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Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

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território que passou a ser incluído a partir do a<strong>no</strong> de 2004. Nastabelas que seguem, quando se analisou o a<strong>no</strong> de 2008, para se evitarper<strong>das</strong> de informações, esta população foi mantida, de tal modoque mais uma vez ocorrerá um problema de plena comparabilidadena série estabelecida.A partir do a<strong>no</strong> de 2002, a metodologia da PNAD sobre osgrupamentos ocupacionais e por atividade econômica deixoude acompanhar a classificação do próprio IBGE, passando a sefundamentar na Classificação <strong>Brasil</strong>eira de Ocupações (CBO)e na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).Como estas mudanças exigiriam um esforço muito grande decompatibilização, as análises da cobertura previdenciária portipo de ocupação e por atividade econômica serão restritas aoa<strong>no</strong> de 2008.Infelizmente, por limitações do questionário da PNAD, nãofoi possível computar a população coberta pela Previdência Socialque não fazia parte da PEA. Estes são os segurados facultativos, ouseja, pessoas acima de 16 a<strong>no</strong>s, sem vínculos com o mercado detrabalho (estudantes, donas de casa, inativos em geral), mas queoptam por contribuir para o Regime Geral da Previdência Social.Tal problema não se configura para a PNAD 1988, tendo em vistaque, naquele momento, o marco legal não previa este expediente.Box 5.2. Em algum lugar do passado: ocupações de pessoas livres e escraviza<strong>das</strong><strong>no</strong>s tempos do Império (gráfico 5.1.box. e tabela 5.1.box.)Em 1872 foi realizado, pela Diretoria Geral de Estatística (DGE), o primeiroRecenseamento Geral do <strong>Brasil</strong>. A população foi investigada, dentre outrosquesitos, quanto ao sexo e à condição de “escravo” ou de “livre”, “elemento chave paraa configuração e a diferenciação interna da população brasileira naquele momento”(Cf. OLIVEIRA, 2003, p. 12). De tal modo, em 1872, a população era de 9.930.478 depessoas: 51,6% homens e 48,4% mulheres, 84,8% livres e 15,2% escravizados.A população também foi investigada quanto à sua raça. Este quesito seapresentava como “cor” na apuração, nas listas de família, constando a instrução:“Declara-se se a pessoa é branca, parda, cabocla ou preta, compreendi<strong>das</strong> emdesignação de caboclas as de raça indígena”. Já na divulgação, <strong>no</strong> quadro geralda população, com as mesmas categorias, o quesito era de<strong>no</strong>minado por “raça”.Assim, de acordo com a DGE, em 1872, 38,1% da população era constituída porindivíduos brancos, os quais eram todos livres. Os caboclos representavam 3,9%da população e também eram todos livres. Naquele a<strong>no</strong>, 38,3% da populaçãoera constituída de pardos e, destes, 12,6% se encontravam na condição deescravizados. Já a população preta respondia por 19,7% da população residentee, destes, mais da metade (52,9%) era escravizada.O Censo de 1872 também coletou informação sobre as profissões. Naapuração, na lista de família, a profissão apresentava-se como um quesito aberto,constando a seguinte instrução: “Declara-se a profissão, ofício ou ocupaçãohabitual, ou os meios de vida”. Na divulgação, <strong>no</strong> quadro geral da população, oquesito estava disposto em dez categorias de profissão, além da categoria “semprofissão”. Infelizmente, as informações tabula<strong>das</strong> pelo DGE não incluíram estainformação desagregada pela raça, mas somente pela condição civil livre eescravizada. Mas esta lacuna não impede que se faça uma importante descrição<strong>das</strong> formas de exploração do uso da força de trabalho livre e escravizada 16 a<strong>no</strong>santes do final do sistema escravagista.Como seria de se esperar, em 1872, havia o predomínio <strong>das</strong> atividadesagrícolas, em especial a de lavradores, para todos os grupos de condição esexo. Assim, dos trabalhadores livres, esta atividade ocupava 70,5% do totalde ocupados do sexo masculi<strong>no</strong> e 31,6%, do sexo femini<strong>no</strong>. No contingenteescravizado, estes percentuais eram ainda maiores: 81,3% dos escravizados dosexo masculi<strong>no</strong>, e 57,1% <strong>das</strong> escraviza<strong>das</strong> do sexo femini<strong>no</strong>.Os militares, os capitalistas e proprietários e os industriais e comerciais,como seria de se esperar, eram ocupações exerci<strong>das</strong> exclusivamente por pessoasde condição civil livre. As profissões liberais também eram exerci<strong>das</strong> quaseexclusivamente por pessoas livres, com a exceção dos artistas, o que correspondiaà condição de 0,2% dos escravizados homens e de 0,1% <strong>das</strong> escraviza<strong>das</strong> mulheres.O ofício de marítimos e pescadores era exercido exclusivamente por pessoasdo sexo masculi<strong>no</strong>: 0,8%, entre os livres, 0,3%, entre os escravizados.A condição de assalariado (criados e jornaleiros) de pessoas livresrespondia por 8,9% e 4,3% dos ocupados do sexo masculi<strong>no</strong> e do sexo femini<strong>no</strong>,Gráfico 5.1.box. População residente de acordo com a condição civil (livre e escravizada),segundo os grupos de cor ou raça, <strong>Brasil</strong>, 1872 (em % da população)Fonte: Diretoria Geral de Estatística (DGE), Censo demográficoTabulações: LAESER164 <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>; <strong>2009</strong>-<strong>2010</strong>

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