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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela38«Tolos eram os portugueses que até agora se sujeitavam como escravosdeles (ingleses) mas, agora que existe um congresso nacional, conheça aInglaterra que já não somos nação de escravos» (58) .Nem por isso esmoreceu a interferência inglesa que prosseguiu directa eindirectamente no apoio às tendências mais conservadoras do liberalismoportuguês e à independência do Brasil, subtraindo-lhe, em troca, acordosainda a favor da sua expansão comercial; interferência a prolongar-se atémuito tarde, com incidência muito especial no processo abolicionista (59) .É mesmo a partir de muito cedo que se descortina a conjugação de factoresutilizada pela Inglaterra a favor do que viria a ter como resultado finala sua supremacia incontestada, em todos os domínios, no final da guerra.E em que se integravam a independência do Brasil, a obter, e a extinçãodo tráfico da escravatura, sobre a qual, para o sistema colonial português,fora vibrado o primeiro golpe com o tratado de <strong>1810</strong>. De Londres, em 1811,prevenia o «Investigador», publicando extractos de poemas sobre a aboliçãoda escravatura, de James Montgomery, James Grahame e E. Benger, que comentava:«...os presentes poemas, tendo por objecto induzir a total extinçãode um tráfico que tanto tem desonrado o espírito humano, podem influirno melhoramento das nações e restauração da sua principal característica,a independência...» (60) . E ainda antes da Conferência de Viena já havia emPortugal quem percebesse o que estava efectivamente a passar-se. Escrevia,em 1814, Saldanha da Gama: «Sendo a abolição do tráfico da escravaturaum negócio em que a Inglaterra tenciona empregar toda a sua influênciapolítica, e tendo esta potência já conseguido o concurso dos principaisgabinetes da Europa para este fim, é indubitável que muito pequeno seráo período durante o qual os portugueses poderão continuar a fazer aqueletráfico; e é também certo que se o governo português não cuidar seriamentedesde já em efectuar uma mudança no sistema da economia peculiar dassuas colónias, que subsistem principalmente dos réditos do comércio dosnegros, estas se arruinarão, e porventura se perderão inteiramente para58 José d’Arriaga, A INGLATERRA, PORTUGAL E AS SUAS COLÓNIAS, Lisboa, 1822. pág. 147.59 Idem, págs. 148 e segs. Para as relações comerciais da Inglaterra com o Brasil, no segundo quarteldo século XIX, vidé Eric Williams, CAPITALISME ET ESCLAVAGE, Paris, 1968. 222 e segs.60 O INVESTIGA<strong>DO</strong>R..., cit., Novembro de 1811.2007

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