Tabela 4.3. População residente de acordo com prevalência e níveis de intensidade da situação da insegurança alimentar sobre os grupos de cor ou raça selecionados(brancos e pretos & pardos), de acordo com a presença de crianças e adolescentes <strong>no</strong> domicílio e área de residência, <strong>Brasil</strong>, 2004 (em % da população)Brancos Pretos & Pardos TotalSegurançaAlimentarInsegurança Alimentar Segurança Insegurança Alimentar Segurança Insegurança AlimentarAlimentarAlimentarLeve Moderada Grave Leve Moderada Grave Leve Moderada GravePresença de crianças e adolescentes <strong>no</strong> domicílioMorador em domicílio com pessoascom idade inferior a 18 a<strong>no</strong>sMorador em domicílio sem pessoascom idade inferior a 18 a<strong>no</strong>s67,2 17,8 10,4 4,6 43,0 23,6 20,9 12,5 54,7 20,8 15,8 8,782,4 8,5 6,3 2,8 65,1 12,5 14,2 8,2 75,7 10,0 9,3 4,9Área de residênciaUrbana 72,9 14,8 8,5 3,8 49,6 21,3 18,4 10,8 62,3 17,7 13,0 7,0Rural 64,4 16,3 13,3 6,0 40,3 21,2 23,8 14,7 50,0 19,3 19,6 11,2Fonte: IBGE, microdados PNAD (Suplemento “Segurança Alimentar”)Tabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Nota: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela, indígena e ig<strong>no</strong>radaentre os pretos & pardos, e de 32,8% entre os brancos. Já a ausência decrianças e adolescentes se traduzia em uma redução <strong>no</strong> percentualde indivíduos pretos & pardos (34,9%) e brancos (17,6%) em situaçãode insegurança alimentar, porém, sem alterar o sentido geral <strong>das</strong>diferenças relativas entre os grupos.A presença de crianças e adolescentes igualmente ampliavaa exposição de um domicílio às situações de privação extremaem termos materiais, levando-as às situações de IA grave. Dessemodo, entre as pessoas brancas que conviviam em unidadesdomiciliares com pessoas me<strong>no</strong>res de 18 a<strong>no</strong>s de idade, o pesodessa forma mais acentuada de insegurança alimentar era de4,6%. Já entre os indivíduos desse mesmo grupo de cor ou raçaque eram conviventes em domicílios que não tinham criançase adolescentes, o percentual dos afetados pela IA grave era de2,8%. No contingente preto & pardo, o peso relativo da IA graveentre os indivíduos conviventes em domicílios com crianças eadolescentes era de 12,5%, percentual que caía para 8,2% entreos indivíduos que residiam em unidades domiciliares que nãotinham pessoas com idade abaixo de 18 a<strong>no</strong>s.Em ambos os casos, porém, observavam-se diferenças de corou raça. Medindo-se as distâncias em termos proporcionais, osindivíduos pretos & pardos que viviam em domicílios com criançase adolescentes eram afetados pela IA grave com uma intensidade2,7 vezes superior aos brancos na mesma condição. Já a proporçãode indivíduos pretos & pardos que viviam em domicílios semmoradores me<strong>no</strong>res de 18 a<strong>no</strong>s de idade e em situação de IA graveera 2,9 vezes superior à proporção observada entre os indivíduosbrancos na mesma condição.Os indivíduos que residiam em domicílios localizados nasáreas urbanas tendiam a se encontrar em situações de insegurançaalimentar em uma proporção me<strong>no</strong>r do que os indivíduos queresidiam em domicílios localizados em áreas rurais. Esta diferença,mais uma vez, se encontrava <strong>no</strong> interior de cada um dos grupos decor ou raça, porém preservando o mesmo sentido já comentado<strong>das</strong> desigualdades entre ambos os grupos.Dos indivíduos brancos residentes em áreas urbanas, 27,1% seencontravam em situação de insegurança alimentar. Já entre ospretos & pardos residentes <strong>no</strong> mesmo tipo de local, este percentualera de 50,4%, ou seja, 23,4 pontos percentuais superior. Nas áreasrurais, o peso relativo de pessoas brancas convivendo em domicílioscom insegurança alimentar foi de 35,6%. Já entre os pretos & pardosresidentes nas áreas rurais, o peso relativo dos que se encontravamem situação de insegurança alimentar foi de 59,7%, 24,1 pontospercentuais superior.O peso relativo dos indivíduos residentes em áreas urbanasem situação de IA grave era de 3,8% entre os brancos e de 10,8%entre os pretos & pardos. Nas áreas rurais, a mesma condição maisvulnerável era vivenciada por 6,0% dos indivíduos brancos e por14,7% dos indivíduos pretos & pardos.4.3. Abrangência doPrograma Bolsa Família4.3.a. Um pa<strong>no</strong>rama geral <strong>das</strong> políticasgovernamentais de transferências derendimentos em um período recenteNo <strong>Brasil</strong> e em vários países do mundo, após a década de 1990, aagenda <strong>das</strong> políticas públicas de proteção social, combate à pobrezae promoção da saúde e da SAN veio incorporando o debate sobreos programas de Transferência Condicionada de Renda (TCR).A partir do a<strong>no</strong> de 2003, o gover<strong>no</strong> brasileiro optou peloinvestimento em programas de TCR e unificou outros tipos deintervenções – tais como a distribuição de alimentos e os programasde cupom alimentação, implementados em alguns estados do país– em um único programa, de<strong>no</strong>minado Programa Bolsa Família(PBF).De fato, <strong>no</strong> <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>;2007-2008, baseado <strong>no</strong>s suplementos da PNAD de 2004 e de 2006,informava-se que, em 2004, 14,8% dos domicílios que receberamrendimentos monetários através de programas TCR tiveram acessoao mesmo através do PBF. Já <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2006, do total de domicíliosbeneficiados com rendimentos monetários através de TCR, o PBFrespondeu por 75,2%.130 <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>; <strong>2009</strong>-<strong>2010</strong>
