20.03.2018 Views

Ser de Imagen y de Signos Abordajes del Patrimonio Cultural. Editado por el Doctorado en Patrimonio Cultural de la Universidad Latinoamerican

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Paranapiacaba, Uma Vi<strong>la</strong> Inglessa No Brasil:<br />

Fuligem, Ferrugem E Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> Na <strong>Ser</strong>ra Do Mar<br />

muitos parecem não s<strong>en</strong>tir as profundas transformações que a ac<strong>el</strong>eração do tempo<br />

insiste em impregnar na existência.<br />

Não há como culpá-los. <strong>Ser</strong> mo<strong>de</strong>rno significa estar imerso “num turbilhão <strong>de</strong><br />

perman<strong>en</strong>te <strong>de</strong>sintegração e mudança, <strong>de</strong> luta e contradição, <strong>de</strong> ambiguida<strong>de</strong> e<br />

angústia” (BERMAN, 1986, p.15). Não há tempo para p<strong>en</strong>sar ou s<strong>en</strong>tir: a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

atrop<strong>el</strong>a (e atravessa) a vida a todo instante. Implica, segundo David Harvey (1996),<br />

“não ap<strong>en</strong>as (...) uma imp<strong>la</strong>cáv<strong>el</strong> ruptura com todas e quaisquer condições históricas<br />

prece<strong>de</strong>ntes, como (...) um intermináv<strong>el</strong> processo <strong>de</strong> ruptura e fragm<strong>en</strong>tações”.<br />

Emergindo na Europa no século XVII e influ<strong>en</strong>ciando a todos em diversas instâncias e<br />

tem<strong>por</strong>alida<strong>de</strong>s, a nova dinâmica modificou a forma <strong>de</strong> organização da vida humana<br />

<strong>de</strong> várias formas (GIDDENS, 1991).<br />

O século XIX foi, sem dúvida, influ<strong>en</strong>ciado <strong>por</strong> essas transformações. O progresso<br />

tecnológico e a racionalização do tempo atingiram, salvaguardadas as especificida<strong>de</strong>s,<br />

todas as partes do mundo. Como égi<strong>de</strong>s da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, as ferrovias surgiram no<br />

Brasil em 1854, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>por</strong> intermédio <strong>de</strong> Irineu Evang<strong>el</strong>ista <strong>de</strong> Souza,<br />

o Barão <strong>de</strong> Mauá. Impulsionados p<strong>el</strong>a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escoam<strong>en</strong>to da produção<br />

agríco<strong>la</strong> e <strong>de</strong> interligar pontos estratégicos, logo os caminhos <strong>de</strong> ferro chegaram a<br />

outras localida<strong>de</strong>s. Com <strong>el</strong>es, novos sons, cida<strong>de</strong>s, vi<strong>la</strong>s operárias, fábricas, s<strong>en</strong>sações<br />

e armazéns passaram a integrar a paisagem brasileira, que era majoritariam<strong>en</strong>te rural.<br />

Todavia, a “promessa <strong>de</strong> civilização” <strong>en</strong>controu no próprio <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to da<br />

ativida<strong>de</strong> suas fissuras. A experiência do mundo mo<strong>de</strong>rno s<strong>en</strong>t<strong>en</strong>cia: o novo já nasce<br />

<strong>de</strong>crépito. Surgindo <strong>por</strong> iniciativa privada e transitando p<strong>el</strong>a administração público e<br />

privada ao longo <strong>de</strong> um século , 3 as ferrovias brasileiras – <strong>de</strong>p<strong>en</strong><strong>de</strong>ntes da tecnologia<br />

estrangeira, e sujeitas à legis<strong>la</strong>ção que inc<strong>en</strong>tivou, a partir da década <strong>de</strong> 1950, o<br />

trans<strong>por</strong>te rodoviário – foram aos poucos sucateadas. L<strong>en</strong>tam<strong>en</strong>te, o espaço sucumbe<br />

novam<strong>en</strong>te ao progresso, cujo sinônimo agora é asfalto. Quando da <strong>de</strong>rrocada oficial<br />

da Re<strong>de</strong> Ferroviária Fe<strong>de</strong>ral Socieda<strong>de</strong> Anônima (RFFSA), em 2007, o quadro já era <strong>de</strong><br />

ruína e abandono em todo o país. A era do trem chegara ao fim.<br />

*<br />

3. Ver: “Histórico”. In: Departam<strong>en</strong>to Nacional <strong>de</strong> Infraestrutura <strong>de</strong> Trans<strong>por</strong>tes. Disponív<strong>el</strong> em: http://www1.dnit.gov.br/<br />

ferrovias/historico.asp. Acesso em 02/03/2015.<br />

362

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!