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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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208<br />

maléfico. Ela queria arrebatar a jovem para o culto das Bacantes,<br />

dominá-la, entragá aos gênios infernais, depois de ter fenecido sua<br />

juventude. Ela já a tinha envolvido com suas promessas sedutoras, com<br />

seus sortilégios noturnos.<br />

“Eu mesmo, atraído por um pressentimento desconhecido para o<br />

vale de Hécate, caminhava um dia entre os arbustos de uma campina<br />

cheia de plantas venenosas. Mas, de todos os lados reinava o horror dos<br />

bosques sombrios freqüentados pelas Bacantes. Perfumes exalavam ali<br />

por baforadas, como o quente hálito do desejo. Foi então que vi<br />

Eurídice. Ela caminhava lentamente, sem me ver, na direção de um<br />

antro, como que fascinada por um alvo invisível, Às vezes, um riso<br />

ligeiro saía do bosque das Bacantes, às vezes, um suspiro estranho.<br />

Eurídice detinha-se trêmula, indecisa, e depois recomeçava sua<br />

caminhada, como que atraída por um poder mágico. Seus cachos de<br />

ouro tremulavam sobre as espáduas alvas, seus olhos de narciso<br />

nadavam na embriaguez, enquanto ela caminhava para a boca do<br />

inferno. Mas eu tinha visto o céu adormecido em seu olhar. −Eurídice!<br />

− gritei, tomando-lhe a mão. − Aonde vais? − Como que despertada de<br />

um sonho, ela soltou um grito de horror e de libertação, depois caiu<br />

sobre meu peito. Foi neste momento que o divino Eros nos dominou e,<br />

por um olhar, Eurídice-Orfeu foram esposos para sempre.<br />

“Então, Eurídice, que me tinha enlaçado em seu desespero,<br />

mostrou-me a gruta com um gesto de pavor. Dela me aproximei e ali vi<br />

uma mulher sentada. Era Aglaonice. Junto dela, uma pequena estátua de<br />

Hécate em cera, pintada de vermelho, branco e preto, segurando um<br />

chicote. Ela murmurava palavras encantadas, fazendo girar a rodinha<br />

mágica, e seus olhos, fixos no vazio, pareciam devorar a presa. Eu<br />

quebrei a rodinha, esmigalhei a estátua de Hécate a meus pés e, ferindo<br />

a mágica com o olhar, gritei:<br />

– Por Júpiter, proíbo-te de pensares em Eurídice, sob pena de<br />

morte! Pois fica sabendo, os filhos de Apolo não têm medo de ti.<br />

“Aglaonice, aturdida, retorceu-se como uma serpente ante meu<br />

gesto, e desapareceu em sua caverna lançando-me um olhar de ódio<br />

mortal.

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