01.06.2013 Views

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Currículo<br />

_____________________________________________________________________________________________________<br />

Permanente - Módulo IV - Direito Penal - 2008 João Gualberto Garcez Ramos<br />

Na imposição <strong>da</strong>s penas reconhece-se a desigual<strong>da</strong>de do sistema feu<strong>da</strong>l: aos nobres<br />

impõem-se sempre penas menores do que aos plebeus. (...) Para coibir o arbítrio dos<br />

juízes, foram declarados subsidiários o Direito Romano e o Direito Canônico. Este, o<br />

Canônico, devia ser aplicado nos casos que envolvessem pecado; e aquele, nos outros<br />

(...) Na falta destes, e como em terceiro grau, foram man<strong>da</strong><strong>da</strong>s seguir as glosas e<br />

opiniões de Accursio; e depois deste as de Bartolo, no conflito destes, ou absoluta falta de<br />

textos, devia o Juiz consultar o governo”. 258<br />

Especificamente com relação ao processo penal, o entendimento predominante, ao<br />

tempo <strong>da</strong>s Ordenações Afonsinas, é de que se tratava de matéria relativa ao pecado,<br />

razão pela qual, segundo JOÃO MENDES DE ALMEIDA JÚNIOR, nessa matéria se recorria<br />

amiúde às regras do processo canônico. 259<br />

JOÃO MENDES DE ALMEIDA JÚNIOR, aliás, descreve as fases do processo criminal<br />

ordinário previsto nas Ordenações Afonsinas: “1º Três modos de proceder: a acusação, a<br />

denúncia, a inquirição. A acusação inscrevia-se pelo auto de querela; a denúncia não se<br />

inscrevia, pois era o meio de delação secreta e <strong>da</strong> súplica dos fracos; à inquirição, em<br />

regra, procedia-se ex officio. 2º Lavrado o auto de querela, com as formali<strong>da</strong>des do<br />

juramento e nomeação de duas ou três testemunhas, ou feita a denúncia, ou encerra<strong>da</strong> a<br />

inquirição, tinha lugar a citação; 3º Seguia-se o interrogatório do réu, em que este podia<br />

negar ou confessar o crime e exigir que as testemunhas <strong>da</strong> devassa se tornassem<br />

judiciais, isto é, que fossem repergunta<strong>da</strong>s perante o Juiz em sua presença: era isto a<br />

recollectio ou recollatio e a confrontatio. 4º Termina<strong>da</strong>s as inquirições, <strong>da</strong>va-se ao réu<br />

termo para defesa, ou como diziam os canonistas – ad allegandum quidquid vult ne<br />

condemnetur, et ad omnes suas defensiones facien<strong>da</strong>s”. 260<br />

As características do processo penal, seja ele iniciado por acusação – pelo chamado<br />

auto de querela – ou por ato do juiz ordinário – nos casos de denúncia ou inquirição –<br />

eram fortemente marca<strong>da</strong>s pelo processo inquisitório, de cujas linhas gerais guar<strong>da</strong><br />

importante influência. 261<br />

Assim, a audiência processual penal prevista nas Ordenações Afonsinas se insere na<br />

258<br />

ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. O processo…, p. 104-105.<br />

259<br />

ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. O processo…, p. 105.<br />

260<br />

ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. O processo…, p. 106.<br />

261<br />

Cf., acerca do exagerado formalismo e do predomínio <strong>da</strong> escritura no processo penal e mesmo na<br />

audiência processual penal previstos nas Ordenações Afonsinas, ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. O<br />

processo…, p. 107-110.<br />

78

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!