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Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

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todo; de 5,2 para 8,3 entre os brancos; e de 3,6 para 6,5 entre ospretos & pardos (nas demais faixas de idade, os indicadores,apesar de diferentes, percorreram movimento semelhante).Vale salientar as especificidades do indicador <strong>no</strong> que tangeaos grupos de gênero, com o aumento maior da escolaridademédia <strong>das</strong> mulheres em relação aos homens;• Quase universalização da taxa de cobertura da rede escolarpor parte da população residente entre 7 e 14 a<strong>no</strong>s. Assim, napopulação como um todo, o indicador passou de 84,1% para97,9%. Entre os brancos, a evolução foi de 88,1% para 98,4%;e, entre os pretos & pardos, de 79,9% para 97,7%. Com isso,ocorreu uma virtual superação <strong>das</strong> assimetrias de cor ou raça<strong>no</strong> indicador;• No contingente entre 15 e 17 a<strong>no</strong>s, a taxa de cobertura do sistemade ensi<strong>no</strong> não caminhou de forma tão positiva quanto na faixaetária anterior, mas também ocorreram melhorias <strong>no</strong> indicador.Em toda a população desta faixa de idade, passou de 54,9% para84,1%; entre os brancos, de 57,5% para 86,6%; e, entre os pretos& pardos, de 51,8% para 82,3%;• Incremento na taxa bruta de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>fundamental: de 100,8% para 115,7% em toda a população; de103,3% para 112,5% entre os brancos; e de 98,2% para 118,4%entre os pretos & pardos. Este indicador implica que muitaspessoas com idade superior à ideal para frequentar este nívelde ensi<strong>no</strong> o estavam fazendo. Assim, por controverso que seja oindicador, ele reflete um esforço da população – especialmentea preta & parda – em recuperar parte do tempo outrora perdidocom o investimento educacional;• Avanço na taxa bruta de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> médio: de 38,6%para 85,5%, por parte de toda população; de 49,4% para 93,3%,entre os brancos; e de 26,7% para 79,5% entre os pretos & pardos.Por outro lado, a melhoria do indicador não deve ocultar que,mesmo este indicador ainda esteve longe de atingir os 100%,de<strong>no</strong>tando que o acesso ao ensi<strong>no</strong> médio, mesmo entre os comidade superior à ideal para frequência neste nível de ensi<strong>no</strong>,ainda se encontra muito dificultado à população, especialmenteà preta & parda;• Elevação na taxa líquida de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> fundamental:de 80,0% para 94,9%, na população entre 7 e 14 a<strong>no</strong>s comoum todo; de 84,9% para 95,4%, entre os brancos; e de 74,9%para 94,7% entre os pretos & pardos. Mais uma vez observaseque este indicador caminhou <strong>no</strong> sentido da superação <strong>das</strong>assimetrias de cor ou raça, muito embora, dada a sua formade construção, ele acabe ocultando importantes aspectos darealidade escolar <strong>das</strong> crianças e jovens;• Incremento na taxa líquida de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> médio:de 15,4% para 50,4%, <strong>no</strong> contingente entre 15 e 17 a<strong>no</strong>s comoum todo; de 22,2% para 61,0%, entre os brancos; e de 7,8% para42,2% entre os pretos & pardos. A evolução positiva do indicador,contudo, não deve ocultar que 39,0% dos jovens brancos e57,8% dos jovens pretos & pardos, naquela faixa de idade, nãoestudavam <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> médio ou se encontravam fora da escola.De qualquer modo, mesmo considerando os avanços recentes,à luz dos indicadores existentes vinte a<strong>no</strong>s após a aprovação daConstituição, parece que seguiu ocorrendo uma razoável distânciaentre o ideal do legislador e a sua efetivação concreta.Assim, tentando objetivar o debate dos dez artigos queformam a seção de educação na Constituição brasileira, será feitauma