Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Currículo<br />
_____________________________________________________________________________________________________<br />
Permanente - Módulo IV - Direito Penal - 2008 João Gualberto Garcez Ramos<br />
justiça entre os bárbaros. Os graus de civilização dos povos envolvidos eram<br />
profun<strong>da</strong>mente diversos, conforme se sabe.<br />
A sofisticação <strong>da</strong> civilização romana se refletia no seu processo penal. A última fase<br />
de desenvolvimento do processo penal romano foi a <strong>da</strong> cognitio extra ordinem,<br />
caracteriza<strong>da</strong> por um processo de cunho inquisitório, altamente regulado, e dominado por<br />
uma magistratura profissional, afastado o caráter popular <strong>da</strong> justiça. Conforme se viu<br />
acima, esse paulatino afastamento se deu com o escopo de realizar uma melhor<br />
repressão <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong>de. 106<br />
Ao contrário, a justiça entre os bárbaros estava ain<strong>da</strong> num estágio inferior. Ela ain<strong>da</strong><br />
tinha, entre os germânicos, um nítido caráter popular, pois era administra<strong>da</strong>, conforme<br />
ALFREDO VELEZ MARICONDE, por uma assembléia de homens livres, denomina<strong>da</strong><br />
conventus, mallus, mallum ou placitum e cujo presidente era o príncipe ou chefe <strong>da</strong><br />
tribo. 107<br />
Essa feição popular <strong>da</strong> justiça bárbara teve como conseqüência imediata uma<br />
ina<strong>da</strong>ptação dos juízes bárbaros às rígi<strong>da</strong>s regras processuais penais dos romanos.<br />
Segundo HEINRICH AHRENS, com a recepção do Direito Romano, o processo<br />
germânico continuou formalmente como era <strong>da</strong>ntes, isto é, com a direção do processo por<br />
um juiz e a participação popular, 108 tal como o processo penal romano durante a<br />
República. 109<br />
Em seus primeiros tempos, ain<strong>da</strong> segundo esse autor, o tribunal era formado pela<br />
assembléia cantonal, coman<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo prínceps.<br />
PAUL OURLIAC observa que essa assembléia não pronunciava, a rigor, a sentença:<br />
confirmava-a, aclamando-a, ou infirmava-a, murmurando sua inconformi<strong>da</strong>de; 110<br />
GREGÓRIO DE TOURS, conforme PAUL OURLIAC, dá exemplos desse procedimento<br />
decisório. 111<br />
Entre os francos, presidia-a um centenarius ou tunginus (Hunne) que funcionava junto<br />
a um mallus – <strong>da</strong>í Malberg, que significa “lugar de tribunal” – formado por centenas de<br />
homens, dentre eles somente sete sentados, reunidos estes na quali<strong>da</strong>de de homens de<br />
106 BURDESE, Alberto. Manuale…, p. 241-246 e nota n. 89.<br />
107 MARICONDE, Alfredo Velez. Estudios…, p. 51.<br />
108 AHRENS, Enrique. Historia…, p. 327-334.<br />
109 AHRENS, Enrique. Historia…, p. 162.<br />
110 OURLIAC, Paul. Historia…, p. 92-96.<br />
111 OURLIAC, Paul. Historia…, p. 92-96.<br />
40