01.06.2013 Views

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Currículo<br />

_____________________________________________________________________________________________________<br />

Permanente - Módulo IV - Direito Penal - 2008 João Gualberto Garcez Ramos<br />

história do trial by jury, ao invés de a ele ser submetido, valer-se de “conjuradores”, ou<br />

“compurgantes”, que com ele juravam inocência. Essa prática, porém, diante do<br />

movimento de paulatina racionalização do procedimento inglês, não se firmou. 227<br />

Passaram, então, a existir duas possibili<strong>da</strong>des ao suspeito. Ele podia confessar logo<br />

seu crime, evitando ser julgado ou pedir o seu “descargo” pelo petty jury, cujos membros<br />

funcionariam como sua prova. Contudo, se omitisse quaisquer dessas atitudes,<br />

impossibilitando à justiça julgá-lo ou aplicar-lhe, desde logo, uma sanção, o suspeito era<br />

submetido à peine forte et dure: 228 fechado numa sala escura, com as costas nuas sobre<br />

o chão de pedra, era colocado sobre o seu peito um grande peso de ferro, devendo<br />

passar a pão e água (três nacos de pão ruim num dia, três goles de água para<strong>da</strong> no<br />

outro). 229<br />

GUSTAV RADBRUCH comenta que, na grande maioria dos casos, os suspeitos tomavam<br />

logo uma dessas atitudes. Apenas num caso, ocorrido em 1.658, o suspeito, com o<br />

sugestivo sobrenome de Strangeways (ironicamente, traduzido como “estranhos<br />

caminhos”), decerto para evitar que seus filhos perdessem o direito a sua herança, que<br />

era uma <strong>da</strong>s penas acessórias, permaneceu omisso até morrer. 230 A lei <strong>da</strong> peine forte et<br />

dure vigorou até 1.772, quando foi revoga<strong>da</strong> 231 e substituí<strong>da</strong> por uma lei que dispunha<br />

implicar em confissão tácita a inércia do acusado. 232<br />

Em 1933 suprimiu-se o grand jury. 233<br />

Hoje, na Inglaterra, de acordo com o registro de TERENCE INGMAN, o trial by jury, que é<br />

praticado na “Corte <strong>da</strong> Coroa” (Crown Court) 234 tem as seguintes características: os<br />

jurados devem ter entre dezoito e setenta anos, ser eleitores e residentes no Reino Unido<br />

e Territórios (Channel Islands e Isle of Man) por cinco anos, no mínimo, desde os treze<br />

anos e, segundo a regulamentação do Juries Act, de 1974, podem ser desqualificados<br />

227<br />

RADBRUCH, Gustav. El espíritu…, p. 103-108.<br />

228<br />

Cf. RABASA, Oscar. El Derecho…, p. 116. Segundo esse autor, a expressão traduz-se por: “Tortura<br />

forte e dura”. A rigor, porém, não é correto dizer-se que se tratava de uma ver<strong>da</strong>deira “tortura”, aplica<strong>da</strong><br />

para obter a ver<strong>da</strong>de.<br />

229<br />

RADBRUCH, Gustav. El espíritu…, p. 103-108.<br />

230<br />

RADBRUCH, Gustav. El espíritu…, p. 103-108.<br />

231<br />

RADBRUCH, Gustav. El espíritu…, p. 103-108.<br />

232<br />

Cf. RABASA, Oscar. El Derecho…, p. 116.<br />

233<br />

RADBRUCH, Gustav. El espíritu…, p. 103-108.<br />

234<br />

Cf., acerca <strong>da</strong> organização judiciária inglesa, INGMAN, Terence. The English…, p. 176-190.<br />

Informações úteis encontram-se também em DAVID, René. Os grandes…, p. 386-395.<br />

69

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!