13.07.2015 Views

Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

• Apesar de <strong>no</strong> período entre 1988 e 2008 ter ocorrido umasensível queda na taxa de analfabetismo da população comoum todo e dos grupos de cor ou raça, o fato é que as distânciasrelativas entre os grupos se encurtaram pouco. Assim, <strong>no</strong> caso dapopulação de 15 a<strong>no</strong>s de idade ou mais, a taxa de analfabetismodos pretos & pardos, que em 1988 era proporcionalmente maiordo que a dos brancos em 135,5%, decli<strong>no</strong>u para 118,4% vinte a<strong>no</strong>sdepois. Ou seja, a queda da taxa de analfabetismo se deu deforma muito lenta, e as assimetrias de cor ou raça <strong>no</strong> indicador,para fins práticos, permaneceram muito eleva<strong>das</strong>;• Em to<strong>das</strong> as idades, entre os 10 e os 80 a<strong>no</strong>s ou mais, a taxade analfabetismo dos pretos & pardos era maior do que a dosbrancos, revelando que o problema acima não se reduz aosde idade mais avançada. Na verdade, daquela coorte etário,somente em oito idades específicas a taxa de analfabetismodos pretos & pardos não era mais que o dobro do que a taxade analfabetismo dos brancos;• A taxa de analfabetismo <strong>das</strong> crianças pretas & par<strong>das</strong> de 10 a<strong>no</strong>sera de 6,4%, ao passo que a <strong>das</strong> crianças brancas, na mesmafaixa, era de 2,4%. Aos 11 a<strong>no</strong>s, a taxa de analfabetismo <strong>das</strong>crianças pretas & par<strong>das</strong> era de 4,1%, ao passo que a <strong>das</strong> criançasbrancas, na mesma idade, era de 1,6%. Estes dados revelam queas crianças pretas & par<strong>das</strong> chegam à escola mais tardiamente;• Conforme observado, em 2008, em todo o país, cerca de 6,8milhões de pessoas que haviam frequentado a escola algumavez na vida eram analfabetas. Os pretos & pardos correspondiama 71,6% desse contingente. Outras 2,4 milhões de pessoas quetinham frequentado a escola com aprovação em pelo me<strong>no</strong>s uma<strong>no</strong> também eram analfabetas. Os pretos & pardos respondiampor 72,3% daquele total. Finalmente, cerca de 155 mil pessoasseguiam analfabetas mesmocom quatro a<strong>no</strong>s ou mais deestudo, e os pretos & pardosrespondiam por quase trêsem cada quatro pessoas nessasituação;• O dispositivo constitucionalque trata do tema daerradicação do analfabetismofoi realizado de forma muitoparcial. Vinte a<strong>no</strong>s seria temposuficiente para que tal mazelasocial fosse erradicada porcompleto <strong>no</strong> país. Os pretos& pardos acabam sendo ocontingente que mais padecedessa morosidade e falta desenso de premência.II – Universalizaçãodo atendimento escolar• Naquele a<strong>no</strong> de 2008, 2,1%<strong>das</strong> crianças entre 7 e 14 a<strong>no</strong>snão frequentavam a escola.Entre os brancos, este mesmoindicador correspondia a1,6%, e, entre os pretos &pardos, a 2,3%. O fato de este percentual ser baixo não deveser tomado como sinal de que o problema da falta de acesso àescola tenha sido totalmente superado;• O problema acima é ainda mais grave para o contingente entre15 e 17 a<strong>no</strong>s de idade. O fato é que 15,9% dos jovens nesta faixa deidade estavam fora da escola. Entre os brancos, este percentualera de 13,4%; e entre os pretos & pardos, 17,7%.Não obstante, do exercício proposto, pode-se perceber queentre a intenção do legislador, expressa na Carta Magna brasileirade 1988, e a sua efetivação ainda existe uma ampla lacuna. Assim, adespeito de avanços recentes em termos da redução <strong>das</strong> assimetriasde cor ou raça a partir do <strong>no</strong>vo marco constitucional, o fato é queos indicadores dos pretos & pardos, comparativamente aos brancos,revelaram severos problemas agravados de acesso e permanência<strong>no</strong> sistema