Gráfico 7.3. Declarações de Óbito por homicídio <strong>no</strong> total de Declarações de Óbito da população residenteentre 0 e 24 a<strong>no</strong>s de idade de acordo com faixas etárias escolhi<strong>das</strong>, segundo os grupos de cor ou raça selecionados(brancos e pretos & pardos) e sexo, <strong>Brasil</strong>, 2007 (em % do total de Declarações de Óbito)Fonte: Ministério da Saúde, DATASUS, microdados SIMTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>A razão de mortalidade por 100 mil habitantes por homicídiodos jovens de 0 a 24 a<strong>no</strong>s era inferior à mesma razão dapopulação como um todo, sendo tal informação válida tanto parao contingente masculi<strong>no</strong>, como para o femini<strong>no</strong>. Não obstante,quando se observam as razões de mortalidade dos grupos deidade dos 15 aos 17 a<strong>no</strong>s e dos 18 aos 24 a<strong>no</strong>s, se vê que ocorriao inverso, com as razões de mortalidade dos jovens aparecendosempre de forma muito superior em relação às razões verifica<strong>das</strong>na população <strong>no</strong> seu conjunto. Estas informações eram váli<strong>das</strong>para todos os grupos de cor ou raça e sexo, embora ganhasseespecial intensidade <strong>no</strong> contingente preto & pardo do sexomasculi<strong>no</strong>.Na faixa de idade dos 15 aos 17 a<strong>no</strong>s, a razão de mortalidadedos jovens brancos do sexo masculi<strong>no</strong>, comparativamente à razãode mortalidade dos homens brancos conjuntamente, era 8,5%superior. Na faixa de idade dos 18 aos 24 a<strong>no</strong>s, era 115,7% superior.Quando o mesmo indicador acima era analisado especificamentepara o contingente preto & pardo do sexo masculi<strong>no</strong>, verifica-seque a razão de mortalidade por 100 mil habitantes dos jovens de15 a 17 a<strong>no</strong>s era 19,8% superior à razão de mortalidade dos homenspretos & pardos conjuntamente. No caso do contingente de 18 a 24a<strong>no</strong>s, a mesma diferença era de 141,5%. Ou seja, a probabilidadede um jovem preto & pardo daquele intervalo etário vir a falecerpor agressão era quase 1,5 maior do que o de um homem preto &pardo do conjunto <strong>das</strong> faixas de idade.No contingente femini<strong>no</strong>, uma moça branca de 15 a 17 a<strong>no</strong>s deidade apresentava probabilidade de ser assassinada 26,5% superiorà probabilidade de uma mulher de todos os grupamentos de idadedo mesmo grupo de cor ou raça. Quando a comparação era feitacom as moças de 18 a 24 a<strong>no</strong>s de idade, a diferença na probabilidadeem relação às mulheres brancas <strong>no</strong> seu conjunto era de 73,7%.Uma moça preta & parda entre 15 e 17 a<strong>no</strong>s de idade apresentavauma probabilidade de vir a falecer vítima de agressão 34,3% superiora uma mulher preta & parda do conjunto de grupamento de idades.Quando a comparação envolvia as moças de 18 a 24 a<strong>no</strong>s de idade,aquela mesma diferença crescia para 73,2%.Comparando-se os indicadores contidos nas tabelas 7.5 e 7.8,observa-se o peso relativo dos homicídios de pessoas de até 24 a<strong>no</strong>sde idade <strong>no</strong> total de pessoas que foram assassina<strong>das</strong>. O exercícioserá feito cobrindo o intervalo detempo entre 2001 e 2007.No a<strong>no</strong> de 2001, 39,6%dos homicídios cometidos <strong>no</strong><strong>Brasil</strong> foram contra pessoas deaté 24 a<strong>no</strong>s de idade. No a<strong>no</strong>de 2007, este indicador haviadeclinado ligeiramente, para38,5%. No contingente de cor ouraça branco, o peso relativo dosóbitos cometidos contra pessoasde até 24 a<strong>no</strong>s de idade, <strong>no</strong> totalde pessoas brancas que vierama falecer vítimas de agressão,passou de 35,4%, em 2001, para33,3% em 2007. No grupo de corou raça preta & parda, o pesodos homicídios de pessoas de até24 a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> total de assassinatoscometidos contra indivíduos deste contingente passou de 43,2%,em 2001, para 41,2% em 2007.Apesar do movimento do indicador acima ter sido convergenteem todos os grupos de cor ou raça, durante todo o intervalo 2001-2007 o peso relativo dos óbitos de pessoas jovens sobre o total dehomicídios foi maior entre