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guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

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112 _______________________________________________ REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS<br />

Decerto, gosto, tiro estímulo <strong>de</strong> ver que sou lido e sentido tanto, aí,<br />

pulsadamente, por espíritos parentes, <strong>de</strong> escolha gran<strong>de</strong>, Mas, principalmente,<br />

por gente minha, daí. Dessa parte vasta <strong>de</strong> Minas, nossa, que puxa sempre o<br />

afeto da gente, em apertos concêntricos. CURVELO, por exemplo (e como<br />

Você disse bem: “capital do país” <strong>de</strong> meus livros, ponto nuclear <strong>de</strong>ssa paisagem<br />

terrestre e humana que amo), é para mim uma amiza<strong>de</strong>, um exemplo e um<br />

símbolo. De clarida<strong>de</strong>, firmeza, otimismo, franqueza, coragem, valor. Por isto,<br />

mesmo, nem sei dizer-lhe como exultei com o que me adianta: a gene<strong>rosa</strong> idéia<br />

<strong>de</strong> darem, lá, o meu nome a uma rua. Júbilo <strong>de</strong> bom orgulho. De Curvelo, até a<br />

poeira vermelha enriquece a minha imaginação. Curvelo, sempre a senti bem<br />

junto com Cordisburgo. Vocês são nobres, gran<strong>de</strong>s, como gran<strong>de</strong> há <strong>de</strong> ser a<br />

minha gratidão.<br />

Já, quanto a homenagem, com a minha presença – e como me sentirei<br />

fortemente feliz <strong>de</strong> lá po<strong>de</strong>r ir, em qualquer tempo – teremos <strong>de</strong> conversar. Não<br />

saberia dizer quando me vai ser possível fazer essa viagem. Por vários motivos,<br />

<strong>de</strong> compromissos <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres aqui, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, este ano ela não seria,<br />

<strong>de</strong> todo exequível,<br />

Porque, tendo <strong>de</strong>ixado acumular muita ausência, ver-me-ia obrigado, na<br />

ocasião, a passar também por Sete Lagoas, Cordisburgo, e outros lugares<br />

queridos, com os quais tomei compromisso. Teria <strong>de</strong> ir a Itaguara. A Paraopeba,<br />

A várias fazendas <strong>de</strong> parentes. A Barbacena. E, tudo isto, não contando<br />

os dias que teria <strong>de</strong> passar em Belo Horizonte, que seriam, calculando por<br />

baixo, pelo menos uma quinzena, dias que <strong>de</strong> há muito, já estou <strong>de</strong>vendo. Veja,<br />

só. De tudo isso, tão bom, tão do coração, não po<strong>de</strong>ria me esquivar; e os prazos<br />

me asfixiam. Tudo terá <strong>de</strong> ficar, pois, para os meados do ano que vem. É o que,<br />

sincero, sinto.<br />

Mas, como Você me anuncia, hei <strong>de</strong> vê-lo, <strong>de</strong>ntro em breve, por aqui.<br />

Venha ver-me, no Itamaraty, on<strong>de</strong> mourejo quase as 24 horas <strong>de</strong> cada dia. Terei<br />

prazer puro. (Já da outra vez, lembro-me fiquei com pena <strong>de</strong> não nos<br />

avistarmos, conforme disse à nossa amiguinha Staël Alves Pequeno.) E, então,<br />

abraçarei, sempre grato, êsse “curvelano <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> cem anos, Mascarenhas,<br />

Diniz, e Ferreira <strong>de</strong> Traíras”, com outro possante, sincero abraço, como êste,<br />

que vai aqui,<br />

do<br />

seu<br />

Guimarães Rosa

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