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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela116O que aproveitava, segundo o governador-geral, a quatro ou cinco capitalistas.Pobres até à altura da abertura do porto, estavam agora a carregarnavios seus, além da escravatura que forneciam aos negreiros brasileiros.Eram os mais ricos de toda a costa oriental. Além disso, pela comparaçãoentre o número de navios que iam a Quelimane e as importâncias enviadasà Fazenda Real, em Moçambique, se via como tinham sido feitas as fortunasrápidas dos exactores e empregados públicos que tinham servido naqueleprimeiro porto. Mais, os governadores de Sena vinham a nomear os prazose a encabeçarem-se neles eles mesmos, havendo alguns com mais de dois,além dos que traziam arrendados, a preços muito baixos, com testas deferro. Era o envolvimento total, prazeiros de fresca data incluídos, no tráficoda escravatura que, demais, se viu amplamente facilitado pela abertura doporto de Quelimane. Mas o tráfico, legal e ilegal, proliferava. A embaixadabritânica em Lisboa reclamava contra o fornecimento de passaportes parao Brasil a navios que se destinavam a portos de outros países e que, sendopropriedade de estrangeiros, eram dados como portugueses (223) . No anoseguinte, 1828, a mesma embaixada reiterava os protestos, alegando quenavios negreiros franceses continuavam a frequentar portos portugueses,com conivência das autoridades, violando o teor dos tratados entre asduas potências. O tráfico era especialmente intenso no Ibo, a coberto depassaportes para o Brasil. De Lourenço Marques tinham saído nos últimos18 meses mais de doze navios franceses com escravos (224) .O governador-geral bem instruía os governadores dos portos subalternosno sentido de impedirem que os navios franceses, americanos,brasileiros e ingleses entrassem sem a respectiva autorização. Fazia-o,evidentemente, não para impedir o tráfico, mas para impedir a fuga aosimpostos a pagar em Moçambique (225) . Mas em vão, porque os governadoreslocais estavam igualmente interessados no negócio. São múltiplasas ordens de Xavier Botelho nesse sentido, insistência sem êxito. Quandoo governador de Quelimane lhe comunica não ter podido evitar a entradado brigue francês «Carolina», observa o governador-geral que essa223 Xavier Botelho a Gov. de Quel., 17/Set./1828, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 4.224 A. H. U., Avs. de Moç., Maço 3.225 António Manuel Noronha, Ministro da Marinha, a Gov. Geral, 26/Maio/1827, A. H. U., Avs. De Moç.,Maço 1.2007

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