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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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Ele viu o rude asceta, peludo e cabeludo, com sua cabeça de leão<br />

visionário, de pé em um púlpito de madeira sob um tabernáculo rústico<br />

coberto de ramagens e peles de cabras. Em volta dele, entre os magros<br />

arbustos do deserto, uma multidão estava acampada: peões, soldados de<br />

Herodes, samaritanos, levitas de Jerusalém, idumeus com seus rebanhos<br />

de carneiros, até árabes estavam lá com seus camelos, tendas e<br />

caravanas, por causa da “voz que retumbava no deserto”. E essa voz<br />

tonitruante rolava sobre aquela multidão, dizendo: “Emendai-vos,<br />

preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas”. Dizia que os<br />

fariseus e os saduceus eram “uma raça de víboras”. Proclamava que “o<br />

machado já estava na raiz das árvores” e referia-se ao Messias, dizendo:<br />

“Eu somente vos batizo com água, mas ele vos batizará com fogo”.<br />

Em seguida, ao pôr-do-sol, Jesus viu aquelas massas populares se<br />

apressarem na direção de um ancoradouro, às margens do Jordão, e<br />

mercenários de Herodes, até bandidos inclinarem-se sob a água que lhes<br />

derramava Batista. Ele mesmo aproximou-se. João não conhecia Jesus,<br />

nada sabia sobre ele, mas reconheceu o essênio por suas vestes de linho.<br />

Ele o viu, perdido na multidão, entrar na água até a cintura e curvar-se<br />

humildemente para receber a aspersão. Quando o neófito se levantou, o<br />

olhar temível do feroz pregador e o olhar do galileu se encontraram. O<br />

homem do deserto estremeceu sob a irradiação da doçura maravilhosa<br />

daquele olhar, e estas palavras escaparam-lhe involuntariamente: “Serás<br />

tu o Messias?” (8) O misterioso essênio nada respondeu, mas,<br />

inclinando a cabeça pensativa e cruzando as mãos sobre o peito, pediu<br />

ao Batista sua bênção. João sabia que o silêncio era a lei dos essênios<br />

noviços. Então, solenemente, estendeu as duas mãos. Depois o<br />

Nazareno desapareceu com seus companheiros entre os caniços às<br />

margens do rio.<br />

O Batista viu-o partir com uma mistura de dúvida, de alegria<br />

secreta e de melancolia profunda. Que eram sua ciência e sua esperança<br />

profética diante da luz que havia percebido nos olhos do desconhecido,<br />

luz que parecia iluminar todo o seu ser? Ah! Se o jovem e belo galileu<br />

fosse o Messias, ele teria visto a alegria de seus dias! E sua missão<br />

estaria terminada, sua voz iria calar-se! A partir daquele dia, ele pôs-se a

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