01.06.2013 Views

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

Parte 1 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Currículo<br />

_____________________________________________________________________________________________________<br />

Permanente - Módulo IV - Direito Penal - 2008 João Gualberto Garcez Ramos<br />

sistema acusatório o juiz é instruído, enquanto no sistema inquisitório ele próprio se<br />

instrui.<br />

A Suprema Corte dos Estados Unidos, sobretudo a partir do regramento dos<br />

interrogatórios policiais, modificou o aspecto do interrogatório acusatório naquele país.<br />

Essa modificação principiou com o caso Miran<strong>da</strong> v. Arizona, 384 US 436 (1966). Esse<br />

caso fixou um princípio básico: o de que ao acusador, caso queira utilizar-se de<br />

declarações presta<strong>da</strong>s pelo acusado na fase investigatória, deverá comprovar que a<br />

toma<strong>da</strong> dessas declarações obedeceu a diversas formali<strong>da</strong>des, que são: a) ciência clara<br />

ao preso de seu direito ao silêncio e admoestação de que qualquer manifestação que<br />

prestar poderá ser usa<strong>da</strong> contra sua pessoa; b) ciência de que tem direito a um<br />

advogado, que o defenderá e que esse advogado poderá estar presente ao interrogatório<br />

policial; c) concessão de efetiva oportuni<strong>da</strong>de de acompanhamento de advogado no<br />

interrogatório policial, que deverá ser suspenso até a chega<strong>da</strong> desse profissional; d)<br />

concessão de oportuni<strong>da</strong>de ao imputado de comunicar-se com seu advogado, antes de<br />

responder a ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s perguntas <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de policial; e) concessão de idêntica<br />

oportuni<strong>da</strong>de de patrocínio de advogado ao imputado que não possua meios econômicos<br />

para tanto; f) registro estreme de dúvi<strong>da</strong>s de eventual renúncia do imputado a qualquer<br />

desses direitos. 450<br />

“Se em juízo o promotor não demonstra que todos esses requisitos foram<br />

observados”, ensina ALEJANDRO D. CARRIÓ, “nenhuma evidência obti<strong>da</strong> como<br />

conseqüência do interrogatório pode ser usa<strong>da</strong> contra o acusado”. 451<br />

450<br />

Cf. a opinião do Chief Justice EARL WARREN em RODRIGUES, Lê<strong>da</strong> Boechat. A Corte de Warren…,<br />

p. 205-206: “A compreensão <strong>da</strong> natureza do interrogatório dos presos e do ambiente que é feito é essencial<br />

para a nossa decisão de hoje. A dificul<strong>da</strong>de de descrever o que se passa em tais interrogatórios decorre do<br />

fato de que neste país eles foram quase sempre feitos estando o acusado incomunicável. (...). Numa série<br />

de casos decididos por esta Corte (...) a polícia recorria à brutali<strong>da</strong>de física – surras, suspensão do solo,<br />

açoites – e a interrogatórios insistentes e prolongados dos acusados, mantidos incomunicáveis, a fim de<br />

lhes serem extorqui<strong>da</strong>s confissões. Em 1961, a Comissão de Direitos Civis encontrou muitas provas<br />

indicando que ‘alguns policiais ain<strong>da</strong> recorrem à violência para obter confissões’. O uso <strong>da</strong> brutali<strong>da</strong>de física<br />

e <strong>da</strong> violência não está, infelizmente, relegado ao passado em qualquer parte do país. Queremos reafirmar,<br />

entretanto, que as modernas práticas de interrogatório policial são mais orienta<strong>da</strong>s psicológica que<br />

fisicamente. Como dissemos antes, desde Chambers v. Flori<strong>da</strong> (1940) esta Corte reconheceu que a coação<br />

pode ser tanto mental quanto física e que o sangue do acusado não é o único sinete de uma inquisição<br />

inconstitucional”.<br />

451<br />

CARRIÓ, Alejandro D. Garantías…, p. 138. Trecho original: “si en el juicio del acusado el fiscal no<br />

demuenstra que todos estos requisitos han sido observados, ninguna evidencia obteni<strong>da</strong> como<br />

consecuencia del interrogatorio puede ser usa<strong>da</strong> en contra de aquél”.<br />

165

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!