percentuais na população como um todo; de 4,4 pontos percentuaisentre os brancos; e de apenas 0,4 ponto percentual entre os pretos& pardos. Já <strong>no</strong> período 1998-2008, o crescimento da taxa bruta deescolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior cresceu 14,7 pontos percentuaispara os estudantes em geral; 19,1 pontos percentuais para osestudantes brancos; e 12,3 pontos percentuais entre os estudantespretos & pardos. O movimento destes correspondentes indicadores,portanto, leva a duas constatações. A primeira é que o incrementona proporção de brasileiros que frequentavam o ensi<strong>no</strong> superior éum fato razoavelmente recente, basicamente se concentrando <strong>no</strong>período 1998-2008. A segunda constatação é de que, a despeito desseritmo mais acelerado de crescimento da proporção de indivíduosque frequentavam o ensi<strong>no</strong> superior, a população que efetivamenteo faz ainda é proporcionalmente pouco significante.A decomposição daquele indicador pelos grupos de cor ouraça e sexo evidenciou que também ocorreram significativosaumentos <strong>das</strong> taxas brutas de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superiorde ambos os sexos. Assim, entre 1988 e 2008, a taxa bruta deescolaridade passou de 12,3% para 31,7% entre os homens brancos ede 3,1% para 13,0% entre os homens pretos & pardos. Já <strong>no</strong> caso dapopulação feminina, os indicadores subiram de 12,4% para 39,9%entre as brancas e de 4,1% para 20,0% entre as pretas & par<strong>das</strong>.Desse modo, naquele último a<strong>no</strong>, a diferença na taxa bruta deescolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior entre os homens brancos e pretos& pardos era de 18,7 pontos percentuais, favorável aos primeiros.Lida em termos proporcionais, a diferença chegava a 144,1%. Jána comparação entre as pessoas do sexo femini<strong>no</strong>, as mulheresbrancas, vis-à-vis as mulheres pretas & par<strong>das</strong>, apresentaram umataxa bruta de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior mais elevada em19,9 pontos percentuais. Lida em termos proporcionais, nesteúltimo caso, a taxa bruta de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior <strong>das</strong>brancas era quase o dobro da mesma taxa verificada entre asmulheres pretas & par<strong>das</strong>.No a<strong>no</strong> de 2008, na comparação entre as mulheres brancas eos homens pretos & pardos, a taxa bruta de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>superior era superior, favoravelmente às primeiras, em 26,9 pontospercentuais. No mesmo período, a taxa bruta de escolaridade doshomens brancos, comparativamente às mulheres pretas & par<strong>das</strong>,era superior em 11,7 pontos percentuais.De acordo com dados da PNAD, a taxa líquida de escolaridade<strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior, entre 1988 e 2008, passou de 5,2% para13,7% para os jovens daquele intervalo etário como um todo,correspondendo a uma elevação de 8,5 pontos percentuais ou,em termos proporcionais, de 164,4%. Entre a população branca, oindicador evoluiu de 7,7% para 20,5%, ou seja, um incremento de12,8% pontos percentuais ou, em termos proporcionais, de 165,9%.Já entre a população preta & parda, o indicador evoluiu de 1,8% para7,7%, significando uma evolução de 5,9 pontos percentuais ou, emtermos relativos, de 321,6%.Lidos de forma invertida, aqueles indicadores querem dizerque, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1988, 92,7% dos jovens brancos em idade parafrequentar o ensi<strong>no</strong> superior (18 a 24 a<strong>no</strong>s) não o faziam. Entreos pretos & pardos, este mesmo indicador chegava perto de 100%.Vinte a<strong>no</strong>s depois, o indicador passou por um incremento, maso peso de jovens entre 18 e 24 a<strong>no</strong>s que não estavam em algumainstituição de ensi<strong>no</strong> superior ainda era de 86,3% na populaçãocomo um todo, de 79,5% entre os brancos e de 92,3% entre ospretos & pardos. Sem ironia, tais indicadores reforçam o sensocomum, existente na sociedade brasileira, de que a universidadenão é para todos.Tal como verificado quando do estudo da taxa bruta deescolaridade, <strong>no</strong> período específico de 1988 a 1998, a taxa líquidade escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior ficou quase inalterada.Na população como um todo, houve um avanço de 1,6 pontopercentual; entre os brancos, de 3,2 pontos percentuais; e, entre ospretos & pardos, de 0,2 ponto percentual. Ou seja, a despeito <strong>das</strong>irrisórias taxas líqui<strong>das</strong> de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior, mesmoem um período mais recente, o incremento ocorrido <strong>no</strong>s últimosvinte a<strong>no</strong>s se deu <strong>no</strong> lapso entre 1998 e 2008, quando o indicadordo conjunto dos jovens brasileiros obteve um incremento de 6,9pontos percentuais. No caso dos jovens brancos, o indicador,naquele lapso, evoluiu em 9,6 pontos percentuais e, <strong>no</strong> caso dosjovens dos pretos & pardos, o indicador apresentou um incrementode 5,6 pontos percentuais.No que diz respeito à evolução <strong>das</strong> desigualdades de cor ouraça verificada na taxa líquida de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior,observa-se que as mesmas cresceram progressivamente dentro dolapso de tempo que vem sendo estudado: 5,9 pontos percentuaisem 1988; 8,9 pontos percentuais em 1998; 12,8 pontos percentuaisem 2008.Alternativamente, caso o indicador acima seja analisado atravésde sua evolução em termos proporcionais, se observará que, entre1988 e 2008, a evolução da taxa líquida de escolaridade dos pretos& pardos (321,6%) se deu em um ritmo mais intensivo do que osbrancos (165,9%). Porém, deve-se salientar que aquele incrementodeve ser precisado à luz dos indicadores verificados <strong>no</strong> ponto departida da série, cujo indicador era especialmente ínfimo <strong>no</strong> casodos pretos & pardos. Talvez o melhor exemplo nesse sentido sejaque, em 2008, a taxa líquida de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior dospretos & pardos ainda fosse igual à taxa observada entre os jovensbrancos de vinte a<strong>no</strong>s antes.Quando a taxa líquida de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior édesagregada pelos grupos de cor ou raça e sexo, verifica-se que,em 2008, as jovens brancas entre 18 e 24 a<strong>no</strong>s de idade foramas que apresentaram as taxas mais eleva<strong>das</strong> (22,7%). No casodos jovens brancos, o indicador foi de 18,2%. Já a taxa líquidade escolaridade dos jovens pretos & pardos foi de 6,2%, <strong>no</strong> casodo contingente masculi<strong>no</strong>, e de 9,2% <strong>no</strong> caso do contingentefemini<strong>no</strong>.Na comparação entre a taxa líquida de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>superior dos jovens pretos & pardos e a dos jovens brancos, <strong>no</strong>a<strong>no</strong> de 2008, se observa que, proporcionalmente, o indicador dosprimeiros era apenas um terço do indicador dos segundos. Nacomparação entre as jovens brancas, por um lado, e pretas & par<strong>das</strong>,de outro, a diferença foi favorável às primeiras em 13,5 pontospercentuais ou, proporcionalmente, de 146,2%.Em 2008, a probabilidade de um jovem branco entre 18 e 24a<strong>no</strong>s frequentar uma instituição de ensi<strong>no</strong> superior era 97,8%superior à probabilidade de uma jovem preta & parda do mesmogrupamento etário se encontrar na mesma condição. Naquele a<strong>no</strong>,a probabilidade de uma jovem branca entre 18 e 24 a<strong>no</strong>s frequentaruma instituição de ensi<strong>no</strong> superior era 263,5% superior à de umjovem preto & pardo do mesmo intervalo de idade.Como já apontado na primeira edição do <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong><strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o crescimento da presença deestudantes pretos & pardos nas instituições de ensi<strong>no</strong> superior230 <strong>Relatório</strong> <strong>Anual</strong> <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>; <strong>2009</strong>-<strong>2010</strong>
ocorrido ao longo da segunda metade da década de 1990 e primeirada de 2000 pode ser parcialmente explicado pela progressivaadoção, por parte <strong>das</strong> universidades públicas, <strong>das</strong> políticas deação afirmativa <strong>no</strong> ingresso discente, bem como pelos crescentesincentivos, dados pelo Gover<strong>no</strong> Federal, à promoção do acesso dosestudantes ao ensi<strong>no</strong> superior, via instituições particulares, atravésdo Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Programa deFinanciamento Estudantil (Fies). Por outro lado, considerando-sea adoção destas políticas, esperava-se um aumento mais acentuadoda taxa bruta de escolaridade em 2008, comparativamente àstaxas registra<strong>das</strong> em 2006 (comenta<strong>das</strong> na primeira edição do<strong>Relatório</strong>). Naquele a<strong>no</strong>, a taxa bruta de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>superior foi de 30,7% entre os brancos e 12,1% entre os pretos &pardos. Portanto, <strong>no</strong> intervalo daqueles dois a<strong>no</strong>s, o indicador,entre os brancos, avançou 5,1 pontos percentuais e, entre os pretos& pardos, 4,3 pontos percentuais.Comparando-se as taxas líqui<strong>das</strong> de escolaridade de brancos epretos & pardos do a<strong>no</strong> de 2008 com as do a<strong>no</strong> de 