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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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Se rejeitarmos as narrativas de João por terem tido redação<br />

definitiva cerca de cem anos após a morte de Jesus, e a de Lucas sobre<br />

Emaús como uma ampliação poética, restam-nos as afirmações simples<br />

e positivas de Marcos e de Mateus, que são a própria raiz da tradição e<br />

da religião cristã. Resta alguma coisa de mais sólido e de mais<br />

indiscutível ainda: o testemunho de Paulo. Querendo explicar aos<br />

coríntios a razão de sua fé e a base do Evangelho que prega, ele<br />

enumera, por ordem, seis aparições sucessivas de Jesus: a Pedro, aos<br />

onze, aos quinhentos, “cuja maior parte, diz ele, ainda está viva”, a<br />

Tiago, aos apóstolos reunidos e, finalmente, sua própria visão na estrada<br />

de Damasco. (14). Ora, esses fatos foram comunicados a Paulo pelo<br />

próprio Pedro e por Tiago, três anos depois da morte de Jesus, logo após<br />

sua conversão, por ocasião de sua primeira viagem a Jerusalém. Ele os<br />

ouviu, pois, de testemunhas oculares. Afinal, de todas essas visões a<br />

mais incontestável não é a menos extraordinária; refiro-me à do próprio<br />

Paulo. Em suas epístolas, ele a menciona a todo momento como a fonte<br />

de sua fé. Tendo-se em vista o estado psicológico precedente de Paulo e<br />

a natureza de sua visão, ela vem de fora e não de dentro. Ela tem um<br />

caráter inesperado e fulminante, mudando o âmago de seu ser<br />

completamente. Como um batismo de fogo, tempera-o dos pés à cabeça<br />

e o reveste de uma armadura infrangível, fazendo dele, diante do<br />

mundo, o cavaleiro invencível de Cristo.<br />

Assim, o testemunho de Paulo tem uma dupla força, enquanto ele<br />

afirma sua própria visão e corrobora as dos outros. Se duvidarmos da<br />

sinceridade de semelhantes afirmações, seria necessário rejeitar em<br />

massa todos os testemunhos históricos e renunciar a escrever a história.<br />

Acrescente-se que, se não há história crítica sem uma pesagem<br />

exata e uma triagem racional de todos os documentos, não há história<br />

filosófica se não se concluir a grandeza dos efeitos a partir da grandeza<br />

das causas. Pode-se, com Celso, Strauss e M. Renan, não atribuir<br />

qualquer valor objetivo à ressurreição e considerá-la como um<br />

fenômeno de pura alucinação. Mas nesse caso somos forçados a<br />

fundamentar a maior revolução religiosa da humanidade sobre uma<br />

aberração dos sentidos e sobre uma quimera do espírito. (15). Ora, que

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