13.07.2015 Views

Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Box 3.4. Óbitos por hipertensão e diabetes e seu comportamento <strong>no</strong>s grupos de cor ou raça e sexo (tabela 3.4.box.)No estado da arte sobre os estudos sobre a saúde da população negra, existemduas doenças que são identifica<strong>das</strong> como de especial incidência sobre estecontingente: a hipertensão (HA) e a diabetes mellittus tipos 1 e 2. O primeiro agravoé caracterizado pelo aumento da pressão arterial. O segundo agravo é causadopelo excesso de glicose <strong>no</strong>s vasos sanguíneos, produto da crônica deficiência deinsulina ou de sua incapacidade para agir <strong>no</strong> organismo com o efeito necessário.Em ambos os casos, estudos realizados em diversas partes do mundo apontarama sua especial incidência sobre os negros. Lessa (2000, p. 52) apontou que “confirmouseo gradiente dos fatores de risco da diáspora africana, com prevalências ajusta<strong>das</strong>de HA, de 14% na África Ocidental, 26% <strong>no</strong> Caribe e 33% <strong>no</strong>s Estados Unidos, aobesidade explicando, isoladamente, 1/3 do excesso da HA <strong>no</strong>s afro-america<strong>no</strong>s, quandocomparados aos negros do oeste africa<strong>no</strong>. Prevalência mais elevada de HA em negros doZimbabwe do que brancos europeus ou america<strong>no</strong>s foi descrita recentemente por umgrupo de investigadores. Paralelamente, diversos autores continuam tentando explicaro predomínio, também <strong>no</strong>s negros, <strong>das</strong> doenças cárdio-vasculares que mais se associamà HA do que a outros fatores de risco para doença cárdio-vascular”.Já <strong>no</strong> caso da diabetes mellittus, Franco (2000, p. 81-82) apontou que “napopulação adulta, os coeficientes de prevalência do diabetes têm alcançado cifrasda ordem de 40% em grupos indígenas <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s e de 20% na população deorigem japonesa, tanto <strong>no</strong>s EUA, como <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Na população negra, há evidênciasde que a freqüência do diabetes está aumentando mais do que na população branca,tendo triplicado <strong>no</strong>s últimos 30 a<strong>no</strong>s, enquanto apenas duplicou na população branca.Atualmente <strong>no</strong>s EUA, a prevalência de diabetes é 1,4 vezes maior entre os negros doque em brancos. Essa maior prevalência é referente ao diabetes tipo 2. Quanto aotipo 1, a incidência tende a ser de 2 a 4 vezes maior do que na população branca”.Na tabela 3.4.box, são vistas as razões de mortalidade por 100 mil habitantesde ambos os agravos: HA e diabetes mellittus. Os dados são correspondentes atodo o <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2007.No caso da HA, as razões de mortalidade dos brancos apresentavam-sesuperiores às dos pretos & pardos. No caso do sexo masculi<strong>no</strong>, brancos 19;pretos & pardos, 18,4. No sexo femini<strong>no</strong>, brancas, 21,4, pretas & par<strong>das</strong>, 18,8.Também a razão de mortalidadepor diabetes mellittus dos brancosaparecia superior aos indicadoresdos pretos & pardos. No caso dapopulação masculina, brancos,24,2, pretos & pardos, 16,6. Jáentre as mulheres, brancas, 29,7;pretas & par<strong>das</strong>, 21,6. Dessa forma,aparentemente, estes indicadoresnão confirmariam os termosapontados pela literatura acercade uma maior incidência daquelasmorbidades sobre a populaçãopreta & parda. Todavia, quandoaqueles dados são decompostospor grupos etários selecionados,são vistas importantes nuances.Na HA, as razões de mortalidadedos pretos & pardos do sexomasculi<strong>no</strong> eram superiores às dos brancos em praticamente to<strong>das</strong> as faixas deidade. Quando se analisam apenas os intervalos etários <strong>das</strong> faixas de idademadura e idosa, e que são o momento da vida em que este tipo de agravo tendea se manifestar com maior intensidade, vê-se que os indicadores dos pretos &pardos do sexo masculi<strong>no</strong>, em comparação com os brancos do mesmo gênero, eramsuperiores em 50,1%, entre 25 a 40 a<strong>no</strong>s; 44,0%, entre 41 e 59 a<strong>no</strong>s e 24,1%, na faixade idade de 60 a<strong>no</strong>s ou mais. O mesmo comportamento ocorria na comparação <strong>das</strong>razões de mortalidade por HA <strong>das</strong> pretas & par<strong>das</strong>, comparativamente às brancas.Desse modo, as taxas <strong>das</strong> primeiras eram superiores, relativamente às