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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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194<br />

– Aqui ninguém sabe o nome de ninguém e cada um esquece o<br />

seu, pois, assim como na entrada do recinto sagrado os místicos deixam<br />

suas vestes sujas para se banharem no rio e depois vestirem roupas de<br />

puro linho, assim também cada um deixa seu nome para tomar outro.<br />

Durante sete dias e sete noites, passam por uma transformação e para<br />

outra vida. Olha toda essa procissão de mulheres. Elas não estão<br />

agrupadas segundo suas famílias e suas pátrias, mas de acordo com os<br />

Deuses que as inspiram.<br />

Viram desfilar jovens coroadas de narcisos, com túnicas azuladas,<br />

as quais; o guia chamava as ninfas companheiras de Perséfone. Elas<br />

traziam, castamente enlaçados em seus braços, cofres, urnas, vasos<br />

votivos. Depois vinham, em túnicas vermelhas, as amantes místicas, as<br />

esposas ardentes, as adoradoras de Afrodite. Penetraram num bosque<br />

escuro, de onde vinha o som de apelos violentos misturados a lânguidos<br />

soluços, que se acalmaram pouco a pouco. Depois, um coro apaixonado<br />

elevou-se do sombrio bosque de mirtas, e subiu aos céus em lentas<br />

palpitações: “Eros, tu nos feriste! Afrodite, tu quebraste os nossos<br />

membros! Cobrimos nosso seio com a pele do filhote de cervo, mas<br />

trazemos no peito a púrpura sangrenta de nossas feridas. Nosso coração<br />

é um braseiro devorador. Outras morrem de pobreza; mas é o amor que<br />

nos consome. Devora-nos, Eros! Eros! Ou liberta-nos, Dionísio!<br />

Dionísio!”<br />

Outra procissão avançou. Estas mulheres estavam completamente<br />

vestidas de lã negra, com longos véus arrastando no chão, e todas<br />

estavam desoladas por algum grande luto. O guia as chamou de as<br />

desoladas de Perséfone. Neste local existia um grande mausoléu de<br />

mármore recoberto de hera.<br />

Elas se ajoelharam em volta, desataram seus cabelos e soltaram<br />

altos gritos. À estrofe do desejo elas responderam com a estrofe da dor,<br />

clamando: “Perséfone, tu estás morta, arrebatada por Aidoneu; desceste<br />

ao império dos mortos. Mas, nós, que choramos o bem-amado, nós<br />

somos como que mortas-vivas. Que o dia não renasça. Que a terra que<br />

te cobre, oh! grande deusa, nos dê o sono eterno, e que nossa sombra<br />

erre enlaçada à sombra querida! Atende-nos, Perséfone! Perséfone!”

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