breve leitura entre o conteúdo do dispositivo constitucionale o modo como os indicadores educacionais desagregadospelos grupos de cor ou raça evoluíram <strong>no</strong> período entre 1988e 2008. Naturalmente, não se fará uma discussão sobre cadaum dos dez artigos e incisos, mas somente daqueles onde forpossível estabelecer um diálogo entre a intenção do legisladore a realidade empírica dos indicadores sociais, tal como vieramsendo discutidos ao longo deste capítulo.Desse modo, do exercício proposto, se chegou aos seguintesresultados:Art. 206. O ensi<strong>no</strong> será ministrado combase <strong>no</strong>s seguintes princípiosI – Igualdade de condições para oacesso e permanência na escola• A média de a<strong>no</strong>s de estudos <strong>das</strong> pessoas brancas com idadesuperior a 15 a<strong>no</strong>s era de 5,2 a<strong>no</strong>s em 1988, passando para 8,3a<strong>no</strong>s vinte a<strong>no</strong>s depois. Entre os pretos & pardos do mesmogrupamento etário, naquele igual período, a evolução doindicador foi de 3,6 para 6,5 a<strong>no</strong>s de estudos. Em termoscomparativos, a desigualdade entre um e outro grupo, que erade 1,6 a<strong>no</strong> em 1988, caiu para 1,5 a<strong>no</strong> de diferença em 2008. Érazoável ter esta redução como um tanto modesta e expressando,por definição, as reais diferenças não supera<strong>das</strong> em termos <strong>das</strong>condições de acesso e permanência na escola;• Mesmo com todos os avanços <strong>no</strong>s indicadores educacionais, emtodo o país, em 2008, <strong>das</strong> crianças entre 6 e 10 a<strong>no</strong>s de idade,45,4% não estudavam na série adequada. Entre as brancas, estepercentual era de 40,4%, e entre as pretas & par<strong>das</strong>, alcançavaquase metade do contingente. Tais dados mitigam fortementeos avanços existentes em termos da taxa de cobertura dosistema de ensi<strong>no</strong>, bem como da evolução da taxa líquida deescolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> fundamental. Também relevam ao seumodo as incidências desiguais do abando<strong>no</strong> escolar <strong>no</strong> meio doa<strong>no</strong> e da repetência, mais fortes para as crianças e jovens pretas& par<strong>das</strong> do que para as crianças e jovens brancas;• Quando se investigam as condições de escolaridade dapopulação entre 11 e 14 a<strong>no</strong>s de idade, o problema acima setorna ainda pior, pois 55,3% não estudavam na série correta.Entre os jovens brancos, este percentual era de 45,7%. Entre osjovens pretos & pardos, chegava a 62,3%. Considerando-se queé justamente a partir desta fase da vida que as crianças e jovenscomeçar a abandonar a escola, vê-se a gravidade do indicador.Mais uma vez, os dados também refletem que o problema darepetência e abando<strong>no</strong>, ao longo <strong>das</strong> coortes etárias, incide deforma desproporcional sobre os pretos & pardos. O indicadortambém contribui para relativizar os avanços recentes obtidosem termos da ampliação da taxa de cobertura do sistema deensi<strong>no</strong> para este contingente e os avanços obtidos em termosda taxa líquida de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> fundamental;• Em todo <strong>Brasil</strong>, em 2008, <strong>no</strong> primeiro ciclo do ensi<strong>no</strong> fundamental,metade dos que frequentavam a escola o faziam em idadessuperiores às espera<strong>das</strong>. Entre os brancos, este percentual era de44,2%, e entre os pretos & pardos, de 57,4%, ou seja, 13,2 pontospercentuais superior, mitigando um comentado movimentode redução <strong>das</strong> disparidades de cor ou raça <strong>no</strong>s indicadores deacesso ao primeiro ciclo do ensi<strong>no</strong> fundamental. No segundo ciclo244 <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>; <strong>2009</strong>-<strong>2010</strong>

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