sob guardaarmada e à vista. Os mais assomadiços eram sujeitos a libambo no pescoço ena mão. Física e moralmente dominados, destruídos em todo o seu ser, eraaté a nostalgia que os invadia e que os reduzia à imobilidade uma das causasprincipais da mortandade, como abundantemente noticiam os cronistas.Se as circunstâncias referidas convergiam todas no sentido de alimentartais relações de brutalidade dos comerciantes e senhores para com os escravos,com exclusão de quaisquer outras, se a extracção dos principais dessescomerciantes era, geralmente, a pior, acrescia que nada proporcionou umaalteração de costumes e de mentalidades praticamente até ao século XX. Aformação de famílias estáveis, com o desenvolvimento de relações sociaisurbanas de tipo europeu, por exemplo, foi coisa impossível em Angola. Asprimeiras mulheres brancas que se sabe terem desembarcado em Luanda,foram doze e chegaram lá em 1595. Todas eram casadas mas não deixaramdescendentes. O primeiro governador que levou a mulher para Angola foio 55.° na ordem de sucessão, em 1772. E, tão tarde como em 1902, haviapouco mais de cem mulheres brancas a viver em Luanda e todas, exceptooito, eram degredadas (172) .91170 Mello e Castro a Manuel de Almeida e Vasconcelos, 7/Agosto/1791, in ANGOLANA I, cit., pág. 42.171 Luís António de Oliveira Mendes, ob. cit., pág. 44.172 R. J. Hammond, ob. cit., págs. 38-39.E-BOOK CEAUP

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