01.06.2013 Views

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Currículo<br />

_____________________________________________________________________________________________________<br />

Permanente - Módulo IV - Direito Penal - 2008 João Gualberto Garcez Ramos<br />

justiça.<br />

É que, no art. 155 do CPC, as hipóteses ensejadoras do segredo de justiça são<br />

ontologicamente distintas, embora tenham tido a mesma conseqüência prática.<br />

A primeira delas, descrita no inciso I do referido art. 155, diz com o interesse público,<br />

que pode pretender, no máximo, a restrição à publici<strong>da</strong>de do ato processual ou <strong>da</strong><br />

audiência. Parece evidente que jamais será do interesse público o completo segredo do<br />

processo, quando essa tenha sido a hipótese 382 mas tão-somente a restrição à<br />

publici<strong>da</strong>de.<br />

A segun<strong>da</strong> hipótese, ao contrário, em que os assuntos a serem objeto de atos<br />

processuais ou de discussão em audiência podem ser de molde a humilhar, vexar,<br />

rebaixar ou embaraçar, para usar expressões de PONTES DE MIRANDA, 383 e, por isso<br />

mesmo, apenas por razões subalternas possam interessar a um número indeterminado<br />

de pessoas, o segredo de justiça, no processo civil, será absoluto. Acerca do assunto, é<br />

precisa a distinção feita por MOACYR AMARAL SANTOS: “Enquanto no segundo caso (art.<br />

155, n. II) o segredo de justiça é total, no primeiro (art. 155, n. I), atentas as<br />

circunstâncias, poderá ser total ou parcial e, assim, ao juiz cabe deliberar se a audiência<br />

ou certos atos deverão praticar-se a portas fecha<strong>da</strong>s”.<br />

384-385 Já no processo penal, contudo, a hipótese contempla<strong>da</strong> é apenas a de exigência do<br />

interesse público, váli<strong>da</strong> para as hipóteses em que, repita-se, “<strong>da</strong> publici<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

audiência, <strong>da</strong> sessão ou do ato processual, puder resultar escân<strong>da</strong>lo, inconveniente grave<br />

ou perigo de perturbação <strong>da</strong> ordem” (CPP, art. 792, § 1º).<br />

Nesse caso, o juiz criminal poderá apenas restringir a publici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> audiência<br />

processual penal, “limitando o número de pessoas que possam estar presentes”. Não<br />

poderá impor um segredo absoluto, consubstanciado na participação apenas <strong>da</strong>s pessoas<br />

envolvi<strong>da</strong>s no caso. Deverá permitir a assistência de pessoas estranhas ao caso, na<br />

382 Cf. MIRANDA, Pontes de. Comentários…, p. 64: “O segredo de justiça pode ser ordenado sempre<br />

que (...) possa envolver revelação prejudicial à socie<strong>da</strong>de, ao Estado, a terceiro”.<br />

383<br />

Cf. as hipóteses de determinação de segredo de justiça em MIRANDA, Pontes de. Comentários…,<br />

p. 64: “O segredo de justiça pode ser ordenado sempre que se trate de matéria que humilhe, rebaixe, vexe<br />

ou ponha a parte em situação de embaraço que dificulte o prosseguimento do ato, a consecução <strong>da</strong><br />

finali<strong>da</strong>de, do processo”.<br />

384<br />

SANTOS, Moacyr Amaral. Comentários…, p. 396.<br />

385 Cf. lição no mesmo sentido – reforçando o argumento a respeito <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de ontológica <strong>da</strong>s<br />

hipóteses – em ARAGÃO, Egas Dirceu Moniz de. Comentários…, p. 24: “Apenas quanto ao primeiro, terão<br />

os juízes alguma discrição no determinar o segredo; quanto ao segundo, é a própria lei que o faz, sem<br />

margem de discrição”.<br />

134

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!