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Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

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Box 3.5. Óbitos por doenças alcoólicas do fígado e suas sequelas sobre osgrupos de cor ou raça e sexo <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, 2007 (gráfico 3.3.box.)No a<strong>no</strong> de 2007, 8.882 brasileiros de ambos os sexos vieram a falecer de doençasalcoólicas do fígado. Nestes casos, há um evidente componente de gênero, tendoem vista que 87,5% dos óbitos foram de pessoas do sexo masculi<strong>no</strong>. No que tangeà decomposição do indicador entre os grupos de cor ou raça, 46,9% dos óbitosforam de pessoas brancas, 44,3%, de pessoas pretas & par<strong>das</strong> e 8,2%, de pessoasde cor ou raça ig<strong>no</strong>rada.De qualquer maneira, há umacuriosa inversão naqueles dados quandoocorre sua decomposição pelos gruposde cor ou raça e sexo. Do total de óbitosocorridos em 2007 por doenças alcoólicasdo fígado, 43,0% foram de homensbrancos, 38,0%, de homens pretos &pardos, 4,4%, de mulheres brancas e6,8%, de mulheres pretas & par<strong>das</strong>.Lida de outro modo, a razão demortalidade por 100 mil habitantespor aquele vetor entre os homensbrancos foi de 8,6, e entre oshomens pretos & pardos, foi de 7,1.Decompondo o indicador por faixasetárias seleciona<strong>das</strong>, somente <strong>no</strong>intervalo entre 25 e 40 a<strong>no</strong>s a razãode mortalidade dos homens pretos& pardos apresentou-se superior àdos brancos. Nas demais faixas, asrazões de mortalidade dos homensbrancos foram superiores às dos pretos& pardos.Todavia, ao se verificar os indicadores da população feminina acometidapela mesma causa, a razão de mortalidade <strong>das</strong> pretas & par<strong>das</strong> foi de 1,3, aopasso que a <strong>das</strong> brancas foi de 0,8. Das faixas etárias seleciona<strong>das</strong>, em to<strong>das</strong>, asrazões <strong>das</strong> mulheres pretas & par<strong>das</strong> apresentaram-se superiores às apresenta<strong>das</strong>pelas mulheres brancas.Gráfico 3.3.box. População residente com Declaração de Óbito por doença alcoólica do fígado deacordo com faixas de idade escolhi<strong>das</strong>, segundo os grupos de cor ou raça selecionados (brancos epretos & pardos) e sexo, <strong>Brasil</strong>, 2007 (em número de Declarações de Óbito por 100 mil habitantes)Fonte: Ministério da Saúde, DATASUS, microdados SIM; IBGE, microdados PNADTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Nota: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela, indígena e ig<strong>no</strong>radaque o <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> desde a sua origemjá se fez desenhado para incorporar o recorte de gênero, nestemomento tal questão pôde ser compreendida dentro de um especialpla<strong>no</strong> da vida social, que foi, justamente, <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> da saúde sexual ereprodutiva. Naturalmente, este tema também engloba a populaçãomasculina, e diversos indicadores analisados acima versaramsobre indicadores sobre este gênero. Porém, seja pelo desenhode determina<strong>das</strong> pesquisas usa<strong>das</strong> na confecção do <strong>Relatório</strong> (talcomo foi o caso da PNDS 2006, que somente entrevistou pessoasdo sexo femini<strong>no</strong>), seja pela própria natureza de tantos outrosindicadores (exames preventivos, condição de gestação, parto epuerpério, mortalidade materna), realmente os assuntos tratadosneste terceiro capítulo enfocaram com maior destaque o tema <strong>das</strong>aúde da mulher.Durante o período compreendido entre os a<strong>no</strong>s 1980 e a décadaatual, ocorreu uma forte redução <strong>das</strong> Taxas de Fecundidade Total(TFTs) tanto <strong>das</strong> mulheres brancas (em 38,8%) como <strong>das</strong> mulherespretas & par<strong>das</strong> (em 46,7%), acompanhada de uma consoanteredução nas assimetrias de cor ou raça. Tal movimento, por suavez, dialoga com um temário mais especificamente demográfico,mas também guarda relação, <strong>no</strong>s pla<strong>no</strong>s político, socioeconômicoe cultural, com as alterações <strong>no</strong>s papéis de gênero <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Ouseja, há uma associação invertida entre o número de filhos e aspossibilidades de realização pessoal (para além da maternidade),política e profissional por parte <strong>das</strong> mulheres ao longo de seusciclos de vida. Lida de outro modo, a redução da TFT é um fatorelevante <strong>no</strong> sentido da produção de relações me<strong>no</strong>s desiguaisentre gêneros. Porém, dos indicadores analisados, pôde-se ver queestas mudanças não se fizeram de igual maneira para ambos osgrupos de cor ou raça.Em primeiro lugar, o fato é que as mulheres brancas e pretas& par<strong>das</strong> ainda seguem apresentando TFTs distintas. Ou seja,as mudanças ocorri<strong>das</strong> <strong>no</strong> papel do contingente femini<strong>no</strong> nasociedade brasileira vieram se dando preservando diferenças entreos grupos de cor ou raça (a TFT <strong>das</strong> pretas & par<strong>das</strong>, em 2008, era32,0% superior à TFT <strong>das</strong> brancas), que, a despeito da redução <strong>das</strong>desigualdades, ainda se fazem presentes com uma intensidade,decerto, indesejável.Em segundo lugar, do estudo <strong>das</strong> Taxas Específicas de Fecundidade(TEFs) e do Padrão Etário da Fecundidade (PEF), verificouseo maior peso <strong>das</strong> parturientes em idades mais jovens entre aspretas & par<strong>das</strong> do que entre as brancas. Assim, conforme visto,do total de partos realizados em 2007 em todo o <strong>Brasil</strong>, entreas mães de crianças pretas & par<strong>das</strong>, 56,1% corresponderama mulheres com idade até os 24 a<strong>no</strong>s, percentual que, entre asmães de crianças brancas, foi 11,3 pontos percentuais inferior. E118 <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>; <strong>2009</strong>-<strong>2010</strong>

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