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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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Depois abandonou o cinzel, dizendo que gostava mais de esculpir sua<br />

alma do que o mármore. A partir desse momento, consagrou sua vida à<br />

busca da sabedoria. Era visto no ginásio, em praças públicas e no teatro,<br />

conversando com os jovens, os artistas, os filósofos e perguntando a<br />

cada um a razão daquilo que afirmava.<br />

Já há alguns anos os sofistas tinham-se abatido como uma nuvem<br />

de gafanhotos sobre a cidade de Atenas. O sofista é a falsificação e a<br />

negação viva do filósofo, como o demagogo é a falsificação do homem<br />

de Estado, o hipócrita é o oposto do sacerdote, a magia-negra é a<br />

falsificação infernal da verdadeira iniciação. O tipo grego do sofista é<br />

mais sutil, mais raciocinador, mais corrosivo do que os outros. Mas o<br />

gênero pertence a todas as civilizações decadentes. Os sofistas ali<br />

pululam, tão inevitavelmente quanto os vermes em um corpo em<br />

decomposição. Chamem-se eles ateus, niilistas ou pessimistas, os<br />

sofistas de todos os tempos se parecem. Sempre negam Deus e a Alma,<br />

ou seja, a Verdade e a Vida supremas. Os sofistas do tempo de Sócrates,<br />

os Górgias, os Pródicus e os Protágoras, diziam que não existe diferença<br />

entre a verdade e o erro. Empenhavam-se em provar qualquer idéia e o<br />

seu contrário, afirmando que só há uma justiça, a força; que só há uma<br />

verdade, a opinião do indivíduo. Com essas idéias, contentes consigo<br />

mesmos, espertos, cobrando muito caro suas lições, impeliam os jovens<br />

para o deboche, para a intriga e para a tirania.<br />

Sócrates aproximava-se dos sofistas com sua doçura insinuante,<br />

sua fina bonomia, como se fosse um ignorante que quisesse instruir-se.<br />

Seu olhar brilhava com humor e benevolência. Depois, de pergunta em<br />

pergunta, forçava-os a afirmar o contrário do que tinham pretendido no<br />

início e a confessar implicitamente que nem sabiam de que estavam<br />

falando. Sócrates demonstrava em seguida que os sofistas não<br />

conheciam a causa nem o princípio de nada, embora pretendessem<br />

possuir a ciência universal. Após tê-los assim reduzido ao silêncio, não<br />

se vangloriava de sua vitória, mas, sorrindo, agradecia a seus<br />

adversários terem-no instruído com suas respostas, acrescentando que<br />

reconhecer que nada se sabe é o começo da verdadeira sabedoria.

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