15.04.2013 Views

guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

164 _______________________________________________ REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS<br />

O mineiro que Nemésio i<strong>de</strong>ntifica é principalmente o das pequenas<br />

cida<strong>de</strong>s coloniais, aquelas on<strong>de</strong> a tradição portuguesa se encontra arraigada<br />

pela tradicionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> vida que pouco mudaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século<br />

XVIII e que, nos idos <strong>de</strong> 1952, ainda são <strong>de</strong> difícil acesso. Em Ouro Preto –<br />

“Vila Rica do Ouro Preto, a mais viva entre todas as cida<strong>de</strong>s mortas do Mundo”<br />

– Vitorino Nemésio encontra o Portugal antigo, quer pessoal quer coletivo:<br />

“Os sinos <strong>de</strong> Ouro Preto soam-me com o timbre <strong>de</strong> menino, do outro<br />

lado da vida. (...) Estou em Minas Gerais, e é como se estivesse num Portugal<br />

cal<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> vilas do Norte e do Sul. A ponte, à Casa dos Contos, parece<br />

esten<strong>de</strong>r-se sobre o Tâmega e colocar-nos na vila <strong>de</strong> Amarante. A rua do Con<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Boba<strong>de</strong>la, que trepa ao Largo do Paço (Tira<strong>de</strong>ntes), parece <strong>de</strong> Montemor-o-<br />

Novo, quando se vai para Évora. Não fora este ar <strong>de</strong> Calvário abolido e sentiame<br />

no Minho ou no Alentejo.”<br />

Vinte anos <strong>de</strong>pois, em 1972, a mesma imagem ainda vai aparecer:<br />

“E Minas? – perguntarão. E as Gerais? Pois Minas Gerais mantinha-se –<br />

sulina sim, mas reclusa, aportuguesada no seu Rio das Velhas e no seu Rio das<br />

Contas, em sua Vila Rica, meta<strong>de</strong> como que Amarante, e Montemor-o-Novo a<br />

outra meta<strong>de</strong>...”.<br />

Em cada cida<strong>de</strong>zinha que visita, Nemésio encontra Portugal:<br />

“Sabará é tão nobre como a Viseu dos corregedores.”<br />

“Estamos numa antiga Vila Real, como a <strong>de</strong> Trás-os-Montes ou a <strong>de</strong><br />

Santo António da Riba do Guadiana. Esta é Vila Real <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Conceição <strong>de</strong> Sabará (...)”<br />

“Mariana parece-me uma espécie da nossa Lousã, a cavalo entre a serra e<br />

a baixada.”<br />

Esta idéia <strong>de</strong> permanência, tradicionalida<strong>de</strong>, informa o comentário<br />

agridoce que faz <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma visita a uma famosa instituição ouro-pretana, e<br />

no qual traz Belo Horizonte à baila, para comparação, num contexto em que o<br />

nome <strong>de</strong> Nova Iorque também é lembrado:<br />

“Na Escola <strong>de</strong> Minas – que o estudo entranhado e o saber politécnico dos<br />

primeiros mestres, franceses, fez mo<strong>de</strong>lar e oposta ao êxodo progressivo das

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!