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guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

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Bracher, a arte e os enigmas entre o homem e o artista _________________________________ Mauro Werkema 229<br />

entre a sensibilida<strong>de</strong> (sistema límbico) e o intelecto (córtex)”, diz Daniel Piza<br />

em comentário crítico ao artigo “Argumentação contra a morte da arte”, <strong>de</strong><br />

Ferreira Gullar. E avança: quando a imagem chega à retina, aciona reação<br />

neural e química cerebral. E afirma: “Disso se conclui, por exemplo, que como<br />

o olho possui estrutura harmônica, não é à toa que temos um senso harmônico,<br />

um gosto pela harmonia”. A presença <strong>de</strong>sta “harmonia” – vista como relações<br />

simétricas e a opção pela linha reta ou com a exatidão entre o real e o retratado<br />

– com o classicismo e o impressionismo, têm sido motivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> discussão<br />

na teoria da arte. De toda esta questão, Merleau-Ponty nos dá leituras profundas<br />

na sua obra sobre a relação entre o vi<strong>de</strong>nte e o visível, em especial em O olho e<br />

o espírito e O visível e o invisível.<br />

Em Bracher, a arte é um gran<strong>de</strong> “exercício humano e espiritual”. Demonstra<br />

a beleza e o mistério do espírito humano, em que “a sensibilida<strong>de</strong>,<br />

como capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber e emocionar-se”, é condição fundamental: “É o<br />

ato inaugural”, diz Bracher. “Po<strong>de</strong> ser aprimorado pela cultura”, diz, mas com a<br />

advertência <strong>de</strong> que o processo educacional nunca po<strong>de</strong>rá ser autoritário ou<br />

limitativo das eclosões instintivas. Na boa escola <strong>de</strong> arte, o aluno <strong>de</strong>ve<br />

suplantar o professor, indo além dos processos <strong>de</strong> padronização e universalização,<br />

ou <strong>de</strong> implantar um conhecimento único, características inerentes ao que<br />

se chama educar. “Os eixos culturais são nossos signos condicionantes. Mas<br />

que precisam ser <strong>de</strong>tonados para se conseguir em canais <strong>de</strong> expressão. É algo<br />

que tem a ver com a afirmativa <strong>de</strong> que cante sua província e serás universal, se<br />

mantida a sua singularida<strong>de</strong> ou matricida<strong>de</strong>”.<br />

O artista será sempre um ser em perplexida<strong>de</strong>: “Tem uma dor permanente<br />

<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> não ser o que gostaria <strong>de</strong> ser. Vive momentos <strong>de</strong> tristeza e<br />

alegria, ambos sendo condição para a arte”. Mas não será possível irromper o<br />

processo criativo sem “a <strong>de</strong>sconstrução, palavra-chave do nosso mundo em<br />

transformação, que só se realiza a partir <strong>de</strong> um “inconformismo”, gerador <strong>de</strong><br />

energia interna, que se exterioriza em impulsos criativos”. É algo como <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r-se<br />

do padronizado, do comum, propiciando a paixão explosiva.<br />

Com uma nova trajetória artística, Carlos Bracher trabalha intensamente.<br />

Escreveu um “roteiro da sensibilida<strong>de</strong>” sobre Ouro Preto, com pinturas em<br />

guache expressando sua visão sobre a velha cida<strong>de</strong>. Completou a Série Brasília<br />

e publicou livro com texto e pinturas exaltando a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juscelino, Niemeyer<br />

e Lúcio Costa. Realizou exposições, nos últimos três meses, no Museu da<br />

República, em Brasília, na Abadia <strong>de</strong> Neumünster, em Luxemburgo, no Palácio<br />

dos Governadores, em Bruges, na Bélgica, na Galeria da Embaixada Brasileira,<br />

em Buxelas, e prepara mostras em Frankfurt, Zürich, Oslo e Praga.

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