Ser de Imagen y de Signos Abordajes del Patrimonio Cultural. Editado por el Doctorado en Patrimonio Cultural de la Universidad Latinoamerican
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Paranapiacaba, uma vi<strong>la</strong> inglessa no Brasil:<br />
Fuligem, ferrugem e Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> na <strong>Ser</strong>ra do Mar<br />
<strong>por</strong>: Natália Martins <strong>de</strong> Oliveira Gonçalves 1<br />
Resumo<br />
Fundam<strong>en</strong>tais ao <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to do século XIX, mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e progresso foram<br />
materializados no espaço <strong>de</strong> diversas formas. No Brasil, assim como em várias partes<br />
do mundo, a paisagem foi alterada p<strong>el</strong>a nova forma <strong>de</strong> experim<strong>en</strong>tar o tempo e<br />
o espaço: fábricas, vi<strong>la</strong>s operárias e <strong>de</strong>mais estruturas industriais surgem como<br />
signos <strong>de</strong>sse período. As ferrovias nascem como estandartes da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>,<br />
capazes <strong>de</strong> levar <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to e progresso p<strong>el</strong>os lugares <strong>por</strong> on<strong>de</strong> passam.<br />
Pau<strong>la</strong>tinam<strong>en</strong>te, <strong>en</strong>tretanto, os caminhos <strong>de</strong> ferro são abandonados. Em m<strong>en</strong>os <strong>de</strong><br />
um século, locomotivas, oficinas, vagões, casas e ruas são <strong>en</strong>golidas l<strong>en</strong>tam<strong>en</strong>te p<strong>el</strong>o<br />
esquecim<strong>en</strong>to, e a preservação <strong>de</strong>sses lugares torna-se foco <strong>de</strong> discussão. Entre ruínas<br />
e resistência, este <strong>en</strong>saio reúne fotografias <strong>de</strong> Paranapiacaba, vi<strong>la</strong> inglesa paulista;<br />
realizadas <strong>en</strong>tre 2013 a 2015 <strong>por</strong> moradores e ex-moradores; (ex) ferroviários e seus<br />
familiares; e também turistas.<br />
Pa<strong>la</strong>vras-chave:<br />
Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />
Patrimônio<br />
Industrial<br />
Paranapiacaba<br />
Tess D'Urberville 2 , personagem do escritor inglês Thomas Hardy, certam<strong>en</strong>te<br />
<strong>en</strong>fr<strong>en</strong>tou muitas dificulda<strong>de</strong>s. Do traçado das ruas, impróprio para o caminhar do<br />
mundo mo<strong>de</strong>rno; ao preconceito <strong>por</strong> sua condição – camponesa, pobre e “sem honra”<br />
–, a jovem sofreu int<strong>en</strong>sam<strong>en</strong>te as contradições da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. De um <strong>la</strong>do, uma<br />
nova or<strong>de</strong>m que normatiza, traz o progresso e a revolução técnica, s<strong>en</strong>do capaz <strong>de</strong><br />
disciplinar experiências, a r<strong>el</strong>ação dos hom<strong>en</strong>s com o tempo e suas ações. De outro,<br />
uma socieda<strong>de</strong> que, a <strong>de</strong>speito das mudanças na paisagem, ainda está atr<strong>el</strong>ada aos<br />
valores vitorianos. Ainda que as mudanças materializem-se nos r<strong>el</strong>ógios e nas fábricas,<br />
*<br />
1. Mestre em Memória Social e Patrimônio <strong>Cultural</strong> p<strong>el</strong>a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> P<strong>el</strong>otas, UFP<strong>el</strong>, Brasil. Lic<strong>en</strong>ciada em<br />
História p<strong>el</strong>a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto, UFOP, Brasil. Educadora bilíngue no Memorial Minas Gerais Vale, e apoio<br />
técnico p<strong>el</strong>o Cons<strong>el</strong>ho Nacional <strong>de</strong> Des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to Ci<strong>en</strong>tífico e Tecnológico (CNPq) na Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Museus e Espaços <strong>de</strong><br />
Ciência e Cultura da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, UFMG, Brasil.<br />
2. “Tess of the d’Urbervilles: A Pure Woman Faithfully Pres<strong>en</strong>ted” foi publicado originalm<strong>en</strong>te em 1891, p<strong>el</strong>o jornal britânico<br />
“The Graphic”; e adaptado no cinema em 1979 <strong>por</strong> Roman Po<strong>la</strong>nski. A história versa, em suma, sobre a jovem e bonita Tess,<br />
que após ser estuprada p<strong>el</strong>o primo postiço, <strong>en</strong>gravida. A criança morre ao nascer, e Tess se muda para uma faz<strong>en</strong>da, na qual<br />
se apaixona <strong>por</strong> um or<strong>de</strong>nheiro (Ang<strong>el</strong>) <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias progressistas. A camponesa <strong>en</strong>fr<strong>en</strong>ta um dilema <strong>de</strong> contar ou não a <strong>el</strong>e a<br />
verda<strong>de</strong> sobre seu passado. Thomas Hardy, através do romance, faz uma crítica preciosa sobre a hipocrisia social e situação<br />
da mulher em seu tempo.<br />
361