2006, observa-seque houve um incremento na taxa líquida de escolaridade <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>superior, entre os jovens brancos, de 1,0 ponto percentual. Entre ospretos & pardos este avanço foi de 1,4 ponto percentual. Mais umavez, o fato é que, diante <strong>das</strong> lacunas que vieram se acumulando aolongo <strong>das</strong> gerações, tal incremento somente pode ser visto comosumamente insuficiente.6.7. Indicadores de rendimentoe oferta escolar <strong>no</strong> SaebPara aprofundar o estudo dos indicadores educacionais dapopulação brasileira, uma importante fonte de informaçõesestatísticas vem a ser o Sistema Nacional de Avaliação da EducaçãoBásica (Saeb), elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos ePesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educaçãoe Cultura (Inep/MEC).Dessa forma, nesta seção será utilizado o questionáriosocioeconômico do Saeb para se avaliar o grau de aproveitamentodos conteúdos educacionaispor parte dos alu<strong>no</strong>s doensi<strong>no</strong> fundamental e médioe as condições de oferta <strong>das</strong>escolas, mais especificadamente<strong>no</strong> que tange às condiçõesinfraestruturais e de segurançado espaço escolar.Vale salientar que osindicadores obtidos junto aoMEC permitem abordagens quevão além do acesso ao sistemade ensi<strong>no</strong>, mas que tambémremetem ao aproveitamentoescolar e às condições de estudo<strong>no</strong> espaço escolar. Portanto, oque estará sendo feito nestaseção será a leitura daquelasinformações desagrega<strong>das</strong> pelosgrupos de cor ou raça.Conforme salientado na Introdução deste <strong>Relatório</strong>, ascategorias de cor ou raça emprega<strong>das</strong> em cada base de informaçõesque seria analisada seriam manti<strong>das</strong> quando de sua exposiçãoescrita. Portanto, na base do Saeb, estas categorias são: branca,negra, parda/mulata, além de amarela e indígena. Visando mantera coerência com o que veio sendo exposto ao longo deste estudo,serão agrupa<strong>das</strong> em um único contingente as categorias “negro”e “pardo/mulato”.6.7.a. Distribuição segundo os gruposde cor ou raça <strong>no</strong> Saeb (gráfico 6.12.)O Saeb consiste em dois exames, de matemática e português,aplicados a cada dois a<strong>no</strong>s a uma amostra representativa dealu<strong>no</strong>s regularmente matriculados nas quarta e oitava séries doensi<strong>no</strong> fundamental e <strong>no</strong> terceiro a<strong>no</strong> do ensi<strong>no</strong> médio, de escolaspúblicas e particulares localiza<strong>das</strong> em áreas urbanas. Das escolaslocaliza<strong>das</strong> nas áreas rurais, somente são engloba<strong>das</strong> <strong>no</strong> exameas turmas da quarta série do ensi<strong>no</strong> fundamental.No gráfico 6.12, observa-se a distribuição segundo os gruposde cor ou raça dos alu<strong>no</strong>s que participaram da avaliação do Saebem 2005.Assim, naquele a<strong>no</strong>, a participação relativa dos alu<strong>no</strong>snegros & pardos/mulatos foi de 54,2% na quarta série do ensi<strong>no</strong>fundamental, de 52,4% na oitava série do mesmo nível de ensi<strong>no</strong>,e de 49,7% <strong>no</strong> terceiro a<strong>no</strong> do ensi<strong>no</strong> médio. Desagregando-se oindicador pela rede de ensi<strong>no</strong>, verifica-se que, na rede pública, osnegros & pardos/mulatos correspondiam a 55,9%, 55,3% e 52,7%dos estudantes daqueles três níveis de ensi<strong>no</strong>. Já <strong>no</strong> caso <strong>das</strong>escolas particulares, a participação relativa dos negros & pardos/mulatos correspondia, respectivamente, a 40,6%, 32,3% e 32,1%dos alu<strong>no</strong>s da rede particular da quarta e oitava séries do ensi<strong>no</strong>fundamental e terceiro a<strong>no</strong> do ensi<strong>no</strong> médio.À guisa de comparação, na PNAD 2005, os pretos & pardosrespondiam por 58,0%, 53,6% e 47,8% dos alu<strong>no</strong>s <strong>das</strong> três respectivasséries. Na rede pública, a presença relativa dos pretos & pardoscorrespondia a 60,7% <strong>no</strong> quarto a<strong>no</strong> do fundamental; a 56,4% <strong>no</strong>oitavo a<strong>no</strong> do fundamental; e a 51,4% do terceiro a<strong>no</strong> do ensi<strong>no</strong>Gráfico 6.12. Alu<strong>no</strong>s que participaram da avaliação do SAEB segundo composição de cor ou raça(brancos, negros & pardos/mulatos), <strong>Brasil</strong>, 2005 (em % dos participantes)Fonte: INEP/MEC, microdados SAEBTabulações LAESER: Fichário <strong>das</strong> <strong>Desigualdades</strong> <strong>Raciais</strong>Acesso ao sistema de ensi<strong>no</strong> e indicadores de proficiência 231
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