13.04.2013 Views

OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

209<br />

“Levei Eurídice para as proximidades de meu templo. As virgens<br />

do Ebro, coroadas de jacinto, cantaram ao redor de nós: Himeneu!<br />

Himeneu! E conheci a felicidade.<br />

“A Lua só mudara três vezes quando uma Bacante, compelida<br />

pela Tessaliana, apresentou a Eurídice uma taça de vinho que lhe daria,<br />

dizia ela, a ciência dos filtros e das ervas mágicas. Eurídice, curiosa,<br />

bebeu-a e caiu fulminada. A taça continha um veneno mortal!<br />

“Quando vi a pira consumir Eurídice; quando vi o túmulo tragar<br />

suas cinzas; quando a última lembrança de sua forma viva desapareceu,<br />

gritei: “Onde está sua alma?” Parti desesperado. Errei por toda a Grécia.<br />

Supliquei sua evocação aos sacerdotes da Samotrácia. Busquei-a nas<br />

entranhas da terra, no cabo Tênaro. Mas foi tudo em vão. Finalmente,<br />

cheguei ao antro de Trofônio. Lá, alguns sacerdotes conduzem os<br />

visitantes temerários por uma fenda, até os lagos de fogo que borbulham<br />

no interior da Terra, e os fazem ver o que lá se passa. No caminho,<br />

sempre andando, entra-se em êxtase, e a segunda visão se apresenta.<br />

Mal se respira, a voz sai estrangulada e só se pode falar por meio de<br />

sinais. Uns recuam no meio do caminho, outros persistem e morrem<br />

sufocados; a maioria dos que saem vivos ficam loucos. Depois de ter<br />

visto o que nenhuma boca deve repetir, regressei à gruta e caí numa<br />

profunda letargia. Durante aquele sono de morte, apareceu-me Eurídice.<br />

Ela flutuava em um nimbo, pálida como um raio de luz lunar, e me<br />

disse: “Por mim enfrentaste o inferno e me procuraste entre os mortos.<br />

Eis-me aqui, atendo a teu apelo. Eu não habito o seio da Terra, mas a<br />

região de Erebo, o cone de sombra entre a Terra e a Lua. Eu turbilhono<br />

neste limbo chorando como tu. Se queres me libertar, salva a Grécia,<br />

dando-lhe a luz. Então eu, reencontrando minhas asas, subirei para os<br />

astros, e tu me verás na luz dos Deuses. Até lá, é preciso que eu fique<br />

vagando na esfera confusa e dolorosa. . .” Três vezes quis abraçá-la; três<br />

vezes ela dissipou-se em meus braços, como sombra. Ouvi apenas uma<br />

espécie de som de uma corda que se dilacera. Depois, uma voz fraca<br />

como um sopro, triste como um beijo de adeus, murmurou: Orfeu!...<br />

“Aquela voz me despertou. Este nome pronunciado por uma alma<br />

transformara meu ser. Senti passar por mim o estremecimento sagrado

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!