Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Currículo<br />
_____________________________________________________________________________________________________<br />
Permanente - Módulo IV - Direito Penal - 2008 João Gualberto Garcez Ramos<br />
Segundo ALFREDO VELEZ MARICONDE, a evolução segue, ain<strong>da</strong>, até o Papa Bonifácio<br />
VII, que sofistica a organização <strong>da</strong> justiça eclesiástica. 160<br />
No Século XIII, período de consoli<strong>da</strong>ção do processo inquisitório, surge, como<br />
principal instrumento para repressão <strong>da</strong>s “heresias”, dos “sortilégios” (magias) e <strong>da</strong>s<br />
“adivinhações” – to<strong>da</strong>s práticas que ameaçavam o poder <strong>da</strong> Igreja – o <strong>Tribunal</strong> <strong>da</strong><br />
Inquisição, ou <strong>Tribunal</strong> do Santo Ofício, 161 sob o pontificado de Gregório IX. De acordo<br />
com ALFREDO VELEZ MARICONDE, esse tribunal surgiu, efetivamente, como forma de<br />
unificar a repressão à “heresia” lato sensu, repressão essa que, até então, era realiza<strong>da</strong><br />
pelos bispos, quando visitavam suas paróquias. 162<br />
Tendo sempre como pano de fundo a luta entre os reis, os nobres e os clérigos, a<br />
jurisdição eclesiástica experimentou, nessa fase, grande expansão. É mister explicá-la<br />
convenientemente.<br />
Segundo PAUL OURLIAC, desde sempre a Igreja exerceu duas espécies de jurisdição:<br />
uma espiritual (denomina<strong>da</strong> “essencial” ou “a clavibus”, porque nasci<strong>da</strong> do poder <strong>da</strong>s<br />
chaves entregues a São Pedro) e uma temporal. 163 Esta última tem, ain<strong>da</strong> segundo esse<br />
autor, grande importância, pois reflete uma tendência expansionista <strong>da</strong> jurisdição<br />
eclesiástica que vem desde antes do Edito de Milão. 164 Essa jurisdição – sempre civil –<br />
era exerci<strong>da</strong> ou por uma assembléia de fiéis ou pelo bispo. Durante o reinado do<br />
imperador romano Constantino, os bispos tiveram o privilégio de serem julgados por um<br />
sínodo ou pelo próprio imperador. Nos Concílios dos Séculos V e VI, se foi determinando<br />
que os clérigos não haveriam de ser julgados por tribunais seculares. 165 A culminância<br />
desse processo, segundo PAUL OURLIAC, verificou-se no Concílio de Paris, em 614, aceito<br />
pelo rei de França Clotário II, em edito famoso. 166 No caso criminal, se se trata de crime<br />
de clérigo, porém sem gravi<strong>da</strong>de, era ele julgado pelo conde. No caso de crime capital, o<br />
julgamento <strong>da</strong>r-se-ia pelo bispo. Em tratando-se de crime de um sacerdote ou diácono, o<br />
julgamento seria pelo bispo; se do bispo, por um sínodo. 167<br />
160<br />
MARICONDE, Alfredo Velez. Estudios…, p. 81.<br />
161<br />
MARICONDE, Alfredo Velez. Estudios…, p. 82.<br />
162<br />
MARICONDE, Alfredo Velez. Estudios…, p. 82.<br />
163<br />
OURLIAC, Paul. Historia…, p. 177-182.<br />
164<br />
OURLIAC, Paul. Historia…, p. 177-182.<br />
165<br />
OURLIAC, Paul. Historia…, p. 177-182.<br />
166<br />
OURLIAC, Paul. Historia…, p. 177-182.<br />
167<br />
OURLIAC, Paul. Historia…, p. 177-182.<br />
50