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Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

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Box 2.4. Mortalidade por causa desconhecida por falta de assistênciamédica: um desafio para o SUS (gráficos 2.6.box. e 2.7.box.)Na primeira edição do <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> jáse assinalava o sério problema dos casos de óbitos de causa não identificadapor falta de assistência médica. Estes são os casos em que o corpo da pessoafalecida é encontrado sem vida, na ausência de condições para se conhecera efetiva causa do óbito pela falta de um médico que pudesse acompanhar oevento fatal. Naturalmente, tal problema seria um tanto mi<strong>no</strong>rado se o indivíduoque morreu – sem que a causa tenha sido descoberta – viesse recebendoatendimento médico regular.Entre os a<strong>no</strong>s de 2001 e 2007, cerca de 392 mil pessoas que faleceram<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> não tiveram a causa de suas mortes conhecida por falta deassistência médica. Destas, 47,0% eram pretas & par<strong>das</strong>, 31,1%, brancas e21,0%, de cor ou raça ig<strong>no</strong>rada. Dessa forma, para além do problema emsi, que na verdade representa as próprias limitações da plena efetivaçãodos princípios constitucionais <strong>no</strong> que tange à universalização do acessoaos serviços de saúde, o fato é que este tipo de situação afetava com maisintensidade os pretos & pardos do que os brancos (por mais que os dadosGráfico 2.6.box. População com Declaração de Óbito por causa desconhecida por falta deassistência médica, segundo os grupos de cor ou raça selecionados (brancos, pretos & pardos ecor ig<strong>no</strong>rada), <strong>Brasil</strong>, 2001-2007 (em número de Declarações de Óbito por 100 mil habitantes)Fonte: Ministério da Saúde, DATASUS, microdados SIM; IBGE, microdados PNADTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Nota: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela e indígenaGráfico 2.7.box. População residente ca<strong>das</strong>trada na Unidade de Saúde da Família, segundo os grupos de corou raça selecionados (brancos e pretos & pardos), <strong>Brasil</strong> e grandes regiões, 2008 (em % da população)fiquem parcialmente ocultos pelo elevado percentual de declarações deóbito com a cor ou raça ig<strong>no</strong>rada).A <strong>no</strong>tícia positiva extraída da leitura daqueles dados, contidos <strong>no</strong> gráfico2.6.box, diz respeito à forte queda do número de óbitos que tiveram registradomotivo de morte desconhecida por falta de assistência médica. Assim, <strong>no</strong> paísem seu conjunto, entre 2001 e 2007, a queda foi de 61,8%. Entre os brancos,o número de casos decli<strong>no</strong>u 56,9%, e entre os pretos & pardos decli<strong>no</strong>u61,1%. Com isso, além do intrínseco fato positivo da queda do número decasos, ocorreu um movimento recente de redução <strong>das</strong> assimetrias de corou raça <strong>no</strong> que tange ao indicador, permitindo ao país se aproximar – emvários sentidos – do dispositivo constitucional que trata dos princípios doatendimento à saúde da população.Em alguma medida, este movimento de redução dos casos de mortalidadepor causa desconhecida por falta de assistência médica pode estar expressandoo movimento de expansão do Programa Saúde da Família (PSF). Assim,de acordo com os dados da PNAD 2008, 50,9% da população residia emdomicílios ca<strong>das</strong>trados em uma Unidadede Saúde da Família (USF), sendo osmaiores percentuais justamente <strong>no</strong> Nortee <strong>no</strong> Nordeste, locais onde os serviços deatendimento à saúde são geralmente maisprecários. Lido pelo recorte de cor ou raça,57,3% dos pretos & pardos e 44,6% dosbrancos estariam ca<strong>das</strong>trados em uma USF.Tal cenário se repetia em to<strong>das</strong> as cincoregiões geográficas brasileiras. Ou seja, emto<strong>das</strong> elas os pretos & pardos apresentavampercentuais de ca<strong>das</strong>tro naquele programasuperiores aos brancos.Assim, hipoteticamente, a expansãodo PSF poderia ter contribuído para aqueda recente do número de óbitoscom registro de causa de mortalidadenão identificada por falta de assistênciamédica, com efeitos positivos em termoda redução <strong>das</strong> assimetrias de cor ou raça.Como um elemento mitigador da hipóteseaventada acima, deve-se mencionar ofato de que um percentual muito baixode residentes declarou ter por hábitode procura ao atendimento de saúde osagentes comunitários de saúde (videtabela 2.9). Considerando a incoerência<strong>das</strong> informações, o que fica sugerido é queas pessoas não estariam identificando <strong>no</strong>sagentes comunitários e <strong>no</strong> próprio PSF umamodalidade típica de acesso e utilização dosserviços de saúde.Fonte: IBGE, microdados PNAD (Suplemento "Acesso e utilização de serviços de saúde")Tabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Nota: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela, indígena e ig<strong>no</strong>radaPadrões de morbimortalidade e acesso ao sistema de saúde 55

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