Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Currículo<br />
_____________________________________________________________________________________________________<br />
Permanente - Módulo IV - Direito Penal - 2008 João Gualberto Garcez Ramos<br />
sistema inquisitório – em seu princípio era apenas tolera<strong>da</strong>, em caráter excepcional,<br />
conforme afirma ALFREDO VELEZ MARICONDE. 190<br />
Contudo, transformou-se ela no “ambiente” ideal para o desenvolvimento do processo<br />
de tipo inquisitório. Sem publici<strong>da</strong>de, a ativi<strong>da</strong>de do inquisidor poderia se tornar muito<br />
mais eficiente, possibilitando-lhe dedicar-se melhor ao afã de chegar à ver<strong>da</strong>de. Essa<br />
ausência de publici<strong>da</strong>de, outrossim, era travesti<strong>da</strong> em ausência de soleni<strong>da</strong>de, em<br />
cândi<strong>da</strong> simplici<strong>da</strong>de na tramitação do processo penal. É o que se percebe niti<strong>da</strong>mente<br />
nas recomen<strong>da</strong>ções de NICOLAS EYMERICH – “Vamos esclarecer logo que, nas questões<br />
de fé, o procedimento deve ser sumário, simples, sem complicações e tumultos, nem<br />
ostentação de advogados e juízes. Não se pode mostrar os autos de acusação ao<br />
acusado nem discuti-los. Não se admitem pedidos de adiamento, nem coisas do<br />
gênero” 191 – e de HEINRICH KRAMER e JAMES SPRENGER – “No que tange ao método para<br />
proceder ao julgamento de bruxas em causas de fé, cumpre observar primeiro: são<br />
causas a serem conduzi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> maneira mais simples e mais sumária, sem os argumentos<br />
e as contenções dos advogados de defesa”. 192<br />
2. contraditório<br />
Não resta dúvi<strong>da</strong>s de que o contraditório foi o princípio mais ferido pela audiência<br />
processual penal inquisitória.<br />
E está claro que deveria ser assim, até porque o processo penal inquisitório se fun<strong>da</strong><br />
numa situação de ampla vantagem que o juiz leva sobre a pessoa do imputado.<br />
Juridicamente, inclusive, o processo penal inquisitório puro não prevê a existência de<br />
partes, senão a titulariza<strong>da</strong> pelo próprio inquisidor. O processo penal de matiz inquisitória,<br />
por sua vez, prevê partes, mas o imputado, que naquele processo era mero objeto de<br />
investigação, neste aparece como parte em sentido formal, posto que em situação de<br />
clara inferiori<strong>da</strong>de.<br />
Além disso, é possível dizer que há uma clara interpenetração dos princípios, <strong>da</strong>í a<br />
ocorrência de certa dificul<strong>da</strong>de em separar ca<strong>da</strong> qual. O segredo, por exemplo, é algo que<br />
também prejudica, sobremaneira, o exercício de algum contraditório eficaz.<br />
190<br />
MARICONDE, Alfredo Velez. Estudios…, p. 100.<br />
191<br />
EYMERICH, Nicolau. Manual…, p. 110.<br />
192<br />
KRAMER, Heinrich e SPRENGER, James. Malleus…, p. 406.<br />
57