os pretos & pardos, comparativamenteaos brancos, em cerca de 7,5 pontos percentuais.Finalmente, através do gráfico 7.3 podem ser vistos osindicadores, do a<strong>no</strong> de 2007, que expressam o peso relativo dos óbitospor homicídios <strong>no</strong> total de óbitos ocorridos <strong>no</strong> seio da população deaté 24 a<strong>no</strong>s de idade. Assim, na faixa de 0 aos 9 a<strong>no</strong>s, o peso relativodos homicídios <strong>no</strong> total de óbitos era proporcionalmente baixo tantoentre a população masculina, como entre a população feminina.Naturalmente, não se trata de naturalizar esta informação, pois oideal é que os homicídios em um contingente de tão tenra idadesejam iguais a zero. Assim, o que se quer tão somente destacar éque nas faixas etárias posteriores este peso relativo ia crescendoprogressivamente.De qualquer modo, apesar de este movimento ser comum atodos os grupos, a forma como ele incidia variava de acordo comcada um dos contingentes de cor ou raça e sexo.Entre os meni<strong>no</strong>s e jovens brancos, o peso relativo doshomicídios <strong>no</strong> total de óbitos dos correspondentes grupamentosde idade foi igual a 8,2% na faixa dos 10 a 14 a<strong>no</strong>s; a 31,4% napopulação entre 15 a 17 a<strong>no</strong>s; e a 32,5% <strong>no</strong> contingente de 18a 24 a<strong>no</strong>s. No somatório dos grupos de idade até 24 a<strong>no</strong>s, oshomicídios responderam por 16,1% do total de óbitos <strong>no</strong> interiordaquele grupo. No somatório de to<strong>das</strong> as idades, os homicídioscorresponderam a 4,2% do total de óbitos entre pessoas brancasdo sexo masculi<strong>no</strong>.No contingente de cor ou raça preta & parda do sexo masculi<strong>no</strong>,o peso relativo dos homicídios <strong>no</strong> total de óbitos foi de 17,3% nafaixa dos 10 aos 14 a<strong>no</strong>s; de 51,4% na faixa dos 15 aos 17 a<strong>no</strong>s; de52,0% na faixa dos 18 aos 24 a<strong>no</strong>s; e de 31,0% <strong>no</strong> somatório <strong>das</strong>faixas de idade até os 24 a<strong>no</strong>s. Do total de óbitos de pessoas pretas& par<strong>das</strong> ocorridos em 2007, os homicídios corresponderam a11,6%, proporcionalmente, quase três vezes superior ao ocorrido<strong>no</strong> outro grupo de cor ou raça.No contingente <strong>das</strong> mulheres brancas, o peso dos homicídios258 <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>; <strong>2009</strong>-<strong>2010</strong>
sobre o total de óbitos ocorridos <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2007 em todo o paísfoi de 4,3% na faixa dos 10 aos 14 a<strong>no</strong>s; de 9,5% na faixa dos15 aos 17; de 10,6% na faixa dos 18 aos 24; e de 3,2% somatório<strong>das</strong> idades até os 24 a<strong>no</strong>s. Do total de óbitos ocorridos naquelegrupo, os homicídios corresponderam a 0,6%, proporção que,comparada ao quadro visto acima, dos pretos & pardos, era 10pontos percentuais inferior.No caso <strong>das</strong> mulheres pretas & par<strong>das</strong>, o peso relativo doshomicídios <strong>no</strong> total de óbitos, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2007, em todo o país, foide 6,9% na faixa dos 10 aos 14 a<strong>no</strong>s; de 15,1% na faixa dos 15 aos 17;de 14,4% na faixa dos 18 aos 24; e de 4,7% <strong>no</strong> somatório <strong>das</strong> idadesaté os 24 a<strong>no</strong>s. No somatório de to<strong>das</strong> as idades, os homicídioscorresponderam a 1,3% do total de óbitos de mulheres pretas &par<strong>das</strong>.Comparativamente ao ocorrido entre os homens, as distânciasentre as mulheres brancas e pretas & par<strong>das</strong> neste indicador eramme<strong>no</strong>res, e na faixa dos 5 aos 9 a<strong>no</strong>s ocorria uma inversão, com asmeninas brancas apresentando peso relativo maior dos óbitos porhomicídios <strong>no</strong> total de óbitos, comparativamente às meninas pretas& par<strong>das</strong>. De qualquer maneira, <strong>no</strong> somatório <strong>das</strong> idades de até 24a<strong>no</strong>s, este indicador, entre as pretas & par<strong>das</strong> era, proporcionalmente,45,2% superior. No somatório de to<strong>das</strong> as idades, o peso dos óbitospor