segun<strong>das</strong>,em 63,0%, na faixa de idade entre 25 e 40 a<strong>no</strong>s; em 65,3%, na faixa de idadeentre os 41 e 59 a<strong>no</strong>s e em 11,8%, na faixa de idade de 60 a<strong>no</strong>s de idade ou mais.No caso do diabetes mellittus, na população masculina, a razão de mortalidadepor 100 mil habitantes dos homens pretos & pardos, comparativamente aoshomens brancos, era superior em 19,9%, na faixa de idade dos 25 aos 40 a<strong>no</strong>s;de 1,9%, na faixa de idade dos 41 aos 59 a<strong>no</strong>s, porém inferior em 14,2%, na faixade idade superior aos 60 a<strong>no</strong>s de idade. Já <strong>no</strong> contingente femini<strong>no</strong>, as pretas& par<strong>das</strong>, comparativamente às brancas, apresentavam razões de mortalidade32,4% superiores na faixa de idade dos 25 aos 40 a<strong>no</strong>s; 29,5%, na faixa de idadedos 41 aos 59 a<strong>no</strong>s, entretanto, sendo inferiores em 8,1%, na faixa de idade de60 a<strong>no</strong>s de idade ou mais.Naturalmente os limites da base de dados do SIM (especialmente os causadospelas per<strong>das</strong> de registros vitais e pelas declarações de óbitos sem a identificaçãoda cor ou raça), bem como as distinções de cor ou raça e de sexo em termos deacesso ao atendimento de saúde (tal como visto <strong>no</strong> capítulo anterior) evidenciamos limites para conclusões peremptórias destas informações. De qualquer maneira,dos indicadores obtidos da base de dados do SIM, existem razoáveis evidências queconfirmam ao me<strong>no</strong>s parcialmente a literatura sobre o tema, revelando a maiorincidência <strong>das</strong> mortalidades por aqueles dois vetores sobre os pretos & pardos,comparativamente aos brancos, ou nas faixas etárias maduras e idosas, tal como <strong>no</strong>caso da HA, ou nas faixas etárias maduras, tal como <strong>no</strong> caso da diabetes mellittus.Tabela 3.4.box. População residente com Declaração de Óbito por hipertensão arterial e diabetes mellitus deacordo com faixas etárias escolhi<strong>das</strong>, segundo os grupos de cor ou raça selecionados (brancos e pretos & pardos) e sexo,<strong>Brasil</strong>, 2007 (em número de Declarações de Óbito por 100 mil habitantes)Me<strong>no</strong>r 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 17 18 a 24 25 a 40 41 a 59 60 a<strong>no</strong>sTotalde 1 a<strong>no</strong> a<strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s ou maisHipertensão arterial,sexo masculi<strong>no</strong>Hipertensão arterial,sexo femini<strong>no</strong>Diabetes mellitus tipos1 e 2, sexo masculi<strong>no</strong>Diabetes mellitus tipos1 e 2, sexo femini<strong>no</strong>Brancos 0,3 0,0 0,0 0,1 0,0 0,3 1,7 15,3 136,1 19,0Pretos & Pardos 0,5 0,1 0,0 0,0 0,1 0,6 2,6 22,0 168,9 18,4Total 0,5 0,1 0,0 0,1 0,1 0,4 2,4 19,8 161,3 20,1Brancas 0,3 0,0 0,1 0,0 0,0 0,2 1,2 10,1 140,9 21,4Pretas & Par<strong>das</strong> 0,0 0,1 0,0 0,1 0,1 0,2 1,9 16,7 157,5 18,8Total 0,2 0,0 0,1 0,1 0,1 0,3 1,7 14,0 158,6 21,7Brancos 0,3 0,1 0,1 0,1 0,1 0,4 2,6 22,0 167,3 24,2Pretos & Pardos 0,7 0,2 0,1 0,1 0,2 0,7 3,1 22,4 143,5 16,6Total 0,5 0,2 0,1 0,2 0,2 0,6 3,2 24,5 171,2 22,3Brancas 0,4 0,2 0,1 0,2 0,6 0,9 1,6 15,9 191,8 29,7Pretas & Par<strong>das</strong> 0,5 0,3 0,2 0,2 0,3 0,8 2,2 20,6 176,2 21,6Total 0,7 0,3 0,2 0,2 0,5 0,9 2,1 20,2 203,0 28,3Fonte: Ministério da Saúde, DATASUS, microdados SIM; IBGE, microdados PNADTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Nota: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela, indígena e ig<strong>no</strong>radaentre as parturientes brancas, 60,2%, entre as parturientespretas & par<strong>das</strong>;• Parturientes que tiveram seus filhos através de cesarianas:48,6%, entre as gestantes brancas, 39,8%, entre as gestantespretas & par<strong>das</strong>;• Parturientes que deram à luz via cesárea e que marcaram aoperação antecipadamente: 52,5%, entre as gestantes brancasque tiveram filhos desta forma, 42,4%, entre as gestantes pretas& par<strong>das</strong>;• Mães que tiveram filhos <strong>no</strong>s últimos cinco a<strong>no</strong>s e que puderamficar com acompanhante enquanto convalesciam: 20,4%, entreas gestantes brancas; 14,3%, entre as gestantes pretas & par<strong>das</strong>;• Mães que tiveram filhos <strong>no</strong>s últimos cinco a<strong>no</strong>s e que tiveram110 <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>; <strong>2009</strong>-<strong>2010</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!