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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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201<br />

“Cibele! Cibele! Grande mãe, ouve-me! Luz original, chama ágil,<br />

etérea e sempre saltitante através dos espaços, que encerras os ecos e as<br />

imagens de todas as coisas! Invoco os teus corcéis fulgurantes de luz.<br />

Oh! alma universal, criadora dos abismos, semeadora de sóis, que<br />

arrastas pelo Éter teu manto estrelado! Luz sutil, oculta, invisível aos<br />

olhos da carne! Grande mãe dos Mundos e dos Deuses, tu, que encerras<br />

os tipos eternos! Antiga Cibele, a mim! a mim! Por meu cetro mágico,<br />

por meu pacto com as Potências, pela alma de Eurídice!. . . Eu te evoco,<br />

Esposa multiforme, dócil e vibrante sob o fogo do Macho eterno. Do<br />

mais alto dos espaços, do mais profundo dos abismos, de todas as partes<br />

vem, aflui, enche esta caverna com teus eflúvios. Cerca o filho dos<br />

Mistérios com uma muralha de diamante e faz que ele veja em teu seio<br />

profundo os Espíritos do Abismo, da Terra e dos Céus."<br />

A estas palavras, um trovão subterrâneo abalou as profundezas do<br />

abismo e toda a montanha tremeu. Um suor frio gelou o corpo do<br />

discípulo. Ele via Orfeu através de uma fumaça que aumentava. Por um<br />

instante tentou lutar contra a força terrível que o abatia. Mas seu cérebro<br />

ficou submerso, sua vontade anulada. Sentiu as angústias de um<br />

afogado que tem os pulmões entupidos de água e cuja horrível<br />

convulsão termina nas trevas da inconsciência.<br />

Quando recuperou a consciência, a noite reinava ao seu redor;<br />

uma noite atravessada por uma semiclaridade rasteira, amarelada,<br />

lodosa. Olhou por muito tempo sem nada ver. De quando em quando,<br />

sentia sua pele roçada como que por morcegos invisíveis. Afinal,<br />

vagamente, pareceu-lhe ver mexerem-se nas trevas formas monstruosas<br />

de centauros, hidras e górgonas. Mas a primeira coisa que percebeu,<br />

distintamente, foi uma grande figura de mulher, sentada num trono. Ela<br />

estava envolta num longo véu de pregas fúnebres, semeado de estrelas<br />

pálidas, e trazia uma coroa de papoulas. Seus grandes olhos, abertos,<br />

velavam imóveis. Massas de sombras humanas moviam-se à sua volta,<br />

como pássaros cansados, e segredavam à meia-voz:<br />

– “Rainha dos mortos, alma da terra. Perséfone! Nós somos filhas<br />

do céu. Por que estamos exiladas no sombrio reino? Oh! ceifeira do céu,

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