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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela114Estamos portanto diante de uma classe completamente distinta da quedominava as sociedades dos Prazos. Vivendo dos negócios e para os negóciose, mesmo quando funcionários públicos, recolhendo do comércio e danavegação os réditos com que faziam as suas grandes fortunas. Dispostosa investir e a organizar-se em companhias. Dinamismo que vai lançar-se, anova escala, no grande negócio dos escravos que já fazia, e para ele arrastaros próprios prazeiros. Classe que não desdenhou entrar pelo domínio dosprazos adentro. Mas que o fez como burguesia endinheirada, explorandoos antigos domínios à sua maneira, procurando recuperar em pouco tempoos investimentos. A partir da última década de Setecentos, eram os negociantesque estavam a invadir os prazos e não os prazeiros a apoderar-se dosnegócios. Os governadores puseram, ilegalmente, os prazos em almoedae os arrematantes foram mercadores de Moçambique. Em 1820, a grandemaioria dos prazos era de absentistas que os haviam adquirido dessa maneirae que os arrendavam ou exploravam por intermédio de rendeiros. Eforam estes novos proprietários que não tiveram qualquer escrúpulo emvender os escravos e os colonos dos prazos e intensificar a sua exportaçãopara a costa (218) . Era o domínio total de Moçambique por uma classe esclavagista,de negreiros sem quaisquer inibições, que transformaria aqueleterritório num centro quase exclusivo de exportação de mão-de-obra.Bastante mais tarde um governador-geral diria que, com a obrigatoriedadede todos os navios irem à capital, até 1814 «a praça de Moçambiqueflorescia em comércio, os portos em agricultura, a alfândega emrendimento» (219) . Tinham-se levantado grandes casas em Moçambiquee a sua praça chegou a ter vinte e seis embarcações próprias, catorze dasquais eram efectivas no comércio dos portos. Os baneanes, de novo e entretantoa dominar o comércio, tinham sido subalternizados. De facto,um grande impulso à exportação de escravos foi dado com a autonomiaobtida pelo porto de Quelimane. O governador Vasconcelos e Cirne obteveo privilégio, para este porto, de a navegação que lá fosse não ficarsujeita à alfândega de Moçambique. Cirne é um exemplo típico da classeesclavagista moçambicana dos princípios do século XIX. Descendente da218 Isaacman, MOZAMBIQUE, cit., pág. 117.219 Xavier Botelho a Conde de Subserra, 30/12/1825, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 24.2007

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