Ou seja, de um lado, vê-se o rendimento médio domiciliarper capita dos domicílios que têm como pessoas de referênciaindivíduos brancos e pretos & pardos <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1988, 1998 e 2008.Estes valores estarão nas colunas à esquerda dentro de cada a<strong>no</strong>.Ao lado de cada uma dessas colunas, haverá outra, à direita, ondesão apresentados os rendimentos médios domiciliares per capita,retirando-se, por simulação, os rendimentos previdenciários <strong>das</strong>famílias. Em todos os casos são apresentados os valores reais dosrendimentos domiciliares por pessoa, tendo mais uma vez pordeflator o INPC, a preços de setembro de 2008.O objetivo do exercício é justamente calcular o peso dosrendimentos previdenciários para o aumento ou para a redução <strong>das</strong>assimetrias de cor ou raça entre brancos e pretos & pardos. Neste caso,os indicadores serão desagregados pelas regiões geográficas brasileiras.No <strong>Brasil</strong>, em 1988, a diferença <strong>no</strong> rendimento médio domiciliarper capita de uma família que tinha por pessoa de referência umindivíduo branco, de um lado, e um indivíduo preto & pardo, deoutro lado, era de 131,1%. Sem os rendimentos previdenciários,esta diferença cairia para 128,1%, sinalizando que aquele tipode provento contribuía para as desigualdades de cor ou raça em3,0 pontos percentuais. No a<strong>no</strong> de 1998, as diferenças entre um eoutro grupo mantinham-se fundamentalmente as mesmas, comou sem os rendimentos previdenciários. Já <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2008, asassimetrias de cor ou raça, em termos do rendimento domiciliarper capita, eram iguais a 98,0%, porém caindo ligeiramente, para96,5%, quando se excluíam os rendimentos previdenciários (quedade 1,5 ponto percentual).No a<strong>no</strong> de 1988, em to<strong>das</strong> as regiões geográficas brasileiras, osrendimentos da Previdência Social contribuíam para aumentar asassimetrias de cor ou raça. O aumento era, em pontos percentuais,de 0,5 na região Norte, de 3,5 na região Nordeste, de 2,3 na regiãoSudeste, de 2,1 na região Sul e, mais uma vez, de 2,1 na regiãoCentro-Oeste.No a<strong>no</strong> de 2008, o quadro acima passava por uma certa alteração.Assim, os rendimentos previdenciários contribuíam para o aumento<strong>das</strong> desigualdades de cor ou raça apenas na região Sudeste, em 3,3pontos percentuais. Nas demais regiões, as assimetrias de cor ouraça eram reduzi<strong>das</strong> com os rendimentos previdenciários: em 2,0pontos percentuais <strong>no</strong> Norte, em 1,5 ponto percentual <strong>no</strong> Nordeste,em 1,7 ponto percentual <strong>no</strong> Sul, e em 1,4 ponto percentual <strong>no</strong>Centro-Oeste.Ou seja, ao contrário de um cenário anterior, em um períodomais recente, os rendimentos previdenciários vêm contribuindopara a redução <strong>das</strong> assimetrias de cor ou raça, medi<strong>das</strong> pelasTabela 5.10. Rendimento médio domiciliar per capita de acordo com cômputo ou não dos rendimentos previdenciários pagos pelaPrevidência Social oficial, segundo os grupos de cor ou raça selecionados (brancos e pretos & pardos) da pessoa de referência,<strong>Brasil</strong> e grandes regiões, 1988, 1998 e 2008 (em R$ - setembro 2008, INPC)1988 1998 2008Rendimento médiodomiciliar per capitaRendimento médiodomiciliar per capitasem o rendimentoprevidenciárioRendimento médiodomiciliar per capitaRendimento médiodomiciliar per capitasem o rendimentoprevidenciárioRendimento médiodomiciliar per capitaRendimento médiodomiciliar per capitasem o rendimentoprevidenciárioBrancos 609,34 571,90 520,15 469,04 552,90 491,47NortePretos & Pardos 378,62 356,36 305,00 270,46 351,80 308,87Total 445,21 418,74 368,21 328,73 398,89 351,15Brancos 377,34 333,73 437,04 350,11 496,91 393,25NordestePretos & Pardos 202,45 182,46 203,44 163,86 301,47 236,46Total 252,56 225,83 273,26 219,61 358,78 282,51Brancos 796,16 714,29 788,98 664,83 875,48 704,89SudestePretos & Pardos 371,54 336,92 360,75 304,84 468,45 383,98Total 663,23 597,15 645,06 544,33 706,18 571,71Brancos 536,36 484,67 618,86 520,62 782,69 639,09SulPretos & Pardos 289,30 264,39 308,99 261,90 456,44 369,07Total 500,74 453,42 569,61 479,72 716,75 584,52Brancos 716,58 674,28 755,10 668,44 944,63 822,90Centro-OestePretos & Pardos 375,67 357,46 386,05 341,93 543,63 469,91Total 544,50 514,58 562,25 497,90 715,62 621,56Brancos 663,55 597,75 683,64 575,72 781,09 635,54<strong>Brasil</strong>Pretos & Pardos 287,17 262,05 284,87 239,39 394,57 323,43Total 501,82 454,06 506,13 426,29 585,61 477,82Fonte: IBGE, microdados PNADTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Nota 1: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela, indígena e ig<strong>no</strong>radaNota 2: <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1988 e 1998 não inclui a população residente nas áreas rurais da região Norte (exceto Tocantins em 1998)186 <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>; <strong>2009</strong>-<strong>2010</strong>
