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Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

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permanentes ou improvisados, individuais ou coletivos, nãoabrangendo, porém, contingentes que não possuem domicílio fixo,como, por exemplo, a população de rua ou acampada de modo nãoestável em assentamentos urba<strong>no</strong>s ou rurais.Por outro lado, quando se aponta que a PNAD capta informaçõessobre a população residente, isso implica que se deve tomar cuidadocom a menção à nacionalidade dessa população. Assim, quando, <strong>no</strong>texto, balizado nas pesquisas oficiais, se fizer menção à populaçãobrasileira, é necessário observar que se trata, na verdade, da populaçãoresidente <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o que, naturalmente, engloba os brasileirosnatos e naturalizados aqui residentes e também os estrangeiros quevivam <strong>no</strong> país. Do mesmo modo, quando do emprego do termo,deve-se levar em consideração que não estão sendo incluídos osnaturais do país que, <strong>no</strong> momento da pesquisa, vivessem de formapermanente em outras nações. Ou seja, tais expressões (populaçãobrasileira, brasileiros e termos assemelhados) poderão ser usa<strong>das</strong>para fins de fluência do texto, mas guardando-se essas ressalvas.Um aspecto metodológico adicional a ser destacado tange aoperíodo de tempo coberto pela análise. Em geral, o IBGE faz questãode apontar em seus estudos que os levantamentos cobrem a realidadepresente na semana de referência da pesquisa dentro de umdeterminado a<strong>no</strong>. Mais uma vez, devido à necessidade de fluênciado texto, tal aspecto não será mencionado ao longo do presente<strong>Relatório</strong>, que, simplesmente, tomará como período de referênciatemporal o a<strong>no</strong> em que a pesquisa foi feita.Cabe, ainda, um esclarecimento quanto ao tratamento dadoaos residentes <strong>no</strong>s setores rurais da região Norte. Devido à baixadensidade demográfica da região, o IBGE não realizava entrevistasnessas áreas até 2004, quando passou a incorporar toda a regiãoNorte na PNAD. Embora tenha sido um significativo progresso, ofato é que ficaram parcialmente comprometi<strong>das</strong> as comparaçõesde mais longo prazo feitas com as séries históricas da PNAD.De qualquer modo, <strong>no</strong> presente <strong>Relatório</strong>, quando da análise daevolução dos indicadores sociais baseado em números percentuais,não foi feita compatibilização da série dos indicadores, <strong>no</strong> casoatravés do expurgo da população rural da região Norte. O fato é quea população daquelas áreas, em 2008, correspondia a apenas 1,8%da população brasileira. Essa proporção não pareceu tão grandea ponto de comprometer a comparabilidade intertemporal dosindicadores dos respectivos grupos de cor ou raça de todo o país.No caso de análises específicas sobre os indicadores desta últimaregião, quando necessário, foram feitos apontamentos específicosalertando para o fato.1.2.e. Ministério da Saúde/Departamento deInformática do Sistema Único de Saúde (Datasus)1.2.e.a. Sistema de Informação de Mortalidade Básica (SIM)A principal fonte de informação sobre o perfil <strong>das</strong> formas demortalidade da população brasileira é o SIM, organizado peloDatasus, órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.A principal diferença desta base de dados para outras, como, porexemplo, as provenientes do Instituto <strong>Brasil</strong>eiro de Geografia eEstatística (IBGE), é que se trata de um ca<strong>das</strong>tro administrativoe não de uma pesquisa censitária ou por amostra (Cf. JANUZZI,2003). Enquanto, em uma pesquisa, os investigadores vão aosdomicílios ou locais relevantes para obter informações, <strong>no</strong> ca<strong>das</strong>troadministrativo, as pessoas têm os dados coletados em formulários,ao serem atendi<strong>das</strong> por determinados