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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>dos prazeiros, antes da interferência do negócio da escravatura, já estava aser subalternizado pela concorrência de comerciantes tradicionais.A convergência dos factores que transformaram, sobretudo a partir dosprincípios do século XIX, a classe dominante moçambicana numa classeúnica e exclusivamente dedicada ao tráfico da escravatura, deu-se nãosomente porque a procura crescente de mão-de-obra e os lucros fáceis paraaí atraiam todos quantos estavam em condições de entrar em tal negócio,mas também porque na instituição sócio-económica de maior estabilidadepré-existente, a dos Prazos, se tinham verificado mutações de vulto. Numaclasse até aí dominante, com características e relações predominantementesenhoriais, foram-se imiscuindo elementos de proveniência qualitativamentediferente. Altos funcionários e comerciantes, que eram quase sempre umae a mesma pessoa, absentistas e já traficantes de escravos. A generalizadailegalidade do encabeçamento dos prazos por venda, ou pelos própriosgovernadores, durante o século XIX, acelerou tal tendência e retirou-lhecompletamente o que dentro deles restava de relações de tipo senhorial.Ao fim das primeiras décadas de oitocentos, em ambas as costas, aclasse dominante era constituída por um grupo não muito numeroso masinteiramente composto de negreiros. Os conflitos detectados dentro destaclasse resumem-se a contendas concorrenciais de oficiais do mesmo ofício,a conflitos individuais. Não se pode, sequer, falar de conflitos entre fracçõesda mesma classe. A tal dimensão não chegaram os reflexos da independênciado Brasil em Angola e Moçambique, nem os das lutas liberaisque também lá chegaram. Quase unanimemente, os negreiros africanosmantiveram-se ao lado dos brasileiros, isto é, todos portugueses de origemou de filiação, apostados na manutenção de um sistema para cuja mudançanão dispunham de quaisquer perspectivas. O que, desde logo, levantaum outro problema. O das relações entre estas burguesias. A africana e abrasileira entre si e de cada uma destas com a portuguesa. É evidente quese identificavam os exportadores dos portos africanos e os importadoresdos brasileiros. Identificavam-se nos interesses, na actividade que era amesma, muitas vezes nas próprias pessoas, pois que os brasileiros vierampara as costas africanas e os de África iam para o Brasil. Fazendo simultaneamentea exportação e a importação como aconteceu em muitos casos.Mas havia interesses metropolitanos directa ou indirectamente metidos145E-BOOK CEAUP

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