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Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

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aspectos dessa compreensão justamente através de uma leitura dapirâmide etária dos grupos de cor ou raça branca e preta & parda.Desde a primeira edição do <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong><strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> já se apontava para o fato de que, tanto entre osbrancos como entre os pretos & pardos, já vinha se processandoum visível movimento de alteração <strong>no</strong> formato <strong>das</strong> respectivaspirâmides etárias <strong>no</strong> sentido do amadurecimento de ambos oscontingentes. Tal convergência era decorrente da queda na Taxade Fecundidade Total (TFT), da redução na taxa de mortalidadeinfantil e do aumento da esperança de sobrevida <strong>no</strong>s distintosgrupos de idade. Todavia, naquele mesmo momento também jáse indicavam os respectivos ritmos e intensidades em que estemovimento demográfico vinha ocorrendo.Ao se analisar a pirâmide etária de brancos e pretos & pardos<strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2008, apenas por contraste visual já se torna possível verque ambas as imagens apresentam formatos nitidamente diferentes,com a base dos pretos & pardos mais larga do que a dos brancose, alternativamente, as faixas etárias mais maduras e idosas dosbrancos mais proeminentes do que as dos pretos & pardos. Ou, ditode outro modo, a distribuição da população branca em um gráficoque decomponha os grupos de sexo e de idade parece assumir umformato próximo a uma pêra, ao contrário da dos pretos & pardos,que ainda guarda um formato mais parecido com a imagem usualde uma pirâmide.De fato, na população residente de cor ou raça branca, 31,3%tinham até 19 a<strong>no</strong>s de idade, 31,3% tinham entre 20 e 39 a<strong>no</strong>s deidade, 24,6% tinham entre 40 e 59 a<strong>no</strong>s de idade, 10,9% tinhamentre 60 e 79 a<strong>no</strong>s de idade e 1,9% tinham mais de 80 a<strong>no</strong>s de idade.No contingente de cor ou raça preta & parda, a pirâmideetária apresentava um peso relativo maior <strong>das</strong> idades mais jovens.Assim, 36,0% tinham até 19 a<strong>no</strong>s de idade, 32,8% estavam entre20 e 39 a<strong>no</strong>s de idade, 21,9% tinham entre 40 e 59 a<strong>no</strong>s de idade,8,2% estavam entre 60 e 79 a<strong>no</strong>s de idade, e 1,1% tinham 80 a<strong>no</strong>sde idade ou mais.Não é incomum que, <strong>no</strong> debate sobre a proposta de reformada Previdência Social, <strong>no</strong> rumo da adoção de um modelo decapitalização, se mencione o processo de envelhecimento dapopulação brasileira. Todavia, este movimento não vem se dandodo mesmo modo entre os grupos de cor ou raça, assim comotambém dificilmente o estaria sendo quando decomposto, porexemplo, entre as cinco regiões geográficas do País.Este tipo de constatação não implica ig<strong>no</strong>rar os problemasreferentes à base financeira de sustentação do sistema previdenciárioe da Seguridade Social como um todo. Antes, o que se querevidenciar é que o encontro de soluções para eventuais problemasdecorrentes do amadurecimento da população precisarão serequacionados levando em conta estas clivagens, evitando-seassim que, na busca de solução para os problemas comuns, otratamento igual aos desiguais acabe operando como um elementode confirmação de históricas e estruturais assimetrias.Box 5.6. Pirâmides etárias desagrega<strong>das</strong> por grupos étnico-raciais <strong>no</strong>s EUA e na Áfricado Sul (gráficos 5.3.box., 5.4.box., 5.5.box., 5.6.box., 5.7.box., 5.8.box. e 5.9.box.)As pirâmides etárias correspondem a uma forma gráfica que expressa sinteticamenteo peso relativo da população masculina e feminina na população total, bem como<strong>das</strong> correspondentes idades. Para além de uma mera contagem numérica, umapirâmide etária indica diversos aspectos da qualidade de vida da população deum determinado local, como, por exemplo, a razão de dependência (proporçãode pessoas abaixo de 14 a<strong>no</strong>s e acima de 65 a<strong>no</strong>s na população total), a taxa defecundidade <strong>das</strong> mulheres e a longevidade. Conforme vem sendo visto ao longodeste capítulo, a pirâmide etária igualmente vem sendo utilizada como ummensurador dos problemas que a Previdência Social poderá vivenciar, especialmenteà medida que aumenta o percentual de idosos na população e, com isso, elevandoo peso relativo dos beneficiários do sistema vis-à-vis os contribuintes.De qualquer modo, este indicador igualmente pode ser desagregado pelosgrupos étnico-raciais. E, assim como foi feito para o <strong>Brasil</strong>, é também interessanteobservar o comportamento da pirâmide etária para os diferentes grupos emoutros países. Aqui, foram escolhidos os EUA e a África do Sul, em ambos oscasos abrangendo o a<strong>no</strong> de 2007.No caso <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>, a razão de dependência era de 32,8%, sendo20,2% pessoas abaixo de 14 a<strong>no</strong>s e 12,6% pessoas acima dos 65 a<strong>no</strong>s de idade.Quando se analisava o perfil da pirâmide etária dos diferentes grupos raciais,observava-se que as razões de dependência eram de 32,7% entre os brancos e de32,0% entre os afrodescendentes <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s. Porém, o modo como esteindicador era formado <strong>no</strong>s distintos grupos era nitidamente distinto.No grupo racial branco, 17,1% <strong>das</strong> pessoas tinham até 14 a<strong>no</strong>s de idade e15,5% tinham mais de 65 a<strong>no</strong>s de idade. No contingente afrodescendente <strong>no</strong>rteamerica<strong>no</strong>,o percentual de pessoas com até 14 a<strong>no</strong>s era de 23,4%, e acima de 65a<strong>no</strong>s, de 8,6%. Ou seja, destes indicadores, pode-se estimar que, por conta <strong>das</strong>distintas condições de vida, em média, uma pessoa branca vive maior quantidadede a<strong>no</strong>s de vida do que um afrodescendente <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>.Na África do Sul, a razão de dependência era de 36,0%. O peso relativo <strong>das</strong>pessoas com idade abaixo de 14 a<strong>no</strong>s na população sul-africana era de 30,7%,e acima de 65 a<strong>no</strong>s, de 5,4%. No grupo racial branco, a razão de dependênciaera de 29,6%, <strong>no</strong> grupo racial negro, era de 37,3%, e <strong>no</strong> grupo racial mestiço,era de 33,5%. Ou seja, neste caso, as razões de dependência apareciam maisdiscrepantes quando compara<strong>das</strong> ao cenário observado <strong>no</strong>s EUA.Gráfico 5.3.box. Pirâmide etária da população residente, segundofaixas etárias seleciona<strong>das</strong> e sexo, EUA, 2007 (em % da população)Fonte: United States Census Bureau, microdados American Community Survey (MinnesotaPopulation Center, IPUMS International: Version 5.0 [Machine-readable database], <strong>2009</strong>.Disponível em: http://usa.ipums.org/usa/)Tabulações: LAESERAcesso à Previdência Social 193

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