de ensi<strong>no</strong> brasileiro. Por outro lado, diante dessasassimetrias, parece que o poder público brasileiro não vem lograndodotar à questão a esperado senso de prioridade.Neste rumo, não deixa de ser uma interessante continuidade doexercício proposto acima a identificação <strong>das</strong> ações que vieram sendotoma<strong>das</strong> por parte dos sucessivos gover<strong>no</strong>s, desde a promulgaçãoda Constituição de 1988, em prol da promoção da equidade racialna seara educacional.No quadro 6.1, podem-se ver algumas <strong>das</strong> principais medi<strong>das</strong>que vieram sendo adota<strong>das</strong> para enfrentar o tema <strong>das</strong> relaçõesraciais dentro do espaço escolar. Assim, o Programa Nacional doLivro, de 1996, o Programa Diversidade na Universidade, de 2002,a Lei 10.639 (introdução <strong>no</strong>s currículos escolares do ensi<strong>no</strong> básicodo estudo da história e cultura afro-brasileira), de 2003, mais umavez o Programa Nacional do Livro Didático, de 2005, o ProjetoQuadro 6.1. Ações governamentais recentes <strong>no</strong> campo da promoção da equidade racial<strong>no</strong>s níveis de ensi<strong>no</strong> fundamental e médioAção governamental Conteúdo A<strong>no</strong> de adoçãoPrograma Nacional do Livro DidáticoPrograma Diversidade na UniversidadeLei 10.639Programa Nacional do Livro DidáticoProjeto a Cor da CulturaCapacitação de Professores do Ensi<strong>no</strong> BásicoFortalecimento Educacional dos Negros eNegras do Ensi<strong>no</strong> MédioVeto à recomendação e aquisição de livros didáticos, por parte do MEC,que contenham ou verbalizem manifestações preconceituosas quanto àorigem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.Estímulo à criação de cursos pré-vestibulares para estudantes negros,visando prepará-los para os concursos de admissão nas universidadesEstabelece a obrigatoriedade da inclusão <strong>no</strong> currículo do ensi<strong>no</strong> básico doestudo da história e da cultura afro-brasileirasInclusão <strong>no</strong> Edital de aquisição de livros didáticos por parte do MEC aobservância de que o material didático esteja adequado à Lei 10.639Orçado em cerca de R$ 3,7 milhões, o projeto produziu 56 programas paraTV, divididos em cinco séries, e teve por objetivo fornecer um pa<strong>no</strong>ramados afro-descendentes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, contemplando as diversidades regionais,culturais, religiosas e de gênero. Os programas são: o Ação, exibido na TVGlobo e <strong>no</strong> Canal Futura, Livros Animados e Nota 10, do Futura, além dosinéditos Heróis de todo mundo e Mojubá, que serão exibidos também <strong>no</strong>Canal Futura e na TVE.Parceria entre o MEC, a Seppir e a UnB para capacitação à distância de25 mil professores de 4,5 mil escolas do ensi<strong>no</strong> básico <strong>das</strong> redes públicasestaduais e municipais de todo o país, visando à implementação da Lei10.639Apoio a alu<strong>no</strong>s afro-descendentes da 1ª à 3ª série do ensi<strong>no</strong> médio, pormeio da concessão de uma Bolsa de R$ 60,00 mensais, além de acessoa material pedagógico. Projeto piloto implantado em três escolas <strong>no</strong>sEstados do Maranhão, Pará, Mato Grosso do Sul e em Santa Catarina,onde beneficiou 180 jovensFonte: IPEA - Políticas Sociais: acompanhamento e análise. Edição Especial nº 13 (1995-2005) e SEPPIR http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/seppir/acoes/Nota: não inclui ações desenvolvi<strong>das</strong> em Comunidades de Remanescentes de Quilombos e específicas para o Ensi<strong>no</strong> Superior1996200220032005200620062006Acesso ao sistema de ensi<strong>no</strong> e indicadores de proficiência 247

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!