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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>terminavam o combate do espírito revolucionário fomentado pela entradado navio «São Gualter», vindo pelo Rio de Janeiro, acompanhado de «notíciasestrangeiras», intendendo-se alterar a ordem pública e estabelecer aanarquia (245) . Tanto Cirne como o governador Brito tinham sido nomeadospor governos absolutistas e, pelo menos o primeiro, destilava ódio contraos liberais. O reflexo das lutas que, em Portugal, opuseram os partidáriosde D. Miguel e de D. Pedro, não deixou de fazer-se sentir em Moçambique.A desordem e diluição do poder central mas, sobretudo, os interesses conjugadosdas burguesias brasileira e moçambicana fizeram com que essesreflexos ganhassem peculiaridades bem curiosas. Contra os absolutistasestava boa parte dos negreiros que via na ligação com o Brasil a maneira deprosseguir com o tráfico. Mas Cirne, governador e negreiro, mantinha-seabsolutista, adversário fogoso dos «pedreiros livres» e, não sem um condimentode racismo, identificando estes com os goeses, negreiros todos.A luta política não se identifica aqui, portanto, inteiramente, com a dosinteresses comerciais em litígio. O próprio Cirne era um dos governantesque vinha a preconizar - com sinceridade ou sem ela - a reformulação docomércio exterior de Moçambique para Portugal. No entanto, e mesmodando de barato que Cirne se estivesse a desinteressar do tráfico negreiro,os factos vieram a provar que os interesses esclavagistas prevaleceramainda durante anos.Um dos governadores (1840-1841) que teve de se afastar deMoçambique por tentar executar o decreto da abolição do tráfico da escravaturade 1836, Joaquim Pereira Marinho, dizia haver em Moçambiqueum clube dirigente da facção negreira que tinha sido instalado pelo asiáticoJoaquim de Santa Anna Garcia de Miranda «de combinação com alguns negreirospara promoverem a separação de Moçambique de Portugal... » (246) .E o ministro residente de Portugal no Rio de Janeiro, em 12 de Setembro de1839, informava o governo de Lisboa da existência de uma associação detraficantes de escravos naquela cidade cujos planos eram os de promovera separação das colónias africanas portuguesas (247) .123245 Documentos dos governadores locais para o Conde de Basto, 8/Out./1832, A. H. U., Avs. de Moç.,Maço 28.246 Joaquim Pereira Marinho, MEMÓRIA <strong>DE</strong> COMBINAÇÕES, Lisboa, <strong>1842</strong>, pág. 77.247 Idem, pág. 53.E-BOOK CEAUP

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