homicídios <strong>no</strong> total de óbitos entre as pretas & par<strong>das</strong> era,proporcionalmente, 127,2% superior ao mesmo indicador entre asmulheres brancas.7.2.e.d. Homicídios por intervenção legal (gráfico 7.4.)Segundo a base de dados do Sistema de Informações sobreMortalidade (SIM), do Departamento de Informática do SistemaÚnico de Saúde (Datasus), entre os a<strong>no</strong>s de 2001 e 2007 foramcometidos 2.865 homicídios por indivíduos que trabalhavam para oEstado, especialmente nas forças policiais. Este tipo de intervençãoé identificado <strong>no</strong> capítulo XX, da CID-10 (código Y-35 e Y 36), de“Intervenção legal e operação de guerra”.Existem razoáveis motivos para se supor que o dado acimaesteja subestimado. De fato, segundo os dados do SIM, <strong>no</strong> a<strong>no</strong>de 2007, <strong>no</strong> Estado do Rio de Janeiro, haviam sido cometidos247 homicídios através de“Intervenção legal e operação deguerra”. Contudo, de acordo como Instituto de Segurança Públicado Estado do Rio de Janeiro,os autos de resistência, quecorrespondem aos homicídioscometidos por agentes policiaisdiante de supostas tentativas deconfrontação da pessoa diante deuma ação policial, teriam somado1.330 casos (GOVERNO DOESTADO DO RIO DE JANEIRO,2008). Ou seja, somente nestaunidade da federação o SIMteria deixado de registrar 1.083homicídios classificáveis <strong>no</strong>scódigos Y35-Y36.Não obstante todos osproblemas de sub-registros dosdados existentes <strong>no</strong> SIM, os dados disponibilizados por aquela basemostravam que os homicídios por “Intervenção legal e operação deguerra” incidiam com maior intensidade sobre os pretos & pardos.Desse modo, <strong>no</strong> intervalo 2001-2007, este grupo respondeu por61,7% dos homicídios por aquela causa. Especificamente <strong>no</strong> a<strong>no</strong>de 2007, este percentual foi de 64,5%.7.2.f. Considerações finais sobre osindicadores de vitimizaçãoAo longo da presente seção foi possível estudar um conjuntode indicadores que versaram sobre as mortes por causas nãonaturais sobre os grupos de cor ou raça e sexo <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Peloconjunto de indicadores comentados, foi possível identificar amaior incidência desse tipo de óbito sobre a população do sexomasculina, especialmente a preta & parda.As duas principais formas de óbitos por causas externas <strong>no</strong><strong>Brasil</strong> vinham a ser as mortes por homicídios e por acidentes detrânsito.No caso dos acidentes de trânsito, segunda maior causa demortes por causas externas, este tipo de evento tendia a colherpessoas brancas com maior intensidade do que as pretas & par<strong>das</strong>,com exceção dos atropelamentos, que, proporcionalmente, incidiamde forma mais intensiva entre os homens pretos & pardos do queentre os homens brancos.Por outro lado, do estudo dos indicadores de vitimização porhomicídios, ficou patente a maior incidência deste vetor sobre apopulação masculina, especialmente a de cor ou raça preta & parda.Do mesmo modo, foi possível observar a especial incidência doindicador sobre a população jovem, especialmente a com idade<strong>no</strong> intervalo entre os 15 e 24 a<strong>no</strong>s.Sobre tal questão, fica apontada uma larga avenida a serpavimentada de estudos e políticas públicas que reflitam sobreo tema da vitimização e a questão racial, abrangendo desde osfatores socioeconômicos que tornam os pretos & pardos especiaisvítimas deste tipo de agressão, até as questões mais diretamenterelaciona<strong>das</strong> às políticas de segurança pública e ao papel do Estado,através da ação <strong>das</strong> forças policiais.Gráfico 7.4. População residente com Declaração de Óbito por homicídio por intervenção legal, segundo os grupos decor ou raça selecionados (brancos e pretos & pardos), <strong>Brasil</strong>, 2001-2007 (em número de Declarações de Óbito)Fonte: Ministério da Saúde, DATASUS, microdados SIMTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Nota: a população total inclui os indivíduos de cor ou raça amarela, indígena e ig<strong>no</strong>radaVitimização, acesso à justiça e políticas de promoção da igualdade racial 259
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