Box 4.2. Índice de Massa Corporal (IMC) dos grupos de cor ou raça segundo os indicadoresda POF, 2002-2003 (quadro 4.1.box.; gráfico 4.1.box.; tabelas 4.2.box. e 4.3.box.)O estudo <strong>das</strong> formas graves de carências materiais <strong>no</strong> interior de uma dadapopulação é realizado por meio de estimativa direta quando envolve olevantamento do perfil antropométrico de seus indivíduos. Tal método sechama Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC é obtido pela seguinte fórmula:IMC = peso / (altura)2Os intervalos antropométricos que definem as faixas de compatibilidadeentre peso e altura, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são osque seguem abaixo:Portanto, para a OMS, um IMC abaixo de 18,5 kg/m2 caracteriza umapessoa com o peso abaixo do esperado. Já o IMC acima de 25 kg/m2 identificaQuadro 4.1.box. Índice de Massa Corporal (IMC) em adultos,parâmetros de definiçãoAbaixo do pesoNo peso <strong>no</strong>rmalAcima do pesoObesoFonte: OMSCondiçãoIMC em adultosAbaixo de 18,5 kg/m2Entre 18,6 e 24,9 kg/m2Entre 25 e 29,0 kg/m2Acima de 30 kg/m2Gráfico 4.1.box. População residente com idade superior a 24 a<strong>no</strong>s de acordo com o nível de adequação aoÍndice de Massa Corporal, segundo os grupos de cor ou raça selecionados (brancos e pretos & pardos)e sexo, <strong>Brasil</strong>, 2002-2003 (em % da população acima de 24 a<strong>no</strong>s)Fonte: IBGE, microdados POFTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>.Nota: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela, indígena e ig<strong>no</strong>radaTabela 4.2.box. Estimativa do nível de suficiência da quantidade de alimentos consumidos <strong>no</strong>sdomicílios, segundo os grupos de cor ou raça selecionados (brancos e pretos & pardos)da pessoa de referência, <strong>Brasil</strong>, 2002-2003 (em % dos domicílios)É sempre suficienteNormalmente não ésuficienteum indivíduo acima do peso ideal. Quando esse indicador excede 30 kg/m2, apessoa é considerada obesa.Ainda de acordo com a OMS, quando se consideram os padrõesantropométricos de toda a população, são considerados os seguintes intervalospara se compreender as condições de saúde nutricional: i) déficit energéticoleve: quando de 5% a 9% da população adulta está abaixo do peso; ii) déficitenergético moderado: quando de 10% a 19% da população está abaixo do peso;iii) déficit energético alto: quando de 20% a 39% da população está abaixo dopeso; e iv) déficit energético muito alto: quando mais de 40% da população estáabaixo do peso. Finalmente, espera-se que uma população apresente de 3% a5% de seu contingente abaixo do peso, tendo em vista a existência de indivíduosnaturalmente magros.A Pesquisa dos Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo Instituto<strong>Brasil</strong>eiro de Geografia e Estatística (IBGE) <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 2002-2003, fez estelevantamento junto à população residente <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, incluindo sua desagregaçãopor cor ou raça e sexo.Em 2002-2003, 70,5% da população do sexo masculi<strong>no</strong> e 69,8%, do sexofemini<strong>no</strong> encontravam-se com o peso esperado. No contingente masculi<strong>no</strong>, osque estavam abaixo do peso totalizavam 7,4% e os acima do peso, 22,2%. Já<strong>no</strong> contingente femini<strong>no</strong>, o percentual <strong>das</strong> abaixo do peso era de 6,7%, e <strong>das</strong>acima do peso, de 23,5%.De acordo com os dados da POF, não havia diferenças significativas entreos grupos de cor ou raça em termos da prevalência do IMC abaixo do peso.Entre os homens brancos, o IMCÀs vezes não ésuficienteNão respondidoBrancos 62,5 10,0 27,2 0,3Pretos & Pardos 42,3 18,2 39,3 0,3Total 53,1 13,8 32,8 0,3Fonte: IBGE, microdados POFTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Nota: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela, indígena e ig<strong>no</strong>radaabaixo do peso correspondia a6,8% da população e, entre ospretos & pardos, a 7,6%. No caso<strong>das</strong> mulheres brancas e pretas &par<strong>das</strong>, o peso relativo <strong>das</strong> que seencontravam com IMC abaixo dopeso era praticamente idêntico:respectivamente, 6,6% e 6,7%.Quanto à população acima do peso,<strong>no</strong> caso dos homens, o problemaincidia com mais intensidade entreos brancos (25,9%) do que entreos pretos & pardos (18,4%). Já <strong>no</strong>caso <strong>das</strong> mulheres acima do peso,o percentual de brancas (24,3%)e o <strong>das</strong> pretas & par<strong>das</strong> (22,6%)era, mais uma vez, razoavelmentesemelhante.Apesar do IMC, medidopela POF ter apresentado umaproximidade dos indicadoresantropométricos entre brancose pretos & pardos de ambosos sexos, vale salientar que talsemelhança não se repetiu quandoa mesma pesquisa indagou sobre aquantidade e a qualidade do acessoaos alimentos.Assim, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 2002-2003, entre os domicíliosbrasileiros que tinham porpessoa de referência indivíduosAssistência social e segurança alimentar e nutricional 131
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