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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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<strong>Entre</strong>tanto, a Grécia de Orfeu, que tinha como intelecto uma pura<br />

doutrina guardada nos templos, como alma uma religião plástica e como<br />

corpo uma elevada corte de justiça centralizada em Delfos, essa Grécia<br />

começara a periclitar desde o sétimo século. As ordens de Delfos não<br />

eram mais respeitadas. Violavam-se os territórios sagrados. Isso porque<br />

a raça dos grandes inspirados havia desaparecido. O nível intelectual e<br />

moral dos templos decaíra. Os sacerdotes se vendiam aos poderes<br />

políticos. Os próprios Mistérios começaram a se corromper. O aspecto<br />

geral da Grécia havia mudado. À antiga realeza sacerdotal e agrícola<br />

sucediam, aqui, a tirania pura e simples, ali, a aristocracia militar, lá<br />

ainda, a democracia anárquica. Os templos tornaram-se impotentes para<br />

prevenir a dissolução ameaçadora. Necessitavam de uma ajuda nova.<br />

Uma vulgarização das doutrinas esotéricas fazia-se necessária. Para que<br />

o pensamento de Orfeu pudesse viver e se propagar com todo brilho, era<br />

preciso que a ciência dos templos passasse às ordens laicas. Ela se<br />

insinuou, pois, sob diversos disfarces, na mente dos legisladores civis,<br />

nas escolas dos poetas, sob o pórtico dos filósofos. Estes sentiram, em<br />

seu ensinamento, a mesma necessidade que Orfeu havia reconhecido<br />

para a religião, a necessidade de duas doutrinas: uma pública, outra<br />

secreta, que expusessem a mesma verdade, sob medidas e formas<br />

diferentes, próprias ao desenvolvimento de seus alunos. Esta evolução<br />

deu à Grécia seus três grandes séculos de criação artística e esplendor<br />

intelectual. Ela permitiu ao pensamento órfico, que é ao mesmo tempo o<br />

impulso primeiro e a síntese ideal da Grécia, concentrar toda sua luz e<br />

se irradiar por todo o mundo, antes que seu edifício político, minado<br />

pelas dissensões internas, fosse abalado pelos golpes da Macedônia,<br />

para desmoronar, enfim, sob o punho férreo de Roma.<br />

A evolução de que falamos teve muitos obreiros. Ela suscitou<br />

físicos como Tales, legisladores como Sólon, poetas como Píndaro,<br />

heróis como Epaminondas. Mas teve um chefe reconhecido como tal,<br />

um iniciado de primeira ordem, uma inteligência soberana, criadora e<br />

ordenadora: Pitágoras. Ele é o mestre da Grécia laica, como Orfeu é o<br />

mestre da Grécia sacerdotal. Ele traduz e continua o pensamento<br />

religioso de seu predecessor, aplicando-o aos novos tempos. Essa

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