guimarães rosa - Academia Mineira de Letras
guimarães rosa - Academia Mineira de Letras
guimarães rosa - Academia Mineira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Minas Libertária __________________________________________________________________ Patrus Ananias 155<br />
para que a <strong>de</strong>mocracia se mantenha, é essencial o fortalecimento dos partidos<br />
políticos, dos movimentos sociais, e que esses canais possam explicitar projetos<br />
e concepções. Caso contrário, corremos o risco <strong>de</strong> cair em uma nova espécie <strong>de</strong><br />
ditadura ou <strong>de</strong> constrangimento que é a ditadura do pensamento único, um<br />
pensamento que se preten<strong>de</strong> hegemônico e dono da verda<strong>de</strong>. Como sabemos<br />
que ninguém é dono da verda<strong>de</strong>, alcançamos patamares superiores <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>s<br />
possíveis exatamente no embate <strong>de</strong>mocrático das idéias, dos projetos,<br />
que se traduzem também em experiências concretas no exercício do po<strong>de</strong>r<br />
político.<br />
Fiel a esse tradicional traço mineiro, segue extensa a lista dos <strong>de</strong>stacados<br />
<strong>de</strong>fensores da liberda<strong>de</strong>. Lembro-me ainda que tivemos em Minas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
64, o testemunho exemplar do já mencionado professor Edgar da Mata<br />
Machado. No dia do golpe, 31 <strong>de</strong> março/1º <strong>de</strong> abril, ele renuncia à Secretaria do<br />
Trabalho e Cultura Popular, dizendo ao então governador Magalhães Pinto que<br />
estava no governo representando os trabalhadores, os estudantes e, como os<br />
trabalhadores e estudantes começaram a ser perseguidos nas suas li<strong>de</strong>ranças<br />
maiores, outro caminho não lhe restava senão acompanhá-los. Disse: “Eu fico<br />
com meu filho, José Carlos da Mata Machado”, que <strong>de</strong>pois foi sacrificado pela<br />
ditadura, morreu sob tortura e sua memória fica em homenagem aos muitos<br />
brasileiros que resistiram à ditadura pela via revolucionária. Também outros<br />
mineiros ilustres com forte experiência política, como Tancredo Neves, optaram<br />
pelo caminho da oposição e resistência <strong>de</strong>mocrática.<br />
Minas produziu uma figura extraordinária como Dazinho, lí<strong>de</strong>r sindical<br />
dos mineiros <strong>de</strong> Nova Lima. Quando eleito <strong>de</strong>putado estadual pelos trabalhadores,<br />
optou por exercer o mandato com o salário que ganhava na mina,<br />
mantendo sua condição <strong>de</strong> operário e homem pobre. Foi preso, junto com<br />
outros dois <strong>de</strong>putados operários – Clodsmith Riani e Sinval Bambirra – e,<br />
<strong>de</strong>pois que saiu da ca<strong>de</strong>ia, continuou militando sempre com uma fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong><br />
rigo<strong>rosa</strong> ao seu compromisso com os pobres, com os trabalhadores, com a<br />
justiça social, militando no Partido dos Trabalhadores, em movimentos sociais<br />
e também ligados à Igreja.<br />
Na retomada do movimento sindical nos anos 1970, Minas <strong>de</strong>u várias<br />
contribuições. Com os jornalistas, temos Dídimo Paiva; entre os metalúrgicos a<br />
atuação <strong>de</strong> João Paulo Pires <strong>de</strong> Vasconcelos a partir <strong>de</strong> João Monleva<strong>de</strong>; entre<br />
os professores o hoje ministro Luiz Dulci, junto com tantas outras jovens<br />
li<strong>de</strong>ranças do movimento.<br />
Não há dúvidas <strong>de</strong> que uma coisa importante é a dimensão mineira da<br />
escuta, do diálogo, da p<strong>rosa</strong> universal, da dimensão da tolerância, firmada em