serviços.Assim, os cuidados metodológicos exigíveis para esse tipode base de informações não dizem respeito ao coeficiente devariação, mas, sim, à qualidade da cobertura do serviço públicocorrespondente <strong>no</strong> qual o ca<strong>das</strong>tro é gerado. E, de fato, é consensoque, apesar dos recentes progressos na ampliação da cobertura doSIM, infelizmente, o <strong>Brasil</strong> ainda não conseguiu expandir a coletade informações para todos os casos de óbito.A sub<strong>no</strong>tificação de óbitos ocorre pelos seguintes motivos,principalmente nas parcelas mais pobres da população: i)distribuição desigual dos cartórios pelos municípios (onde, entreoutros serviços, são emitidos os atestados de óbito), dificultandoo acesso, especialmente <strong>no</strong>s de me<strong>no</strong>r população, em localidades<strong>das</strong> regiões Norte e Nordeste e para os residentes nas áreas rurais;ii) práticas comuns, principalmente <strong>no</strong> meio rural e em mortesde crianças com me<strong>no</strong>s de 5 a<strong>no</strong>s de idade, de sepultamento <strong>no</strong>sfundos <strong>das</strong> residências, sem registro em cartório; iii) existênciade cemitérios não oficializados (em áreas rurais, chamados decruzeiros), onde os sepultamentos são frequentemente feitos semos atestados de óbito (<strong>no</strong>s cemitérios oficiais somente ocorrem apósa emissão dos atestados); iv) desconhecimento dos procedimentospara a obtenção do atestado e, desde 1996, sua gratuidade; v)desconhecimento da obrigatoriedade da <strong>no</strong>tificação de óbitos; vi)desinteresse pela obtenção do atestado de óbito de um familiarou parente por falta de direitos, tais como herança, pensão ouseguro de vida; vii) com crescimento do número de homicídiosem todo o país (<strong>no</strong> meio urba<strong>no</strong> e rural) <strong>no</strong>s últimos 30 a<strong>no</strong>s, coma intenção dos homici<strong>das</strong> em dificultar a elucidação dos crimes,em não poucos casos ocorre o desaparecimento dos corpos <strong>das</strong>vítimas: ora enterrados em cemitérios clandesti<strong>no</strong>s, ora ocultadosem pontos de desova de difícil acesso (valas, rios e mar, entreoutros), ora cremados clandestinamente (Cf. VASCONCELOS, 1998;HAKKERT, 1996; SIMÕES, 2002; PAIXÃO et alii; 2005, OLIVEIRA& ALBUQUERQUE, s/d).Todos esses fatores contribuem para manter em nívelrelativamente elevado o número de óbitos não registrados emtodo o país. Assim, segundo estimativas de demógrafos do IBGE,em 2000, na população acima de 5 a<strong>no</strong>s de idade, o percentualde cobertura da apuração oficial dos óbitos seria de 80% para oshomens e de 75% para as mulheres (OLIVEIRA & ALBUQUERQUE,op. cit.). Já na população me<strong>no</strong>r de 1 a<strong>no</strong> de idade (PAIXÃO et alii,op. cit.), <strong>no</strong> mesmo a<strong>no</strong>, as diferenças entre os indicadores obtidos<strong>no</strong> SIM correspondiam a apenas 43% da razão de mortalidade,calculada por estimativas indiretas através do método de Brass(1973) e Trussel (1975).Outro fator que compromete parcialmente a qualidade dosindicadores do SIM é o número proporcionalmente elevado deóbitos cujas causas não foram identifica<strong>das</strong> pelos médicos. Dessamaneira, em 2007, do total de mortos, 7,6% dos homens e 7,8% <strong>das</strong>mulheres tiveram essa causa apontada <strong>no</strong> atestado de óbito. Comonão existe morte sem causa, a ausência de tal informação apenasreflete os limites do SIM. À guisa de comparação, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 80, opercentual de atestados de óbito cuja causa não foi identificadachegava a apenas 2% na Argentina, 4% <strong>no</strong> México e 8% <strong>no</strong> Chile(Cf. VASCONCELOS, op. cit.).Vasconcelos (2000), analisando a qualidade do SIM entre asunidades da Federação, identificou quatro grupos:Introdução 29

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