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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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em que ele quase caíra era menos negro do que a insondável verdade; o<br />

fogo que atravessara era menos temível do que as paixões que<br />

queimavam ainda sua carne; a água gelada e tenebrosa onde tivera de<br />

mergulhar era menos fira do que a dúvida em que seu espirito<br />

naufragava e se arruinava nas horas más.<br />

Em uma das salas do Templo se estendiam, em duas filas, aquelas<br />

mesmas pinturas sagradas, cujo sentido tinham-lhe explicado na cripta<br />

durante a noite das provas, e que representavam os vinte e um arcanos.<br />

Esses arcanos, que se deixavam entrever no limiar da ciência oculta,<br />

eram as próprias colunas da teologia; mas era preciso ter atravessado<br />

toda a iniciação para compreendê-los. Depois, nenhum dos mestres<br />

tornara a falar-lhe deles. Permitiam-lhe somente passear naquela sala,<br />

meditar sobre aqueles sinais. Ele aí passava longas horas solitárias. Por<br />

aquelas figuras castas como a luz, graves como a Eternidade, a invisível<br />

e impalpável verdade se infiltrava lentamente no coração do neófito. Na<br />

muda sociedade daquelas divindades silenciosas e sem nome, cada uma<br />

das quais parecia presidir a uma esfera da vida, ele começava a<br />

experimentar algo de novo: primeiro uma descida ao fundo do seu ser,<br />

depois, uma espécie de desligamento do mundo que o fazia pairar acima<br />

das coisas. Às vezes, ele perguntava a um dos magos: “Ser-me-á<br />

permitido um dia respirar a rosa de Ísis e ver a luz de Osíris?”<br />

Respondiam-lhe: “Isto não depende de nós. A verdade não se dá. É<br />

encontrada em si mesma ou não é encontrada. Nós não podemos fazer<br />

de ti um adepto, é preciso torná-lo por ti mesmo. O lótus pulsa sob as<br />

águas do rio por muito tempo, antes de desabrochar. Não apresses a<br />

eclosão da flor divina. Se ela deve vir, virá no dia certo. Trabalha e<br />

ora!”<br />

E o discípulo voltava aos estudos, às meditações, com uma alegria<br />

triste. Ele sentia o encanto austero e suave daquela solidão que passava<br />

como um sopro do ser dos seres. Assim corriam os meses, os anos. E<br />

ele percebia operar-se em si uma transformação lenta, uma metamorfose<br />

completa. As paixões que haviam assediado sua juventude se afastavam<br />

como sombras, e os pensamentos que o acometiam agora sorriam-lhe<br />

como amigos imortais. O que ele experimentava por momentos era o

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