diferenças entre os rendimentos médios domiciliares per capita<strong>das</strong> famílias que têm por pessoas de referência indivíduos brancose pretos & pardos. Entretanto, infelizmente, não se pode considerarque esta contribuição seja tão pronunciada, atuando, pelo contrário,somente marginalmente em termos da redução <strong>das</strong> desigualdadesdaquela natureza.5.10. Rendimento previdenciárioe pobreza (tabelas 5.11. e 5.12.)Na presente seção será feito um exercício semelhante ao <strong>das</strong>ubseção anterior. A diferença é que, ao invés de uma aná lisesobre as desigualdades de cor ou raça em termos dos rendimentosprevidenciários, o estudo se centrará <strong>no</strong> efeito dos rendimentosprevidenciários sobre o peso relativo de pessoas abaixo da linha depobreza, mensurada em ¼ do salário mínimo <strong>no</strong>minal vigente. Foiadotado o corte de ¼ do salário mínimo, porque este é o critériomonetário utilizado pelo Sistema Único da Assistência Social nadeterminação <strong>das</strong> pessoas as quais faz jus o recebimen to do Benefíciode Prestação Continuada da Assistência Social (BPC-LOAS).Assim, nas colunas correspondentes aos a<strong>no</strong>s de 1988, 1998 e2008, existirão duas outras colunas. A primeira coluna, à esquerda,aponta a situação vigente em termos da população conviventeem famílias que auferiam em média um valor inferior a um ¼ dosalário mínimo per capita. A segunda coluna, à direita, aponta oque aconteceria caso fossem subtraídos, dos rendimentos dessasfamílias, os rendimentos previdenciários.Em todo o <strong>Brasil</strong>, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1988, a subtração dos rendimentosprevidenciários aumentaria em 5,3 pontos percentuais o númerorelativo de pobres, que passariam de 16,3% para 21,6% dapopulação. No a<strong>no</strong> de 1998, esta simulação acarretaria umaelevação de 8,4 pontos percentuais, e em 2008, de 9,6 pontospercentuais em termos da proporção de pessoas abaixo da linhade pobreza.Na população branca residente em todo o país, a retirada dosrendimentos previdenciários aumentaria o percentual de pobresem 5,1 pontos percentuais em 1998, em 7,6 em 1998, e em 9,2 em2008. No contingente preto & pardo, a subtração traria um efeitoum pouco mais acentuado em termos do aumento <strong>no</strong> percentualde pobres: 5,6 pontos percentuais em 1988, 9,4 em 1998, e de 10,0pontos percentuais em 2008. Desse modo, pode-se ver que ao longodo tempo os rendimentos previdenciários incrementaram suaTabela 5.11. População residente em domicílios com rendimento per capita inferior a 1/4 de Salário Mínimo de acordo com cômputo ou não dos rendimentosprevidenciários pagos pela Previdência Social oficial, segundo os grupos de cor ou raça selecionados (brancos e pretos & pardos),<strong>Brasil</strong> e grandes regiões, 1988, 1998 e 2008 (em % da população)1988 1998 2008População abaixo dalinha de pobrezaPopulação abaixoda linha de pobrezasem o rendimentoprevidenciárioPopulação abaixo dalinha de pobrezaPopulação abaixoda linha de pobrezasem o rendimentoprevidenciárioPopulação abaixo dalinha de pobrezaPopulação abaixoda linha de pobrezasem o rendimentoprevidenciárioBrancos 8,1 11,8 10,0 15,5 10,8 16,9NortePretos & Pardos 12,1 16,2 14,9 21,7 16,9 23,7Total 11,0 15,0 13,5 19,9 15,5 22,2Brancos 27,2 34,4 18,5 30,0 18,7 31,4NordestePretos & Pardos 37,3 44,1 26,8 39,0 24,1 37,4Total 34,4 41,3 24,3 36,3 22,6 35,7Brancos 4,4 9,3 3,9 11,0 4,4 13,3SudestePretos & Pardos 12,9 17,9 10,2 17,7 8,6 17,1Total 7,2 12,1 6,1 13,4 6,2 14,9Brancos 9,8 14,5 5,4 12,5 4,1 12,9SulPretos & Pardos 19,9 24,7 12,9 20,0 8,5 17,8Total 11,3 16,1 6,7 13,8 5,1 13,9Brancos 7,7 10,6 4,6 9,2 5,1 10,6Centro-OestePretos & Pardos 16,5 19,7 8,3 13,1 8,2 13,8Total 12,2 15,2 6,5 11,2 7,0 12,6Brancos 9,4 14,4 6,8 14,4 7,0 16,3<strong>Brasil</strong>Pretos & Pardos 25,2 30,8 18,0 27,4 15,6 25,6Total 16,3 21,6 11,9 20,3 11,5 21,1Fonte: IBGE, microdados PNADTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Nota 1: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela, indígena e ig<strong>no</strong>radaNota 2: <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1988 e 1998 não inclui a população residente nas áreas rurais da região Norte (exceto Tocantins em 1998)Acesso à Previdência Social 187
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