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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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vermelho e saboroso. Seus olhos negros brilhavam na penumbra. O<br />

noviço erguia-se e, surpreso, não sabendo se devia tremer ou rejubilarse,<br />

cruzava instintivamente as mãos sobre o peito. Mas a escrava<br />

avançava a passos lentos e, com as pálpebras descerradas, murmurava<br />

em voz baixa: “Tens medo de mim, belo estrangeiro? Trago-te a<br />

recompensa dos vencedores, o esquecimento das penas, a taça da<br />

felicidade. . .” O noviço hesitava; então, como que tomada de lassidão, a<br />

núbia sentava-se no leito e envolvia o estrangeiro com um olhar<br />

suplicante como uma longa chama úmida. Infeliz dele se ousasse tocála,<br />

se se inclinasse sobre aquela boca, se se inebriasse com os perfumes<br />

pesados que subiam daquelas espáduas bronzeadas. Uma vez que<br />

houvesse tomado aquela mão e molhado os lábios naquela taça, estaria<br />

perdido... e rolaria no leito preso num amplexo ardente. Mas, depois da<br />

satisfação selvagem do desejo, o líquido que bebera mergulhava-o num<br />

sono pesado. Ao despertar, via-se só, angustiado. A lâmpada lançava<br />

urna claridade fúnebre sobre o leito em desordem. Um homem estava de<br />

pé, diante dele. Era o hierofante, que lhe dizia:<br />

- Venceste as primeiras provas. Triunfaste sobre a morte, o fogo e<br />

a água; mas não soubeste vencer a ti mesmo. Tu, que aspiras às alturas<br />

do espírito e do conhecimento, sucumbiste à primeira tentação dos<br />

sentidos e tombaste no abismo da matéria. Quem vive escravo dos<br />

sentidos, vive nas trevas. Preferiste as trevas à luz; fica, pois, nas trevas.<br />

Eu te adverti dos perigos aos quais te expunhas. Salvaste tua vida, mas<br />

perdeste a liberdade. Permanecerás, sob pena de morte, escravo do<br />

templo.<br />

Se, ao contrário, o aspirante houvesse derramado a taça e repelido<br />

a tentadora, doze neócoros armados de tochas vinham cercá-lo para<br />

conduzi-lo triunfalmente ao santuário de Ísis, onde os magos em<br />

semicírculo e vestidos de branco aguardavam-no em assembléia<br />

plenária. No fundo do templo esplendidamente iluminado, ele percebia<br />

a estátua colossal de Ísis em metal fundido, uma rosa de ouro ao peito e<br />

coroada de um diadema de sete raios de luz, trazendo nos braços o filho<br />

Hórus. Diante da deusa, o hierofante vestido de púrpura recebia o<br />

neófito e, sob as mais terríveis imprecações, mandava-o fazer o

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