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OS GRANDES INICIADOS - Entre Irmãos

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música festiva, e o inimigo, triunfante, literalmente dançar sobre as<br />

ruinas da pátria. Depois vieram os trinta tiranos e suas proscrições.<br />

Esses espetáculos entristeceram a alma juvenil de Platão, mas não<br />

conseguiram perturbá-la. Aquela alma era tão doce, tão límpida, tão<br />

aberta quanto a abóbada do céu acima da Acrópole. Platão era um<br />

jovem de elevada estatura, ombros largos, grave, concentrado, quase<br />

sempre silencioso. Mas, quando falava, uma sensibilidade delicada, uma<br />

doçura encantadora emanavam de suas palavras. Nele nada havia de<br />

saliente, nada de excessivo. Suas aptidões variadas dissimulavam-se<br />

como que fundidas na harmonia superior de seu ser. Uma graça alada,<br />

uma modéstia natural ocultavam a seriedade de seu espírito. Uma<br />

ternura quase feminina servia de véu para a firmeza de seu caráter. Nele<br />

a virtude se revestia de um sorriso; o prazer, de uma castidade ingênua.<br />

Contudo, o que constituía a marca dominante, extraordinária,<br />

única, daquela alma, é que, ao nascer, ela parecia ter concluído um<br />

pacto misterioso com a Eternidade. Sim, somente as coisas eternas<br />

pareciam vivas para seus grandes olhos; as outras ali passavam como<br />

vãs aparências em um espelho profundo. Por trás das formas visíveis,<br />

mutáveis, imperfeitas, do mundo e dos seres, apareciam-lhe as formas<br />

invisíveis, perfeitas, para sempre radiantes, destes mesmos seres, que o<br />

espírito vê e que são seus modelos eternos. Eis por que o jovem Platão,<br />

sem ter formulado sua doutrina, sem mesmo saber que um dia seria<br />

filósofo, tinha já consciência da realidade divina do Ideal e de sua<br />

onipresença. Eis por que, vendo passarem as mulheres, os carros<br />

fúnebres, os exércitos, as festas e os lutos, seu olhar parecia ver outra<br />

coisa e dizer: “Por que choram eles e por que gritam de alegria? Eles<br />

acreditam ser e não são. Por que não consigo ligar-me ao que nasce e ao<br />

que morre? Por que só posso amar o Invisível, que não nasce e não<br />

morre jamais, e que existe sempre?"<br />

Amor e Harmonia: eis o fundo da alma de Platão. Mas, qual<br />

Harmonia e qual Amor? O Amor pela Beleza eterna e pela Harmonia<br />

que abrange o Universo. Quanto mais a alma é grande e profunda, mais<br />

necessita de tempo para se conhecer a si mesma. Seu primeiro<br />

entusiasmo dirigiu-se para as Artes. Ele era de origem nobre, pois seu

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