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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>(que se manteria, até muito mais tarde), e não é bastante para o admitirum projecto que não ultrapassa hipótese aleatória e reticente, nos própriostermos em que é apresentado. Além disso, mesmo sem se insurgirem contraa supressão do tráfico ao norte do Equador, a transformação profunda queimplicava a nova exploração de África, tão debilmente formulada, nãoé, de modo nenhum, equacionada. Nomeadamente no que respeita aosproblemas a pôr ao sistema de trabalho escravo e ao seu tráfico.Curiosamente, os comerciantes do Porto começam por lastimar a faltade armazéns da Alfândega, o que tinha motivado acabasse «o mercadodiário dos géneros do Brasil, o qual se fazia no antigo cais de descargacom notável facilidade dos compradores e vendedores que ali acorriama toda a hora do dia» (92) . Se cria perplexidade a ausência de registo deoutras causas para a decadência do comércio dos produtos coloniais, poroutro lado patenteia-se a importância que o mesmo comércio tinha na cidade.O que é confirmado pela afirmação, mais adiante, de que o comérciocom o Brasil é «o que certamente emprega a maior parte dos cabedais dosportugueses...» (93) . E para o restaurar propõem, tão simplesmente, que seaprove o que falta do projecto de decreto sobre as relações comerciais entreo Brasil e Portugal, apresentado ao Congresso. Uma das subalternidadesque a classe do Porto refere, relativamente à de Lisboa, é a da proibiçãoque a Praça sofre, desde há séculos, de comerciar com a Ásia. O que tinhafeito «acumular riquezas na capital, a despeito das províncias... » (94) .Em qualquer caso, pode afoitamente afirmar-se que a grande burguesiacomercial portuguesa não se punha a si mesma quaisquer problemasoriundos do facto de a produção colonial assentar num sistema de trabalhoescravo, e nem sequer manifestava especiais preocupações com asinterferências que o tráfico estava a sofrer. Nessa altura, no decorrer dasConstituintes, a África não era a alternativa que de imediato respondesseaos problemas criados pela situação incerta do Brasil. Começa, isso sim,a falar-se muito vagamente da hipótese africana, como aliás já se falaraantes. Mas enquanto Saldanha da Gama, em 1814, como vimos, percebia5392 RESULTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong>S TRABALHOS DA COMISSÃO <strong>DO</strong> COMMERCIO DA PRAÇA <strong>DO</strong> PORTO..., Porto,1823, pág. 5.93 Idem, pág. 10.94 Idem, pág. 13.E-BOOK CEAUP

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